quarta-feira, 10 de abril de 2013

Violão: da Babilônia ao XX

   Violão

   O violão é considerado um instrumento de cordas tangidas e suas origens não são muito claras. Numa gravura babilônica do ano 1900 a.C. aparecem vários instrumentos de duas ou mais cordas, que apresentam o típico pescoço da família do violão.
   Com uma longa história, alguns pesquisadores preferem centrar-se em civilizações mais próximas ao tentar traçar a história do instrumento, sendo assim, uma hipótese é vinculá-lo a Pandura ou Trichordon presente na Grécia Antiga. Outros acreditam que chegue até a Lira do antigo Egito conhecida como Kithara. Contudo, uma das teorias que se impôs com mais força defende que o violão é derivado do Barbat, um antecessor do Alaúde Árabe. Mas todas as tentativas para estabelecer quais foram as origens do instrumento o associam ao Alaúde, cuja presença é mais antiga.
   O violão moderno ou clássico desenvolveu-se a partir dos alaúdes de braço curto que apareceram na Ásia Central durante o século IV e III a.C.
   Muitas figuras dos milênios seguintes mostram instrumentos com características parecidas com o violão. Porém, o violão, como é hoje conhecido, tem suas raízes no Renascimento.

   Vihuela

   Um dos mais significativos precursores do violão é a Vihuela, um instrumento de cordas tangidas com seis ou sete cordas duplas, popular nos séculos XV e XVI.
   A Vihuela é associada intimamente à Espanha e áreas sob sua influência, embora tenha sido usada também na Itália e em Portugal.
por Bernadino Pinturicchio, 1493, Itália   Na aparência, a Vihuela é muito próxima do violão moderno. Ela tem um corpo em forma de "8", um braço comprido e mão inclinada para trás em um ângulo pequeno. Rosetas, frequentemente, são colocadas no corpo e funcionam como aberturas. A Vihuela tinha trastes, usando 10 extensões de tripa amarradas em volta do braço para pressionar a corda.
   O motivo pelo qual a Vihuela foi tão popular na Espanha renascentista, numa época em que o alaúde era usado no resto da Europa para os mesmos propósitos, não está claro. Todavia, a forte associação do violão com a Espanha começou nessa época e a paixão espanhola pela Vihuela foi responsável por sua introdução na América Latina durante sua colonização.

   Violão Barroco

   Os violões da Europa do século XVI eram consideravelmente menores do que o instrumento moderno. Inicialmente, eles tinham quatro cordas duplas.
   Violões barrocos têm frequentemente uma roseta simples central com abertura, e entre oito e dez trastes de tripa. A afinação das cordas duplas não era de forma alguma fixa, uma característica compartilhada com a Vihuela: eles eram frequentemente alterados para combinar com a música executada.

   Violão do século XVIII

   Os violões de seis cordas simples mais antigos começaram a surgir na segunda metade do século XVIII. Os trastes de tripa deram espaço a escalas especialmente criadas, com trastes de marfim ou metal embutidos; a roseta central tornou-se uma abertura completa; o braço foi estreitado; e as proporções foram alteradas.
   Até este momento, ainda não havia técnica padronizada - os instrumentistas estavam divididos sobre a melhor forma de tocar as cordas: utilizando a unha ou não. Mesmo assim, nesse período é que foram escritas as primeiras peças duradouras para violão.
   As obras de Fernando Sor e Mauro Giuliani, embora pequenas, são geralmente charmosas e elegantes e ajudaram a popularizar o violão.


   A influência espanhola

   O violão é mais conhecido atualmente pelo modelo construído pelo espanhol Antonio de Torres Jurado, que foi fundamental para o desenvolvimento do violão moderno. Ele fixou o comprimento da corda vibratória em 65 cm, aumentou as dimensões gerais, usou 19 trastes, alterou a construção da caixa de ressonância e padronizou a afinação das cordas.
   Essas alterações foram tão bem sucedidas que o molde de Torres tornou-se um padrão aspirado por todos os outros construtores - e motivo pelo qual é conhecido hoje como violão clássico.
   O indubitável brilhantismo de Torres não foi suficiente para o violão alçar vôos maiores e, por algum tempo, ele permaneceu confinado à Espanha.
   O apoio de compositores, como Francisco Tárrega e Emílio Pujol, aumentou o número de admiradores do violão, mas foi Andrés Segovia que finalmente lançou o violão moderno.


Manual Ilustrado dos Instrumentos Musicais (Lucien Jenkins);
Coleção Instrumentos Musicais, n.1 - Violão. Ed. Salvat;