sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Benefícios Intrínsecos da Música

 Ganhei uma breve leitura sobre Música e Neurociência, e não poderia deixar de postar algo sobre ela, afinal, é um assunto curioso e que gosto bastante. 
Digo que a cada nova busca pelo tema, torna-se mais evidente o quanto o estudo da música é benéfico para o indivíduo. 
 Separei alguns trechos do livro para tomarmos conhecimento e refletirmos juntos. Vamos lá?

 Segundo a autora, durante o processo de estudo musical, são desenvolvidas e estimuladas várias áreas neurológicas de ambos hemisférios cerebrais.
Tocar um instrumento ativa simultaneamente as múltiplas áreas do encéfalo; trabalha a conexão entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro; ajuda a solucionar desafios de planejamento, estratégia e atenção a detalhes; melhora o funcionamento e a eficiência da memória.
 Sem contar a possibilidade de conectar a música com assuntos de outras áreas do conhecimento.

M.I.T.
 Durante anos, neurocientistas realizaram pesquisas sobre os benefícios da instrução musical para o ser humano. A memória, a resolução de problemas, o processamento sequencial e o reconhecimento de padrões são alguns dos benefícios observados durante o aprendizado.
 Os professores de Neurociência do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Nancy Kanwisher e Josh H. McDermott, relataram os resultados de sua pesquisa na revista científica Neuron e suas descobertas forneceram aos estudiosos de didática musical uma rica ferramenta para explorar os contornos da musicalidade humana. 
 

 A prática disciplinada e estruturada de tocar um instrumento fortalece as funções cerebrais, permitindo aplicar os mesmos mecanismos cognitivos em outras atividades, acadêmicas ou sociais.
 Estudos de neuroimagens baseados em ressonâncias magnéticas, demonstraram que várias regiões do nosso cérebro são ativadas em conjunto quando tocamos um instrumento, mais do que quando simplesmente ouvimos as canções. A implicação dessas descobertas, bem como a maneira como o aprendizado da música beneficia mormente nossas capacidades cognitivas, estão sendo analisadas pela neurociência e tem obtido avanços significativos.
Nancy Kanwisher
Nancy Kanwisher

 Tocar um instrumento desenvolve a disciplina e a responsabilidade, exige concentração, aprimora a coordenação motora, aperfeiçoa o aprendizado linguístico (língua materna e outras) verbais ou não verbais, facilita a compreensão de raciocínios matemáticos, etc.

 Ao tocar um instrumento, o cérebro potencializa a produção de endorfina (hormônio responsável, entre outras atribuições, pela melhora do humor) e de ocitocina (responsável pela autoconfiança e pela empatia, entre outras funções).

Josh H. McDermott
Josh H. McDermott
 Tocar um instrumento, desenvolve o lobo occipital, que processa os estímulos visuais, e os lobos temporais, que processam estímulos auditivos; estimula o córtex-motor e o córtex pré-frontal, auxiliando na aprendizagem motora e nos movimento de precisão; possibilita ao estudante aprimorar sua concentração e sua reflexão sobre diferentes temas (musicais e não musicais); enriquece o pensamento; estimula respostas afetivas e ligações emocionais (empatia); flexibiliza os julgamentos e reeduca as vontades e sensações de satisfação imediata.
 No momento que está acontecendo o aprendizado, vale destacar três aspectos importantes:
 a) a coordenação motora responsável pelos movimentos necessários para tocar com ambas as mãos, isso exige concentração;
 b) o aspecto visual: o aprendiz observa e inicia o processo de imitação dos movimentos que foram executados;
 c) o aspecto auditivo: a audição é responsável também pela verificação. O estudante escuta os sons (nota, frase, acorde, etc), e em seguida faz as comparações quando os executa no instrumento.

 Estudos com Ressonância Magnética Funcional por Imagem e com Eletroencefalograma (EEG) comprovam as teorias quando mostram os parâmetros de estado do encéfalo humano vivo em tempo real. A ressonância mostra, pelo aumento na concentração de fluxo sanguíneo nas diversas regiões anatômicas, que a exposição de sujeitos a tarefas cognitivo-motoras resulta em aumento de ativação de áreas de projeção.


 O estímulo sonoro aumenta as conexões entre os neurônios. De acordo com a ciência, quanto maior a conexão entre os neurônios, mais desenvolvido será o indivíduo.

 Quando o músico toca uma peça, por exemplo, seu cérebro produz endorfina, um neurotransmissor utilizado pelos neurônios na comunicação do sistema nervoso que proporciona a elevação da autoestima e reduz sintomas depressivos e de ansiedade.


  Devido também a exigência da concentração no ato de tocar um instrumento, o praticante pode distanciar-se emocionalmente de problemas que esteja enfrentando, diminuindo o estresse causado pela situação, alcançando relaxamento.
 Estudiosos ligados a área da neurociência relacionam que a música possui diversas funções, a saber: ela expressa sentimentos, dá prazer estético, diversão, representação simbólica, integração social. Sobre mais detalhes, vide a postagem Funções Sociais da Música.
  Além das inúmeras contribuições intrínsecas da música, o estudo da mesma também possibilita conhecer e refletir sobre várias culturas, histórias, sentimentos e emoções. Proporciona saúde mental, espiritual, motora, entre outros.





fontes                                                                                         
Neurociência e Música (Cristina Melo Garcia);
 Canto Criativo (youtube);
drathaniarossi_neuro;
wikipedia;

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Pra Frente, Brasil!!

 De quatro em quatro anos, esperamos saber qual será a nação campeã mundial de futebol, assim como, qual ou quais serão as músicas tema da Copa do Mundo. Naquela ocasião não foi diferente.

 O ano era 1970. Em meio a ditadura militar no Brasil, a seleção brasileira participava da Copa do Mundo no México e seria tricampeã, tornando-se o país do futebol. Um time que ainda hoje é considerado o melhor de todas as Copas - Pelé, Rivelino, Tostão, Gerson, Jairzinho, etc.


 Na copa de 70, o Brasil era o maior favorito a levar o prêmio. A seleção, no entanto, teve uma estreia ruim, mesmo com a vitória da partida. A Tchecoslováquia saiu na frente durante a partida, mas os jogadores Rivelino, Pelé e Jairzinho viraram o placar ao fim do jogo. Na grande final, Brasil e Itália disputavam o título, além da grande honra de ser o primeiro tricampeão da competição mundial.

 Lembrada por muitos até hoje a canção Pra Frente, Brasil foi o tema da seleção de 70.

 A canção pouco tem a ver com o sucesso de Pelé e companhia nos gramados mexicanos, mas sim com uma suposta ideia de progresso e unidade nacional, o que também foi alardeado pelo governo militar à época. Nenhuma outra "música de Copa" teve tanto sucesso.

 A canção se instalou no imaginário do torcedor brasileiro, principalmente devido ao ineditismo das transmissões ao vivo do Mundial na TV.
 A Globo, que buscava se consolidar como a principal emissora do país, realizou um concurso musical que escolheria a canção oficial da seleção no México.




 A letra de "Pra Frente Brasil" ganhou a melodia do trombonista Raul de Barros e venceu o concurso da Globo. Composta pelo publicitário Miguel Gustavo, musicista que ganhou bastante atenção nos anos anteriores por ter composto sambas e algumas marchinhas, e que já havia trabalhado em composições com o cantor Moreira da Silva.

 Na música, a soma de elementos a tornou um sucesso. Isso porque, desde a utilização de assobios, bem como a presença diferente da orquestra Coral de Joab, a canção consegue cativar o público brasileiro. A música em questão era completamente diferente das que estavam sendo lançadas no momento e isso chamou a atenção dos jurados e do público na competição.

 A letra ufanista, somada ao triunfo no México, caiu como uma luva nas mãos da ditadura militar. O governo de Emílio Garrastazu Médici aproveitou o sentido patriótico da canção para propagandear o chamado "milagre econômico". O governo Médici aproveita o clima de euforia nacional para massificar campanhas publicitárias ufanistas, utilizando músicas, artistas, slogans, anúncios e filmes.

 Pouco criativos, os publicitários do governo copiaram slogans nacionalistas e xenófobos de outros países. "Ninguém segura mais este país" era adaptação de "Nadie Detiene España", utilizada pelo ditador espanhol Francisco Franco. "Brasil, ame-o ou deixe-o" era cópia de "America, love it or leave it", slogan dos defensores da guerra dos Estados Unidos contra o Vietnã.

 A canção também trazia versos como "Parece que todo o Brasil deu mão!", passando uma falsa imagem de unidade justamente no auge da repressão, endurecida com o AI-5 instituído em 1968. E não traz boas lembranças a todos.

 Em entrevista à coluna de Juca Kfouri em 2014, a ex-presidente Dilma Rousseff diz sentir dor ao ouvir "Pra Frente Brasil", por associar com a tortura que sofreu na época. Reação muito diferente da que tem Regina Duarte (atriz e ex-secretária da cultura). Ela se lembra com saudade dos tempos da ditadura e cantou a canção em entrevista à CNN.


 "Pra Frente, Brasil" fez escola. A partir dela, as músicas do gênero deixaram de exaltar pessoalmente este ou aquele jogador. O mote principal passou a ser a emoção do torcedor.






fontes                                                                          
Museu do Futebol;
Arquivo pessoal

domingo, 30 de outubro de 2022

Water Games (Carlo Domeniconi)

 Desde que voltei ao Brasil, em 2009, conheci, iniciei e ainda hoje tenho muito orgulho de ser um colaborador na Escola de Música e Estúdio de Gravação Bom Sucesso, localizada em São Paulo.
França Sousa


 Entre vários locais onde trabalhei, essa é uma escola onde percebo a seriedade, preocupação, comprometimento e a incessante busca pela excelência no ensino. Esses são motivos que mantém minha admiração e vontade de permanecer.
André Santos

 Muito obrigado aos administradores França Sousa e André Santos, por tantos ensinamentos na música e na vida. Vocês são grandes músicos e humanos! Sinto muita gratidão por fazer parte do time Bom Sucesso!!


 A aula foi com a querida musicista Renata Lobo. O propósito do encontro foi colocar em prática e aprimorar a leitura musical.
 Lemos a peça Water Games, escrita para dois violões. A composição faz parte da suíte Water Music, escrita pelo compositor italiano Carlo Domeniconi.

 


 Adquiri essa partitura em meados de 1999, quando estudava violão erudito na Escola Municipal de Música Erudita, em São Paulo. Desde então, a Renata Lobo foi a primeira aluna a encarar esse dueto. 
 
 Confesso que fiquei surpreso com o resultado da junção dos violões...curti bastante a sonoridade dessa peça.

 Parabéns "Lobo San"!!! E que venham muito mais canções para o desenvolvimento musical.

 

fonte                                                     :
arquivo pessoal Renata Lobo;
meu arquivo pessoal;
wikipedia;

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Waltel Branco, o Maestro Escondido

 Dias atrás, minha filha de 5 anos chegou da escola cantarolando a famosa melodia da Pantera Cor de Rosa. Logo, me lembrei de uma leitura realizada há tempos atrás sobre Waltel Branco. Decidi então, compartilhar um pouco da história deste brilhante músico com vocês. Vamos conhecer um pouco sobre esse rapaz?


 No ano de 1929, nasce Waltel Branco em Paranaguá, cidade litorânea do estado paranaense.
 Vindo de uma família de músicos, logo cedo o garoto teve contato com esta arte, aprendendo violão e bateria. Mais tarde, estudou cavaquinho, violoncelo, órgão e harpa. A música e a religião marcaram sua infância e juventude.

 V
ivendo entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro, seus estudos de música foram consolidados quando frequentava um seminário, onde tomou lições com vários mestres que contribuíram para sua formação musical.

 Aos 29 anos, foi para o Rio de Janeiro e logo em seguida, junto à cantora Lia Ray partiu para Cuba, trabalhando como violonista, arranjador e diretor musical do projeto. Lá estando, chegou a tocar com Perez Prado, Mongo Satamaria e Chico O'Farrel.

 Por volta de 1952/53, nos EUA, tocou no trio do baterista Chico Hamilton.
 Retornando ao Brasil, desenvolveu uma grande parceria com João Gilberto, sendo seu arranjador, além de amigo. Walter acabou exercendo um papel fundamental na formatação da bossa nova.

 Após passagem pelos continentes europeu e asiático, decidiu retornar aos Estados Unidos para estudar música e trilha sonora, tendo contato com o maestro Stanley Wilston e com o violonista Sal Salvador (instrumentista de Nat King Cole). Por lá, Waltel produziu um disco para Natalie Cole, e outro para Fred Cole, filha e irmão de Nat.

 Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita, em meio a grandes nomes, acabou conhecendo e integrando a equipe do maestro/compositor Henry Mancini, gigante das trilhas sonoras. 


 Atuou nos Estados Unidos, Europa, Japão, e participou de uma das composições
 mais famosas do cinema, a do filme A Pantera Cor e Rosa.

 Ainda nos EUA, Waltel Branco trabalhou e gravou com Charles Mariano, Sam Noto, Franco Rosolino, Max Bennett, Mel Lewis e Dizzy Gillespie.

 No período em que residia na Espanha, chegou a estudar violão com o grandioso Andrés Segóvia. Chegou também a lecionar música na Índia, ao lado de renomados maestros.

 Por volta de 1963, conheceu o empresário Roberto Marinho, e este por sua vez, o convidou para integrar um seleto time de músicos da recém emissora Rede Globo. Na equipe estavam: César Guerra Peixe, Guido de Moraes e Radamés Gnatalli.

 Waltel Branco, além de instrumentista, foi compositor, arranjador, maestro e produtor, trabalhando com inúmeros nomes da música, entre os quais: João Gilberto; os irmãos Nana e Dorival Caymmi; Baden Powell; Chico Buarque; etc.

 Como arranjador, fez trabalhos para: Tom Jobim, João Gilberto, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Djavan, Tim Maia, Cartola, Gal Costa, Cazuza, Roberto Carlos, Zé Keti, Vanusa, Sérgio Ricardo, entre inúmeros outros. Chegou a fazer um arranjo do Hino Nacional Brasileiro para que a Orquestra de Viena executasse.

 Como compositor, suas músicas foram gravadas por diversos artistas nacionais e internacionais, como: a cantora Elis Regina; a violonista grega Eva Fampas; etc.

 Recebeu em 2012, pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), o título de doutor honoris causa como compositor, arranjador e multi-instrumentista paranaense. Foi a primeira vez que a instituição concedeu esse título a um músico.

 Waltel Branco, morreu em 2018, aos 89 anos.

 Um breve relato da história do maestro, está contado no premiado documentário "Descobrindo Waltel(2005)de Alessandro Gamo.
 
 Vale a pena conferir também o documentário "Walter Branco, o Maestro", no canal do youtube, Max Olsen






fontes                                                                                               :

sábado, 27 de agosto de 2022

Carimbó

 Carimbó, inicialmente, denominação de tambores de tronco de árvores escavadas, com uma das extremidades recoberta por pele de animal silvestre. Na dança usam-se, sempre, dois ou três tambores de tamanhos variados, que são cavalgados pelos tocadores que os batem com as mãos.

 A dança caracteriza-se por pares soltos e os tocadores não dançam.

 Encontramos o Carimbó no Norte do Brasil, quase que exclusivamente no Amazonas e Pará, e o instrumental utilizado varia de acordo com as predileções ambientais das zonas onde incide a dança.


 Além do nome Carimbó, podemos encontrar outras denominações como Curimbó, Corembó, Curimã.
instrumentos típícos

 A indumentária é simples, porém sempre florida, rendada e vistosa.


 O Carimbó, como dança, tem várias coreografias, como a da Onça, do Macaco, do Jacaré-Coroa e a do Peru. Esta última é a dança mais interessante e curiosa do Carimbó, pois requer do dançador habilidades especiais de apanhador de lenço e mímicas de alusão a essa ave.


 Segundo o poeta e folclorista Bruno de Menezes, o Carimbó tem a seguinte classificação:

 Carimbó praieiro: Zona Atlântica do Pará;

 Carimbó pastoril: Ilha do Marajó;

 Carimbó agrícola rural: das cidades de Santarém e Alenquer, no Baixo Amazonas.


 Nomes fortes do Carimbó:

 Augusto Gomes Rodrigues, o mestre Verequete (1916 - 2009);

 Pedro Ivo Ferreira Caminhas, o Pinduca (1952 - 2021);



fonte                                                                         

Brasil, Música e Folclore (Neide Rodrigues Gomes & Esmeralda B. Ruzanowski)

quarta-feira, 13 de julho de 2022

66 Anos do Arismar do Espírito Santo

 Essa publicação carrega a intenção  de propagar a genialidade da música de Arismar.

  Arismar é um músico completo. Sua maneira de tocar e compor, sob a força máxima da intuição e espontaneidade, as harmonias inusitadas, os improvisos melódicos, o ritmo contagiante e a criatividade têm sido sua marca registrada.
 
 Traz para suas composições e interpretações, as linguagens desenvolvidas nos vários instrumentos que toca.

 Recebeu o Prêmio Sharp de Música e foi eleito um dos 10 melhores guitarristas e violonistas do Brasil pela Revista Guitar Player.

 Arismar assina e dirige vários projetos, assim como, tem ministrado Master Classes e apresentado concertos em circuito universitário dos EUA, na Dinamarca, Argentina, Uruguai e em várias cidades brasileiras. 

 Foi artista residente na Suiça, onde ministrou aulas de criação musical e realizou concertos.


 Com uma vasta discografia e enorme musicalidade, Arismar do Espírito Santo é um entre inúmeros grandes músicos brasileiros, que infelizmente ainda é desconhecido da grande massa.

 O material audio/visual foi coletado do concerto realizado no Sesc Pompeia, onde o músico convidou grandes artistas (galera da pesada) para fazer música!!



fonte                                                                  :

Site Oficial;

acervo pessoal;

Sesc;

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Pequena História da Música

 Primeiros Sons

 Desde a Pré-História, os seres humanos produzem sons com base no que ouvem na natureza, como os trovões, o barulho das ondas e o barulho do vento balançando as árvores. Tais ruídos, porém, ainda não eram vistos como uma expressão musical propriamente dita.

 Criada Pelos Deuses?

 Em diversas culturas, como a egípcia e a mesopotâmica, a música era muito presente como elemento religioso. 
 No Egito Antigo, por exemplo, por volta de 4 mil a.C, acreditava-se que a música era uma forma de arte inventada pelos deuses Thoth e Osíris para civilizar o mundo. Nesse período, eram usados diversos instrumentos como harpas, flautas e de percussão.

 O Nome das Notas

 Os nomes das notas musicais como conhecemos hoje foram dados por um monge italiano chamado Guido D'Arezzo, nascido no fim do século X. Ele utilizou um hino em louvor a São João Batista, do qual foram aproveitadas as primeiras sílabas de cada estrofe com exceção das notas si - que foi nomeada a partir das iniciais de Sanct Iohannes (São João) - e dó -, nomeada em uma revisão do sistema musical, realizada no século XVII.

 Matemática e Música

 Pitágoras foi quem estabeleceu uma relação entre a matemática e a música, descobrindo assim as notas e os intervalos musicais. O filósofo grego dizia que "o universo era uma escala ou um numero musical cuja própria existência se devia à sua harmonia".

 Mousiké

 Na Grécia Antiga, a cultura musical funcionava como um elo entre os homens e as divindades.
 A palavra "música" provém do grego, mousiké, que significa "a arte das musas". As musas eram ninguém menos que as deusas que guiavam e inspiravam as ciências e a artes;

 Música na Idade Média

 Durante a Idade Média a Igreja Católica exercia bastante influência na sociedade europeia, ditando a conduta moral, social, política e artística a ser seguida, e a música era parte importante das missas.
 No século VI, por exemplo, o papa Gregório estabeleceu as regras para o canto que deveria ser entoado na igreja, sem acompanhamento instrumental, que deu origem ao canto gregoriano.

 Música Durante a Ditadura Militar Brasileira

 Além de ser um instrumento de manifestação cultural e um recurso para ritos religiosos, a música também pode ter finalidade política. 
 Um grande exemplo é a produção musical durante a ditadura militar brasileira, que ocorreu de 1964 à 1985. Na época, muitos músicos contestavam a ditadura por meio da música, como Chico Buarque com a canção Apesar de Você.




fonte                                                                         
101 Curiosidades Música (Ciranda Cultural);

segunda-feira, 30 de maio de 2022

ASLAP - Uma Música Muito Longa


 O estadunidense John Milton Cage Jr. nasceu em 1912. Entre algumas de suas ocupações, citamos: escritor, poeta, filósofo, pintor, desenhista, musicólogo, teórico musical, 
professor universitário.


 No campo da composição, foi um dos primeiros a usar instrumentos incomuns, além de usar instrumentos comuns de modos não convencionais. Foi também o pioneiro da música aleatória, considerado por alguns críticos como um dos compositores mais influentes do século XX.



 Estudou composição com Arnold Schoenberg, Henry Powell e Adolph Weiss no início dos anos 30. A música de Cage foi muito influenciada pelos seus estudos de filosofia indiana e o zen budismo, na década de 1940.



 Uma de suas obras mais conhecidas é a Imaginary Landscape No. 1. 



 Outra obra de caráter provocativo é a chamada 4'33". Estruturada em três movimentos e composta em 1952, Cage questiona o paradigma da música ocidental, como sendo uma série ordenada de notas.



 Há também a excêntrica composição Water Walk.



 A próxima é no mínimo bastante curiosa.
 A música  é tida como a composição mais lenta e mais longa jamais apreendida. Não possui duração de algumas horas, mas, sim, de anos: 639, precisamente.
 Começou a ser tocada em setembro de 2001 na Igreja de St. Burchardi, na cidade alemã de Halberstadt, e seguirá tocando até o ano de de 2640.
 Composta em 1985 e com o título de As Slow as Possible (ASLAP), a canção é produzida por um órgão, cujas notas tocadas mudam ao longo dos anos. 



  Você, que neste momento leu ou está lendo esta postagem, certamente não escutará uma canção mais longa que a de John Cage. E acredito que provavelmente, também não conseguirá ouvi-la até o fim. 😂



fontes                                                                               

101 Curiosidades Música (Ciranda Cultural); 

 John Cage website;

Multiplicidade website;

Wikipedia;

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Canto Difônico

   Você sabia que uma pessoa, enquanto canta, pode produzir dois sons simultaneamente? 

  Originário dos povos mongóis e tuvanos,  o canto dos harmônicos ou difônico, é a emissão vocal de dois ou mais sons simultâneos executados por uma única pessoa. Em certas culturas, esse canto é utilizado para meditação.

 O canto difônico é bastante popular nos cantos tradicionais da Ásia Central e frequentemente usado pelas mulheres Xhosa na África do Sul.

 Já na América do Norte, seu uso se faz presente em grupos indígenas, como os Inuítes. Geralmente é entoado pelas mulheres, como cantigas de ninar.

 É também usado no Tibete pelos Lamas (título dado a um professor de darma, no budismo tibetano).


  Mas como é possível uma pessoa emitir dois sons ao mesmo tempo?

  A técnica consiste em manipular as cavidades bucais para a produção dos sons, resultando em algo bastante diferente. Confira nos vídeos a seguir, alguns exemplos de estilos e subestilos básicos usados pelo povo tuvano 👀.


Canto difônico Tuvano
 Indica a espiritualidade dos objetos da natureza, não somente seu formato ou localização. Imitação dos sons da natureza. 
 
Canto difônico Sygyt
 Sons claros e limpos; reminiscência harmônica do assovio.

Canto difônico Kargyraa
Técnica que produz um som incomum de subtons misturados com assovios agudos.

Canto difônico Khoomei
 Foca nos tons médios.

Canto difônico Dumchuktaar
 Cria-se um som familiar ao do Sygyt usando somente a canal nasal

Canto difônico Ezengileer
 Tenta imitar o estilo de um cavalo galopando.



fontes                                                                         
101 Curiosidades Música (Ciranda Cultural)

segunda-feira, 28 de março de 2022

Música do Século XX (parte II)

 Neoclassicismo

 Neoclassicismo é um termo que descreve um estilo de música do século XX caracterizado por forte reação do romantismo tardio. As tessituras extremamente espessas e congestionadas, exigindo uma massa de executantes, foram substituídas por uma clareza de linhas e tessituras características da música anterior ao período romântico. A expressão de emoções intensas era deliberadamente evitada.

 na verdade, porém, o neoclassicismo denotava a reelaboração de estilos, formas ou técnicas pertencentes a qualquer período anterior ao romantismo do século XIX - portanto, sem os vícios desta escola.
 Contudo, não deixavam por isso de imprimir em suas composições marcas bem próprias do século XX: modulações repentinas, súbitas "torções" melódicas e harmonias ousadas, quase sempre introduzindo deliberadamente "notas erradas" ou fazendo uso da politonalidade. "Ritmos motores" podem ser usados para impulsionar a música vigorosamente. As tessituras são frequentemente polifônicas, com estridentes dissonâncias que põe em grade relevo as linhas distintas do contraponto. As orquestras tornam-se menores e apresentam os instrumentos fazendo fortes contrastes de timbre. O estilo neoclássico é, em geral, propositadamente "frio" - dá especial preferência aos instrumentos de sopro e percussão, em detrimento da expressividade das cordas.
 Alguns compositores: Igor Stravinsky, Paul Hindemith, Francis Poulenc, Serguei Prokofiev.

Novos Sons, Novos Materiais

 Muitos compositores, à procura de novos materiais para incorporar à música, viram no Oriente uma bela fonte de inspiração. Por exemplo, Olivier Messiaen, tem usado em suas músicas ritmos hindus e padrões métricos da poesia clássica grega. No entanto, ele os desassocia de seis contextos e significados originais para que possam servir a seus propósitos. Outro material a exercer grande fascínio sobre Messiaen é o canto dos pássaros - tanto os de sua terra como os dos lugares mais exóticos do mundo. Os ritmos e sons desses cantos, por ele registrados com incrível precisão, tornaram-se a base de muitas de suas composições.
 John Cage é outro que se mostrou interessado tanto pela música como pelas filosofias orientais. Cage criou novos sons "preparando" o piano: nozes, correntes, parafusos, pedaços de borracha e de plástico eram inseridos sobre e sob certas cordas desse instrumento. isso afetava tanto o timbre como a afinação das notas, produzindo sonoridades profusamente variadas, a sugerir sinos, gongos e tambores orientais.
 Krzysztof Pendereck também experimentou novas sonoridades. às vezes, ele pede que os instrumentos da cordas sejam tangidos entre o cavalete e o estandarte., ou sore o próprio estandarte, ou que o som seja tirado batendo-se com o talão do arco sobre a caixa de ressonância. Fez uso de microfone, clusters, falas, murmúrios, gritos, sussurros, assovios, silvos, etc.

Música Concreta

 No final da década de 40, o compositor francês Pierre Schaeffer começou a fazer experiências com o que chamou de musique concrète - música composta de forma "concreta", diretamente sobre fitas magnéticas, sem a abstração da simbologia musical.
Os sons por ele registrados eram sons naturais, como o de uma porta batendo, uma rolha saltando da garrafa, etc. Em seguida, esse material era transferido para outra fita, em que os sons eram misturados, superpostos e modificados de diversas maneiras. Pode-se modificar a altura do som alterando-se a rotação da fita, ou tocá-lo no sentido inverso. A composição resultante é uma montagem de sons armazenados em fita, que pode ser tocada à vontade, dispensando a figura do intérprete.

Música Eletrônica

 Originou-se na Alemanha, na década de 1950, e inclui todos os sons registrados por microfones e também aqueles produzidos por geradores eletrônicos de sons. O componente básico da produção sonora é o oscilador.
 Os sons produzidos podem tanto ser "puros" (sem a série harmônica ou sobretons) como "impuros", dependendo da vontade do compositor. Outro tipo de sonoridade é o "som branco" - um ruído parecido com uma rajada, obtido pela soma de todas as frequências audíveis.
 Os sons podem ser eletronicamente modificados de várias maneiras, incluindo-se o ajustamento de volume, a filtragem (supressão de frequências indesejadas) a adição de vibratos ("ondeamento"), reverberações, ecos. Os sons podem ser mixados juntos, sobrepostos ou divididos em fragmentos distintos. Determinados sons também podem ser gravados em diferentes pedaços de uma fita para depois serem juntados, ou se pode fazer uma fita que retorne após o final, de modo a se repetirem os sons, criando-se assim um efeito de ostinato.
 Uma composição eletrônica pode consistir somente em sons gerados eletronicamente, pré-gravados em fitas ou manipulados "ao vivo" diante do público. Ou pode ser a combinação de sons com vozes ou instrumentos, soando naturalmente ou transformados por processos eletrônicos, ao vivo ou gravados.
 Alguns compositores: Karlheinz Stockhausen, Luciano Berio, Luigi Nono.
 

Serialismo Total

 Em 1949, Messiaen compôs uma peça para piano baseada em séries fixas, não somente alturas, mas também de duração, dinâmica e de toque (maneira de produzir o som). Isso levou o próprio Messiaen e seus dois discípulos, Pierre Boulez e Stockhausen, a fazerem experiências com o serialismo total, onde a altura, duração, dinâmica e o toque da série de 12 elementos são inteiramente controlados pelos princípios serialistas de Schoenberg. Boulez foi o primeiro a usar o serialismo total em sua obra.
 Mais tarde, Stockhausen chegou à conclusão de que qualquer aspecto do som poderia ser controlado pelos procedimentos seriais. Sua obra Gruppen usa uma escala de 12 tempos e é tocada por três orquestras, bem afastadas entre si, cada qual com seu regente.

Música Aleatória

 Enquanto o serialismo total e a música eletrônica permitem que o compositor tenha maior controle, a música aleatória procura maior liberdade, jogando com certo grau de imprevisibilidade e de sorte, tanto no processo da composição, quanto durante a execução da obra, ou em ambos os momentos. Quais notas e como usá-las, é uma decisão que o compositor pode tomar jogando dados. Ao executante se apresentam diversas alternativas, cabendo-lhe escolher que notas ou que parte da música irá tocar, e também em que ordem o fará. A altura das notas pode ser indicada, mas não sua duração, ou vice-versa. Também se pode pedir que ele contribua com algumas notas de sua escolha, tocadas de improviso. Em algumas pelas, nem mesmo as notas são fornecidas: apenas uma série de símbolos, um diagrama, um desenho, ou nada mais que uma ideia, tudo para se livremente interpretado.
 Tanto Cage quanto Stockhausen fizeram amplo uso de procedimentos aleatórios. Mas Stockhausen levou a música aleatória a um ponto extremo com aquilo que chamou de "música intuitiva". Em maio de 1968, ele se isolou por sete dias, sem comer, apenas mergulhado em profunda meditação. Disso resultou Aus den Sieben Tagen: Composition My 1968.




fontes                                                                                
Coleção História da Música - Vol. I (C. Miranda e L. Justus);
Uma Breve História da Música (Roy Bennett);
wikipedia.org;