domingo, 28 de janeiro de 2018

Causos Sobre o Aprendiz de Músico






   Antes de compartilhar esse texto bacana com você leitor, gostaria de dizer, com todo respeito ao grande mestre Bohumil, que discordo de algumas palavras do autor expostas no parágrafo terceiro, em que diz: "há crianças, porém, que realmente não levam jeito para música e, assim, não adianta os pais insistirem".
   Acredito que todos conseguem aprender música. Obviamente, uns com mais e outros com menos facilidade, contudo, reforço que não devemos desistir do aluno. Precisamos orientar o discente a encontrar suas afinidades com a música para posteriormente estimularmos e trabalharmos em cima delas. O orientador precisa sentir o momento musical em que o estudante se encontra e não pode cair no antigo conceito de que apenas esse ou aquele consegue.
   Bem, espero que gostem tanto quanto apreciei essa curta leitura. Vamos aos causos!



   Antigamente, a criança tinha os primeiros contatos com a música quando ouvia canções de ninar nos braços da mãe ou no berço. Atualmente, a maioria das mães não canta mais por não saber ou não ter tempo. E, desde pequenina, a criança é bombardeada pelos sons da televisão ou do rádio ligados num volume geralmente bem alto. Esse som transforma-se num fundo musical para acompanhar atividades domésticas. Dessa forma, a aproximação da criança com a música em nada contribui para um bem-estar musical.

   Cientes da importância da educação musical, alguns pais procuram uma instituição ou professor particular para oferecer aos filhos essa formação, indispensável para firmar a base artística e intelectual do futuro cidadão. Estatísticas comprovam que crianças musicalizadas apresentam melhor aprendizagem em matérias técnicas como matemática e línguas. E, mesmo que interrompam os estudos musicais, os benefícios intelectuais continuam por toda a vida.

   Algumas crianças sentem mais dificuldades e precisam de certa persistência (dos pais) para continuar com as aulas; outras têm facilidade e aprendem brincando. 
   Há crianças, porém, que realmente não levam jeito para música e, assim, não adianta os pais insistirem.

   Há a história de um professor que exigiu aumento do valor da aula, alegando o sofrimento causado pelos sons, ou melhor, pelos barulhos produzidos pelo aluno pouco talentoso durante as aulas.
  Mas quem sofre mais, quase sempre, são os vizinhos, que chegam a chamar a polícia para impedir a produção dos sons insuportáveis de um pretendente a músico. O problema é tão grave que até o grande escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, no seu livro Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister, escreveu: "Talvez não exista em nossa sociedade civilizada sofrimento mais triste do que ser vizinho de um futuro flautista ou violinista".

   A maioria dos alunos, entretando, consegue  vencer as primeiras dificuldades e avançar nos estudos do seu instrumento. Alguns avançam mais; outros, menos. O momento para avaliar o progresso do jovem musicista é a apresentação no salão da escola ou em outro lugar adequado. 
   Aluno bem preparado e talentoso recebe aplausos e abraços do professor, de familiares e de amigos. Aluno menos talentoso ou menos preparado também recebe aplausos, pois a maioria do público aplaude tudo, independente da qualidade. Quem geralmente mais aplaude é a mãe, que às vezes se acaba em lágrimas.

   Certa vez, uma dessas mães, muito emocionada, olhou para o lado e viu um homem que também chorava copiosamente e lhe perguntou se havia gostado tanto assim. Ele respondeu que era músico profissional e que, diante de execução tão ruim, não conseguira segurar o choro. A maior decepção por uma desastrosa apresentação é do professor, pois, afinal de contas, a culpa é dele. Desabafo de um professor: "Sempre pensei que música fosse imortal, mas o meu aluno a matou".
   Alguns pais percebem que não adianta insistir e torturar todo mundo, incluindo o aprendiz, a família, o professor e a vizinhança, e liberam o jovem das aulas de música. 
   Um pai explicou que teve duas alegrias: a primeira quando comprou um piano para a filha e a segunda, um ano depois, quando o vendeu. Às vezes a iniciativa é do próprio aluno, que danifica o odiado instrumento. 

   Numa escola, a professora perguntou ao aluno qual era o resultado subtraindo três de dez. O aluno não conseguiu responder. Tentando ajudá-lo, a professora então indagou quantos dedos ele tinha nas duas mãos. "Dez", respondeu. "Muito bem", elogiou animadamente a professora. "E se você tivesse três dedos a menos, qual seria o resultado?" A resposta surpreendeu: "Eu não precisaria vir às aulas de piano!"
   Situação extrema aconteceu quando um jovem acordou à noite com o barulho de ladrões assaltando a casa. Em vez de acordar os pais, o jovem pediu aos ladrões que levassem também o violino dele.


Fonte                    
Música é coisa séria......mas nem sempre - Causos contados por Bohumil Med 
(Bohumil Med, Ed. MusiMed);