quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Homem Além do Tempo

   O sangue da família estava contaminado com música. O primeiro dos Bachs, foi um moleiro tocador de flauta, do qual pouco sabemos sobre a qualidade da sua música e de seus cereais. Foi o avô de Johann.
   Dos outros membros da dinastia musical Bachiana, quatorze foram consumados organistas; doze cantores ou diretores musicais das cortes vigentes. Dez entre eles, pelo menos, foram compositores de prelúdios, corais, cantatas, missas, suítes, fugas e concertos; dois deles, notáveis oboístas; três outros tocadores de viola de gamba; dois eram peritos violonistas;
retrato de 1748, pintado por
Elias Gottlob Haussmann
   Em realidade, durante várias gerações, todo músico profissional era conhecido, em certos distritos alemães, como um "Bach".
   Johann Sebastian Bach fora educado na tradição protestante do trabalho árduo, crendo que cada qual deve levantar seu fardo aqui na Terra, alça-lo aos ombros e carregá-lo com firmeza na jornada para o santuário do Senhor.
   Bach fora empossado no cargo de organista da igreja de Anstadt, onde havia um magnífico órgão. Os funcionários da igreja foram pouco cordiais com Bach, porque não apreciavam a maneira que ele acompanhava os hinos da congregação. Gostavam mais dos organistas anteriores a Bach, por fazerem coisas perfeitamente simples, seguir o compasso da congregação e executar sempre as mesmas melodias. Estes mesmos funcionários, descontentes, então, mandaram uma queixa formal: "durante anos os nossos organistas executaram, sem variações, a música coral dos domingos. Mas, persistis em fazer variações e entremear uma porção de sons estranhos que confundem a congregação inteira". Que diabo estaria ele fazendo às árias sagradas da música da igreja?
    Bach também fora nomeado com a explícita condição de ensaiar os meninos do coro e ensiná-los pacientemente. Porém, ele dedicou seu tempo ao órgão e não perdera um minuto com os meninos. Em resposta, os funcionários disseram: "em vista disso, deveis declarar se pretendeis ou não, de ora em diante, ensaiar os meninos. Se não vos envergonhais de receber vosso salário, não deveis também ter vergonha de lecionar os estudantes". Consequentemente, viram-se livre do "preguiçoso" organista. Bach então, obteve um cargo em outra igreja, com um bom salário.
   Assim que chegou no novo emprego, avistou o órgão e audaciosamente declarou não gostar dele por ser pequeno demais, entre outras coisas. Até então, ninguém reclamara. Diante das circunstâncias, membros da junta administrativa soltaram um suspiro de alívio quando Bach desistiu do cargo. Apesar de tudo, o povo começava a murmurar e espalhar suas qualidades como organista.
   Nesta época, o organista francês Jean Louis Marchand, que se auto-intitulou como o primeiro organista do mundo, ao chegar na Alemanha, os príncipes o condecoraram com muitas medalhas por suas exímias execuções, erguendo-se o boato de que Louis era superior a Bach. Foi sugerido então, um desafio, um duelo musical. Marchand, com bastante benignidade, aceitou. Um juri de músicos foi instituído e determinaram a data e o local. Muita gente se mobilizou para assistir ao duelo. Bach chegou pontualmente para o desafio, mas, onde estava Marchand? Este, deixou a Alemanha, e voltou para a França e a reputação de Johann Sebastian Bach tornou-se, a partir de então, inquestionável.
   Mas a fama é um vento caprichoso, e a reação pública começou a girar em sentido contrário para Sebastian. Dizia-se que o excesso de homenagens já lhe da estava virando a cabeça, que a própria importância o ensoberbecera demasiadamente, e, que, ao tocar, ele entretinha de tal maneira a admirar o anel que lhe dera de presente o herdeiro do t rono da Suécia, que se esquecia de atentar no teclado. Era uma pena, murmuravam alguns dos seus detratores, que Sebastian não pudesse conhecer o grande Handel. Se o fizesse, haveria de reconhecer a própria pequenez.
   Certa vez, Bach tendo solicitado um cargo de organista de igreja, dissera-lhe ser preciso pagar determinada soma de dinheiro à tesouraria da igreja - costume necessário, que o tempo sancionara. Como Bach se recusou a cumprir esse protocolo, um funcionário encarregado da igreja incitou severamente dizendo: "Se um dos anjos de Belém descesse dos céus... e desejasse ser organista da igreja de São Jacó e não tivesse o dinheiro suficiente para pagar a tesouraria, outra coisa não lhe restaria a fazer senão voar de novo para os céus". Sebastian permaneceu na teimosia e declinou do cargo.
   Num outro novo emprego, comentou-se que seus pensamentos se concentravam muito mais na adega da igreja do que em coisas mais elevadas. "Não conseguimos entendê-lo. Engorda cada dia mais, de pura preguiça. Composições originais? Frioleiras! Ele que cumpra como homem honesto as suas obrigações regulares - obrigações pelas quais está sendo pago. Dedique mais tempo aos meninos do coro em vez de mandriar por aí - só Deus sabe onde. Toque órgão, tema o Senhor e satisfaça-se com seu salário - pois, em caso contrário, arranjaremos outro organista para substituí-lo".
   Alguém teve a audácia de comentar: "Meus bons amigos, vocês não compreendem esse Bach. É um gênio".
   "Gênio? Os gênios não nos interessam. Precisamos é de um chantre que toque a música religiosa de forma respeitosa e convencional".
   Apesar de tudo, Johann Sebastian Bach levava uma vida feliz, repleta de música. Organista em Ohrdurf, Anstadt, Mülhausen, Lübeck, Leipzig; músico da corte de Wiemar; favorito de Frederico, o Grande.
   Durante muito anos o rei Frederico, ativo soldado, poeta e músico, que lançava os alicerces do poderoso império alemão, insistira com Bach para que desse um concerto de órgão em Berlim. Ao ter a notícia de sua chegada, os velhos olhos de Frederico ficaram iluminados, e o mesmo avisou os cortesãos a sua volta: "Senhores, o dia de hoje é um dia cheio, Sebastian Bach encontra-se aqui".
    O velho organista entrou na corte, e arrastando seus pés cansados percorreu uma sala após outra, respeitosamente acompanhado por toda corte, e executando sucessivamente qualquer coisa em cada um dos sete pianos do imperador. Frederico ouvira dizer que Bach era "meio compositor". Modesto, Sebastian confessou-o.
   "Escreva-me o tema de uma fuga e buscarei desenvolvê-la em seis partes", sugeriu Bach. Frederico escreveu num pedaço de papel. O velho músico, com os ombros curvados e cansados mas com dedos que não haviam jamais perdido a mocidade, sentou-se no teclado e transformou o tema do imperador num milhar de cascatas de melodias. "Meu Deus!" bradou, admirado, Frederico, "existe apenas um grande Bach!"
   Um grande Bach, mas muitos pequeninos. Suas faculdades procriadoras eram tão prolíferas quanto as criadoras. Casado duas vezes, educou uma família de vinte filhos. Brincalhão como como as próprias crianças, estava sempre junto dos jovens, visto que, além da própria descendência, vivia rodeado de uma legião de alunos. De todos cantos da Europa acorriam estes para aprender o mistério de sua mágica técnica. Adoravam-no e porfiavam em apanhar alguma coisa da perícia do mestre ao executar os exercícios para os dedos que este lhes dava. Era um velho e excêntrico pateta com um turbilhão de ideias novas.
Carl Philipp Emanuel Bach
Johann Christoph Friedrich Bach
   Sem embargos, havia que o compreendesse. Os filhos, por exemplo, Johann Friedrich e Karl Emanuel, dois rapazes que tinham herdado a loucura que habitava o sangue do pai. Não era, pois, para admirar que se quisessem tanto, esse pai e esses filhos. Costumavam sentar-se na saleta de visitas e quedavam-se, por largo espaço, a cantar intérminos corais. ou então, cada um deles tomava um instrumento e improvisava em tema em harmonia e contraponto, confundindo-se com os outros numa salva orquestral de música. Enquanto aos outros membros da família, estes também faziam parte do círculo encantado de compreensão musical. Família de estranhos talentos e nervos sensitivos, esses Bachs. Especialmente papai Sebastian.
   Sobre harmonia??
   Em casa, quando os numerosos membros da família se reuniam, aos domingos, na saleta de visitas, conversavam e cantavam bastante. Cada qual tinha seu repertório de ideias e expressava-as, corajosamente, diante dos outros. Ninguém que desejasse falar era impedido de fazê-lo. Tinham todos a liberdade de exprimir-se à vontade. Na maioria das vezes, contudo, falavam ao mesmo tempo. Mas tamanha era a boa vontade de todos que o espírito geral era o da mais absoluta contribuição à mútua compreensão da família inteira. Ao cantarem seus corais o princípio era o mesmo. Cada voz improvisava livremente a própria melodia, e todas as vozes se confundiam numa unidade concordante. E foi este precisamente o princípio que ele aplicou à harmonização de suas composições.
   O corpo gasto, os olhos fraquejantes, a cabeça inclinada sob o peso de sessenta e cinco anos, não lhe era possível, mesmo assim, acreditar no fim próximo. Havia tanta coisa ainda que fazer! outro coral para escrever, outro concerto, outra fuga. Já agora, no entanto, lhe faltava quase de todo a visão. Via-se obrigado a ditar a sua música.
   Mas ele estava contente. Fizera um bom serviço. Aos trinta e oito anos de idade alcançara o auge de suas faculdades criadoras. Escrevera a Paixão segundo S. Mateus e a Paixão segundo S. João. - tremendos dramas musicais em que pintara os sofrimentos do Cristo.
   Duzentas composições para órgão, prelúdios, fugas, cantatas para orquestra e coro e concertos para instrumentos de corda e de sopro. E a sua música, como ele mesmo, fora sã,despretensiosa e devota. Simples como o canto dos pássaros ao sol que nasce ou que morre.
   Agora, após um dia tranquilo, a tranquilidade da noite. Morreu rapidamente, de um ataque apoplético. Foi enterrado no cemitério de São João, para ser esquecido por mais de um século. A Crônica de Leipzig estampou o seguinte lacônico obituário:

Túmulo em Leipzig
   Faleceu a 28 de julho, às oito horas da noite, o douto músico Herr Johann Sebastian Bach, compositor de S. Majestade o rei da Polônia, chantre das cortes de Gothen e Weissenfels, regente e chantre da escola S. Tomás.

   Isso foi tudo. A junta administrativa da cidade expressou breves condolências. "Her Bach era um grande músico, sem dúvida, mas nós precisávamos de um mestre-escola e não de um regente musical". A viúva, a cujo cargo ficara o fardo da enorme família, cedo esgotou as economias do marido. Transformada em objeto da caridade pública, foi, depois de morta, sepultada na vala comum. A música escrita por Bach jazia na obscuridade num armário na sacristia de São João. E sempre que um aluno de catecismo precisava de um pedaço de papel para embrulhar a merenda, ia ao armário e arrancava uma folha dos manuscritos de Bach. Enquanto Ludwig van Beethoven compunha as notas imortais da sua Quinta Sinfonia, a última filha de Sebastian Bach vivia os derradeiros dias de sua vida num asilo.
   "O velho era tão modesto que não conhecia sequer o próprio valor", observou um dos alunos que o admiravam, junto à sepultura do mestre. "É possível que vários séculos se passem ainda antes que o mundo se advirta da existência dele".



Principais composições de Johann Sebastian Bach:


CORAIS:

A Paixão segundo São Mateus
A Paixão segundo São João
Missa em si menor
Oratório de Natal
Bauern cantata
Cafee cantata


INSTRUMENTAIS:

Concertos de Brandenburgo para orquestra (1-6)
Concerto em estilo italiano 
Sonatas para violino e piano (1-6)
Suíte para orquestra (1-4)
Fantasia cromática e fuga
O cravo bem temperado (livros I e II)
Suítes francesas (1-6)
Suítes inglesas (1-6)
Variações "Goldberg" (1-32)
A arte da fuga
Oferenda musical para piano-forte
Prelúdios, fugas, tocatas, etc.


Fonte                                                                                                                        
Vidas de Grandes Compositores (Henry Tomas / Dana Lee Thomas);

sábado, 30 de novembro de 2019

Para Que Serve a Música?

   Novas teorias afirmam que a música mudou o ritmo da evolução humana.
   Você que está lendo, consegue lembrar quantas músicas ouviu nesta semana?
   Quase não percebemos, mas a música está conosco em quase todos os momentos. Quando esperamos sentado na recepção de um consultório, na academia, no rádio do carro, no rádio da casa vizinha, etc. Escutamos música para estudar, dançar, para relaxar, para enfrentar o trânsito, entre inúmeras outras situações.
   A música está conosco desde quando ainda nem éramos seres humanos, propriamente dito.
   Baseado em achados de flautas de ossos feitas há 53 mil anos pelos neandertais, pesquisas estimam que a atividade musical deve ter pelo menos 200 mil anos - contra 100 mil anos de vida do Homo Sapiens.
   O biólogo Charles Darwin que popularizou o conceito de evolução das espécies, levanta a primeira hipótese, dizendo que a música é determinante para a escolha de parceiros sexuais, uma vez que as fêmeas seriam atraídas pelos melhores cantores.
   O neurocientista da Universidade de Harvard, Mark Tramo, afirma que a "música sempre está ligada ao comportamento sexual, desde os rituais de acasalamento, até as conquistas dos jovens [...] em danceterias e shows".
   A função de comunicar sentimentos faz sentido não só hoje, mas em sua própria origem. Se os animais também modificam a expressão vocal para demonstrar um sinal de pacto, como o ganido de submissão de um cachorro, "parece inevitável que as expressões formais de emoção sejam aos poucos fundidas em algo semelhante a melodia", diz o pianista e escritor Robert Jourdain. "É exercitando ou aplacando emoções que estabelecemos relação com outros seres humanos".
   A música também é capaz de ativar capacidades como a memória e talvez até mesmo a inteligência, afirma Ian Cross, diretor do Centro para Música e Ciência da Universidade de Cambridge.
   Entre as funções apresentadas até agora, o que dizer do misterioso uso medicinal da música em pessoas com mal de Parkinson, Alzheimer, entre outros.



referência                                                                   

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Orquestra

   Você sabe qual o significado da palavra orquestra?
   Em grego, significa "lugar de dançar". Essa palavra, no teatro grego, indicava o espaço semicircular em frente ao palco, onde um coro cantava e dançava.




     No século XVII, na França, a palavra orquestra definia o local em frente ao palco onde ficavam os músicos e seus instrumentos para acompanhar as óperas que se desenrolavam no palco.
   No início do século XVIII, o termo orquestra passou a ser utilizado para designar o grupo de executantes de música. Foi quando os instrumentos passaram a se apresentar no palco, e assim permanecem até hoje.
   Isso aconteceu no período musical do Classicismo, quando houve uma grande a valorização da música instrumental.

   Então, o que é uma orquestra?

   É um conjunto de instrumentos diferentes, porém organizados, que são tocados juntos e com mais de um instrumentista executando cada parte musical. Numa orquestra sinfônica, o número de executantes pode variar de 30 até 100 (ou mais) músicos.
   A disposição dos instrumentos na orquestra sinfônica costuma ser a seguinte:

Curiosidade: Se você pedir para um músico da orquestra que toque sua parte musical por um instante, você pode não identificar a música, mesmo que o pedacinho executado venha de uma melodia bem conhecida.
   Isso acontece porque, nas músicas para orquestra, alguns instrumentos fazem as melodias, outros executam a parte rítmica e outros o acompanhamento.


   A orquestra é composta por quatro grupos de instrumentos, os naipes. E cada um deles tem uma função específica no conjunto orquestral.
  • Naipe das cordas: violino, viola, violoncelo e contrabaixo.
  • Naipe da madeiras: flauta transversal, oboé, clarinete, fagote, contra-fagote, saxofone.
  • Naipe dos metais: trompa, trombone, trompete tuba, bombardino.
  • Naipe da percussão: alguns dos instrumentos são: tímpanos, bombo, carrilhão, triângulo, xilofone,  celesta, pratos, pandeiro, entre outros.
   Toda orquestra tem um líder geral, o spalla. Ele é o primeiro violinista da orquestra. O spalla ocupa esse cargo por meio de um concurso, pois sua função é muito importante.
   É de sua responsabilidade:
   - a execução das orientações de técnica e de interpretação que o maestro determina;
   - a supervisão dos ensaios dos naipes;
   - a afinação da orquestra antes de um concerto.
   O spalla apresenta também a função de maestro substituto, quando necessário.
   Cada naipe tem um músico que atua como líder. Ele é responsável pelos ensaios e pelo resultado sonoro do grupo. É o chefe de naipe.

Curiosidade: Spalla é um termo utilizado no mundo todo. As orquestras têm sempre dois spallas, para uma eventual substituição. O spalla é sempre um violinista, e senta-se na primeira cadeira à esquerda do maestro.

   Atualmente existem quatro tipos de orquestra:
  • grande orquestra - voltada ao repertório sinfônico e operístico do período Clássico até o atual;
  • orquestra de teatro - diretamente ligada aos teatros de ópera, balé e musical;
  • orquestra de câmara - voltada à música de pequenos conjuntos do período Barroco e do Classicismo, bem como à música composta a partir do Romantismo especialmente para esse tipo de formação;
  • orquestra de época - voltada à interpretação de música renascentista, barroca e clássica, com "instrumentos originais" e afinação de época.
   


Fontes                         
Coleção História da Música - Vol.II (Clarice Miranda e Liana Justus);
Compêndio de Teoria Elementar da Música (Osvaldo Lacerda);
Toda Matéria (site);

domingo, 29 de setembro de 2019

Versos de Parabéns, Café Nice, e Um Bêbado.

Todo Dia, Milhões Cantam os Versos de Bertha


   A melodia de Parabéns a Você nasceu nos Estados Unidos no final do século 19. Duas professoras compuseram Good Morning to All (Bom a Todos), mais tarde rebatizada como Happy Birthday to You (Feliz Aniversário a Você).

   Em 1933, virou tema de peça na Broadway e se espalhou pelo mundo.

   Aqui, até a década de 1940, cantávamos em inglês. O radialista Almirante lançou concurso em seu programa de música na Rádio Tupi: uma letra em português para a canção.

   Dentre 5 mil concorrentes, venceu a poeta Bertha Celeste Homem de Mello, de Pindamonhangaba, São Paulo. Escrita em cinco minutos, trazia mais riqueza de versos.

   Bertha tinha 40 anos. Doutorou-se em Letras e, sob o pseudônimo de Léa Magalhães, escrevia sobre a vida interiorana, o cotidiano do homem no campo. Morreu em 16 de agosto de 1999, aos 97 anos, gloriosa: milhões de brasileiros cantam sua versão todos os dias.
   Clique neste link e descubra um pouco mais sobre o assunto.


Café Nice

"Ai que saudade me da
Do bate-papo, do disse-me-disse
Lá do Café Nice, ai, que saudade me dá."

Nilton Carlos e Isolda, Café Nice


   Símbolo de uma época de ouro para a música brasileira, durante 26 anos o Café Nice foi ponto de encontro de compositores, músicos e cantores no Rio.

   Pixinguinha, Benedito Lacerda, Guerra Peixe, centenas de outros. Transcreviam melodias, orquestravam, consertavam métricas e partituras. Deixavam e recebiam recados, fechavam contratos, compunham, vendiam e compravam música.

   Compositor e cantor que não passasse por la dificilmente emplacaria composições ou renovaria repertório.
   Inaugurado em 18 de agosto de 1928, na Avenida Rio Branco, 174, fechou em 1954. Mesas na calçada. Dentro, um ambiente com pão e manteiga. Era a "bolsa de valores" de nossa música popular.



   

Um Bêbado Comove o País

   De aprendiz de sapateiro a ídolo de multidões. Vicente Celestino (1894-1968), "a voz-orgulho do Brasil", ganhou fama pela potência vocal e pela interpretação. Na carreira de 65 anos, compôs mais de duas centenas de músicas. Clássicos como Coração Materno (1937), Encantamento (1952). A mais famosa de suas canções, O Ébrio (1936), empolgou o país.
Vicente e Gilda

   Em 1942, virou peça musical estrelada pelo próprio Celestino. E em 28 de agosto de 1946 estreou no cinema. A atriz Gilda de Abreu (1904-1979), mulher de Celestino, escreveu, produziu e dirigiu. Uma das maiores bilheterias brasileiras, provocou filas gigantes. Teve 530 cópias exibidas, mais de 8 milhões de espectadores.

   Celestino interpreta um cirurgião rico e famoso, abandonado por uma "ingrata" que foge com o primo dele. O médico larga tudo, troca de identidade com um mendigo atropelado, dá-se como morto e torna-se um ébrio das ruas.

fonte                                                    :
O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular (Positivo);
g1.Globo.com;

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Compositores X Sociedades Arrecadadoras

COMPOSITOR

   Se as sociedades arrecadadoras existem é porque há algo de valioso que motivou a sua criação e sustenta a sua existência. Este algo mais é o compositor que, com seu espírito criador, faz nascer o sucesso através de suas obras. Portanto, deve ficar bem claro que o compositor vive sem a sociedade arrecadadora, mas a sociedade arrecadadora não vive sem o compositor.
   Os autores que não tem cumplicidade com o passado e são de espírito renovador e corajoso, começam aqui suas estórias. Os autores são todos diferentes entre si porque o número de bons e aptos é muito menor que o dos incapazes e inaptos. É possível que um grande grupo de ignorantes consiga derrubar os méritos e obscurecer o valor dos bons. Mas se agir assim estará cavando sua própria sepultura. São os autores de valor e capacidade que impõe respeito à classe e dirigem a massa. É importante observar que na natureza não há duas coisas exatamente iguais. Há os que querem generalizar, mas isto no sentido criativo é o maior absurdo.
   A vida de um artista-compositor deve ser respeitada e considerada pela grandeza do seu trabalho e pelos seus rendimentos. Para influenciar uma geração ou mesmo o povo, nada melhor do que a música, principalmente se o autor é privilegiado por uma cultura lúcida e de grande capacidade psicológica, empregando todos esses princípios em suas composições. Melhor ainda quando ele desfruta de grande popularidade. Através de suas composições pregará amor, trabalho, otimismo, respeito, moral, educação, nacionalismo e tudo com rendimento proveitoso. São sementes lançadas hoje para a colheita de frutos num amanhã distante porque a música que uma criança canta em sua infância será a sua companheira por toda a vida.
   É importante entender que fazer sucesso não é básico do artista. Há muita diferença entre o valor e o sucesso. O valor permanece e o sucesso passa.
   Todo compositor sabe que é possível compor uma música simples e de grande conteúdo e, ao mesmo tempo, ser de grande beleza e proveito público. A miséria em muitas vidas humanas é em grande parte devida ao efeito psicológico das músicas inúteis que são ouvidas, causando verdadeiros transtornos em vidas nascentes e inocentes.
   São esses os trabalhos inúteis de péssimos compositores que danificam as possibilidades dos bons. Os péssimos compositores ficam junto aos bons somente nas discotecas e nos arquivos, mas isso um dia será sanado com inteligência e trabalho. o motivo básico de toda essa inversão de valores é que a classe de compositores não possui uma entidade protetora para lhes dar apoio em suas carreiras artísticas. Só existem organizações arrecadadoras para sugá-los, tirando todo proveito de seus trabalhos.
   Mas por que terá ele que ser sempre a vítima massacrada pelos sugadores das sociedades arrecadadoras?
   O compositor não pode servir de cobaia nas mãos dos exploradores e diretores das sociedades arrecadadoras. Essas organizações devem ocupar o lugar de simples incidentes na vida dos compositores, caso queiram continuar a existir, devem provar a eficiência de seu trabalhos.
   O que o compositor deseja é uma organização que preste serviço, que dê assistência à sua classe, que favoreça o público na divulgação de seus trabalhos; não sociedades arrecadadoras que só exitem para explorar o público e o compositor, arrecadando grandes somas e lesando todos os direitos do autor, além de, injustamente, impingir sanções a quem se recusa a contribuir.

DIREITOS AUTORAIS

  O artista é o criador que, com seu dom, lança a semente. Logo aparecem espertalhões das ditas sociedades arrecadadoras de direitos autorais e colocam as suas máquinas organizadas em forma de agentes espalhados por todo território nacional colhendo todos os frutos produzidos. É vergonhoso o que acontece. A diretoria dessas organizações arrecadadoras julga-se dona de tudo que gira em torno desse imenso patrimônio que é a música. Quem compõe a obra é o compositor; quem cria e divulga são os cantores, gravadoras e editoras; quem elege o sucesso é o público, mas quem colhe, cobra e recebe, são as sociedades arrecadadoras que se dizem ser protetoras e defensoras do Serviço dos Direitos Autorais.
   É este o absurdo. Qualquer um percebe que está sendo ludibriado por esses espertalhões. Para facilitar o trabalho seria necessário individualizar, num levantamento honesto, as obras de cada autor, através de um estudo muito bem orientado, fazendo com que os proventos de suas obras retornassem às suas mãos, através de um documento público que assegurasse a este compositor o que lhe é de direito, relacionando todas suas obras. Caso ele não estivesse produzindo mais, e seus trabalhos continuassem em evidência, em uma escritura pública, para reservar-lhe os direitos de propriedade para si e para seus sucessores e herdeiros. Para os autores em plena atividade, que fosse criado um órgão público, onde se catalogassem as obras e músicas que seria lançadas e exploradas comercialmente, canalizando para este órgão toda a arrecadação referente às obras de cada autor, incluindo também as comissões das gravadoras e das editoras. Caso estes discos fossem retirados do mercado, isso seria comunicado ao órgão por meio de circulares.
   As sociedades arrecadadoras no país são: SICAM, UBC ,SBAT, SBACEM e SADEMBRA. Estas são as organizações que fazem as arrecadações sobre as execuções nos estabelecimentos de diversão através de procuradores e agentes em todos os estados e municípios do país.
   Existem ainda, prosseguindo na defesa dos direitos autorais, três entidades paralelas às citadas: s UBC, derivada da ADDAF, que protege os direitos fonomecânicos (sopre a venda do CD), da SADEMBRA derivou-se SINFOBRAS (Sociedade Civil para Defesa dos Direitos Autorais) e a SOCINPRO (Sociedade Brasileira de Intérpretes e Produtores Fonográficos, que arrecada também sobre os intérpretes, cobra pela execução do intérprete em todos os estabelecimentos.
   Resumidamente pode-se dizer que, o compositor cria e semeia a obra, quem cultiva é o artista, quem propaga e e faz com que as obras se tornem famosas é a gravadora e o seu CD, bem como as emissoras de rádio, editores e todos os estabelecimentos de diversão. E quem colhe todos os frutos dos trabalhos é a sociedade arrecadadora, que nada faz em favor do artista.




fonte:                                            
Música Arte-Profissão (Roberto Bueno)

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Standards do Jazz

   Algumas das traduções para o português da palavra "Standard", são: padrão, tradicional, usual, etc.
   Standard significa padrão, norma. Standard geralmente é relacionado com formato, por exemplo, formato standard, ou formato padrão, é quando um determinado objeto tem as formas e dimensões exatas, atribuídas diretamente a esse mesmo objeto.
   Standard é também utilizado para designar um tipo de apartamento ou casa, e é uma nomenclatura bastante usada em hotéis ou pousadas. Um apartamento standard, é um apartamento padrão, sem luxo, clássico e normal.
   Standard também é utilizado em tipografia, para designar um formato de jornal, maior que os demais. O jornal standard é mais utilizado no Brasil e em Portugal.

    Mas o que é "Standard" no mundo musical?

   Standard é um tema de jazz, bastante conhecido, e faz parte do básico do gênero musical, podendo mudar com o tempo.
   Diversos standards foram baseados em musicais da Broadway, música popular e etc.   Essas composições são consideradas a "nata do jazz".
   Para conhecer mais standards além dos mencionados na lista a seguir, sugiro aos leitores consultarem os famosos "Real Book", livro conceituado com transcrições de temas clássicos da música.


JAZZ STANDARDS


All The things you Are
End of a Love Affair
Getting Sentimental Over You
Green Dolphin Street
How High the Moon
I'll Remember April
I Love you
I Remember You
In a Mellow Tone
Invitation
It's You or No One
Just Friends
My Romance
Never Be Another You
Out of Nowhere
Satin Doll
Star Eyes
Stella By Starlight
Take the "A" Train
What's New
What is this Thing Called Love
Wine and Roses
You Stepped Out of a Dream


BALADAS


Blue in Green
Body and Soul
But Beautiful
Coral
Crystal Silence
Fall
Here's That Rainy Day
I Can't Get Stardted
I Got it Bad
I Remember Clifford
In a Sentimental Mood
Infant Eyes
It Could Happen to You
Lament Fall
Lover Man
Lush Life
Misty
My Foolish Heart
My Funny Valentine
Naima
Peace
Prelude to a Kiss
Round Midnight
Search for Peace
Sophisticated Lady
Summertime
When I Fall in Love
When Sunny Gets Blue
Yesterday (old)


BLUES


Au Privave
Bag's Groove
Barbados
Bass Blues
Bessie's Blues
Billie's Bounce
Blue Monk
Blue Seven
Blue Train
Blues by Five
Blues for Alice
Cousin Mary
Dr. Jackel
Equinox
Freddie the Freeloader
Isotope
Israel
Mr. P.C.
Now's the Time
Some Other Blues
Sonnymoon for Two
Straight,, No Chaser
Traneing In
Vierd Blues
Walkin'


BOSSA-NOVAS


500 Miles High
Blue Bossa
Manhã de Carnaval
Ceora
Coral Keys
Desafinado
Garota de Ipanema
Insensatez
Meditação
O Grande Amor
Amor em Paz
Pensativa
Corcovado
Recordame
Shadow of Your Smile
Song for My Father
Triste
Watch What Happens
Wave


JAZZ ORIGINALS


Con Alma
Dolphin Dance
E.S.P.
Falling Grace
Forest Flower
Fortune Smiles
Freedom Jazz Dance
Molten Glass
Nefertiti
Seven Steps to Heaven
Shades of Light


TEMAS de BEBOP


Afternoon in Paris
Airegin
Along Came Betty
Anthropology
Cherokee
Confirmation
Countdown
Daahoud
Donna Lee
Doxy
Four
Giant Steps
Grand Central
Groovin' High
Half Nelson
Have You Met Miss Jones
Jeanine
Jordu
Joy Spring
Killer Joe
Lazy Bird
Moment's Notice
Nardis
Nica's Dream
Night in Tunisia
Oleo
Ornithology
Scrapple From the Apple
Softly, As In a Morning Sunrise
Solar
Stablemates
Tune-Up
Well, You Needn't
Whisper Not
Woody'n You
Yardbird Suite


SAMBAS


Captain Marvel
Samba de Uma Nota Só
Spain
St. Thomas


COMPOSIÇÕES MODAIS


All Blues
Atlantis
Cantaloupe Island
Genesis
Hummin'
Impressions
Joshua
Las Vegas Tango
Little Sunflower
Maiden Voyage
Milestone (new)
Nutville
So What
Straight Life
Witch Hunt


VALSAS 


A Child Is Born
Alice in Wonderland
Beautiful Love
Black Narcissus
Blue Daniel
Bluesette
Elsa
Floating
Fly me to the moon
Footprints
La Fiesta
My Favorite Things
Someday My Prince Will Come
Tenderly
Up Jumped Spring
Valse Hor
Very Early
Waltz for Debbie
West Coast Blues
What Was
Windows




fonte                                                                           
Jazz - Volume 1 (Jamey Aebersold);
significados (site);