quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Waltel Branco, o Maestro Escondido

 Dias atrás, minha filha de 5 anos chegou da escola cantarolando a famosa melodia da Pantera Cor de Rosa. Logo, me lembrei de uma leitura realizada há tempos atrás sobre Waltel Branco. Decidi então, compartilhar um pouco da história deste brilhante músico com vocês. Vamos conhecer um pouco sobre esse rapaz?


 No ano de 1929, nasce Waltel Branco em Paranaguá, cidade litorânea do estado paranaense.
 Vindo de uma família de músicos, logo cedo o garoto teve contato com esta arte, aprendendo violão e bateria. Mais tarde, estudou cavaquinho, violoncelo, órgão e harpa. A música e a religião marcaram sua infância e juventude.

 V
ivendo entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro, seus estudos de música foram consolidados quando frequentava um seminário, onde tomou lições com vários mestres que contribuíram para sua formação musical.

 Aos 29 anos, foi para o Rio de Janeiro e logo em seguida, junto à cantora Lia Ray partiu para Cuba, trabalhando como violonista, arranjador e diretor musical do projeto. Lá estando, chegou a tocar com Perez Prado, Mongo Satamaria e Chico O'Farrel.

 Por volta de 1952/53, nos EUA, tocou no trio do baterista Chico Hamilton.
 Retornando ao Brasil, desenvolveu uma grande parceria com João Gilberto, sendo seu arranjador, além de amigo. Walter acabou exercendo um papel fundamental na formatação da bossa nova.

 Após passagem pelos continentes europeu e asiático, decidiu retornar aos Estados Unidos para estudar música e trilha sonora, tendo contato com o maestro Stanley Wilston e com o violonista Sal Salvador (instrumentista de Nat King Cole). Por lá, Waltel produziu um disco para Natalie Cole, e outro para Fred Cole, filha e irmão de Nat.

 Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita, em meio a grandes nomes, acabou conhecendo e integrando a equipe do maestro/compositor Henry Mancini, gigante das trilhas sonoras. 


 Atuou nos Estados Unidos, Europa, Japão, e participou de uma das composições
 mais famosas do cinema, a do filme A Pantera Cor e Rosa.

 Ainda nos EUA, Waltel Branco trabalhou e gravou com Charles Mariano, Sam Noto, Franco Rosolino, Max Bennett, Mel Lewis e Dizzy Gillespie.

 No período em que residia na Espanha, chegou a estudar violão com o grandioso Andrés Segóvia. Chegou também a lecionar música na Índia, ao lado de renomados maestros.

 Por volta de 1963, conheceu o empresário Roberto Marinho, e este por sua vez, o convidou para integrar um seleto time de músicos da recém emissora Rede Globo. Na equipe estavam: César Guerra Peixe, Guido de Moraes e Radamés Gnatalli.

 Waltel Branco, além de instrumentista, foi compositor, arranjador, maestro e produtor, trabalhando com inúmeros nomes da música, entre os quais: João Gilberto; os irmãos Nana e Dorival Caymmi; Baden Powell; Chico Buarque; etc.

 Como arranjador, fez trabalhos para: Tom Jobim, João Gilberto, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Djavan, Tim Maia, Cartola, Gal Costa, Cazuza, Roberto Carlos, Zé Keti, Vanusa, Sérgio Ricardo, entre inúmeros outros. Chegou a fazer um arranjo do Hino Nacional Brasileiro para que a Orquestra de Viena executasse.

 Como compositor, suas músicas foram gravadas por diversos artistas nacionais e internacionais, como: a cantora Elis Regina; a violonista grega Eva Fampas; etc.

 Recebeu em 2012, pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), o título de doutor honoris causa como compositor, arranjador e multi-instrumentista paranaense. Foi a primeira vez que a instituição concedeu esse título a um músico.

 Waltel Branco, morreu em 2018, aos 89 anos.

 Um breve relato da história do maestro, está contado no premiado documentário "Descobrindo Waltel(2005)de Alessandro Gamo.
 
 Vale a pena conferir também o documentário "Walter Branco, o Maestro", no canal do youtube, Max Olsen






fontes                                                                                               :