quarta-feira, 29 de julho de 2015

Bossa-Nova, Baião, Sambalanço, Caitituagem... Desde quando?

   A denominada fase de ouro da música popular brasileira (entre 1927 e 1946), foi um período onde inúmeras obras-primas e excelentes músicos estavam presentes. Tais como: Pixinguinha, Radamés Gnattali, a Orquestra Odeon, Ary Barroso, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Mário Lago, Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues, Moreira da Silva, Carmem Miranda, Orlando Silva, Bando da Lua, Dilermando Reis, Garoto, Laurindo de Almeida, entre outros inúmeros.
   Por volta de 1946, a música, que até então era uma arte praticada mais por amor que por dinheiro e que quase nada rendia ao compositor senão o prazer de se expressar esteticamente, começou a se tornar um bom negócio. Nesta época nasceram o movimento das sociedades arrecadadoras dos direitos fonográficos.
   Compôr música passou a ser um negócio como qualquer outro. Surgiram falsos compositores que passaram a especular com ela, comprando letra ou música ou entrando na parceria. Começou a aparecer a "caitituagem", isto é, o trabalho dos compositores junto a discotecários e programadores para tocar incessantemente a música, dando-lhes muitas vezes, como pagamento, parceria.
   A influência da música americana, que até então apenas se fazia sentir em um ou outro arranjo, começou a tomar as proporções de uma nova moda musical a partir do lançamento de "Copacabana", interpretada por Dick Farney.
   A essa influência, mais tarde, juntou-se outra também intensa: o Bolero.
   Logo aparece o Baião, tornando-se uma epidemia. O Samba Clássico começa a ficar antiquado e considerado quadrado, e uma nova fase na música popular começa a aparecer.
   Em abril de 1958 nasce a Bossa-Nova, surgida em um long-playing chamado "Canção do Amor Demais", que não é absolutamente Bossa-Nova. Encontramos neste álbum composições de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, cantadas por Elisete Cardoso. Como dito, nada nele é Bossa-Nova, exceto pelo violão de João Gilberto tocando com uma batida diferente nos sambas "Chega de Saudade" e "Outra Vez". Era a divisão  rítmica revolucionária, a nova síncope que iria caracterizar ritmicamente a batida da Bossa-Nova. 

   Em março de 1959, configurou-se como o nascimento da bossa-nova vocal, quando surge na praça o LP "Chega de Saudade", onde está incluída a canção "Desafinado" e onde pela primeira vez é aplicado o termo bossa-nova:

...Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa-nova
Isto é muito natural...


   Em 22 de setembro de 1959, realiza-se no Teatro Arena da Universidade de Arquitetura do Rio de Janeiro, a primeira noite da Bossa-Nova.
   Em 1960, lendas como Ella Fitzgerald, Roy Eldridge e Paul Smith se entusiasmam com a música brasileira. Em 1961, Charlie Byrd (outra lenda da música) excursiona pelo Brasil e encantado com o estilo ouvido, leva de volta em sua bagagem alguns discos do gênero.
   Em 1962, realiza-se no Carnegie Hall e no Village Gate (ambos em Nova York) o Concerto de Bossa-Nova, apresentado com grande sucesso e êxito em ambos locais.
   Surge uma variante do gênero, o Sambalanço. Cultivado por nomes como Ed Lincoln, Miltinho, Djalma Ferreira, etc. E em seguida, chega Jorge Ben com o Afro-Samba.




Panorama da Música Popular Brasileira - Volume 1 (Ary Vasconcelos)