quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Música na Igreja

Entre os Santos e os Andores


Teto da nave central da Igreja São Francisco de Assis,
 em Ouro Preto (MG). Obra de Manuel da Costa Ataíde
   No seu dia a dia nada se nota, mas a igreja é uma espécie de máquina do tempo cultural. O mundo passa e ela persiste.
   A igreja pode pensar séculos adiante e se dar ao luxo de esperar, pois seu tempo é a eternidade.
   Não se pode dissociar a história da música da história da igreja. Que seria das bandas, dos corais, das organizações que morrem com seus entusiasmados líderes, não fosse a continuidade assegurada pela igreja, o edifício físico capaz de ser o repositório dos documentos e das partituras, como também a  igreja em seu espírito, assegurando a necessidade da presença da música.
Ilustrações da pintura no teto
da sacristia do Convento de
Santo Antonio de Igaraçu (PE).
   Além de preservar a música, a igreja não deixou também de registrar sua influência até mesmo na decoração do interior dos templos. Em sua monumental pintura para o forro da capela-mor de São Francisco de Assis, em Ouro Preto (MG), Manuel da costa Ataíde, talvez o maior de nossos pintores coloniais, seguramente seguia padrões europeus do século XVII ao incluir anjos-músicos e cantores. Mas Ataíde, que ajudou a nacionalizar a elegância e a leveza do rococó, tinha também diante de si, ao decorar com harpas e liras os tetos de mais de uma dúzia de igrejas mineiras, o rico universo musical da Colônia de então, ao qual a população tinha acesso constante, graças às festas cívicas e rituais promovidos pela igreja.

   Em 1776, nasceu em São João del-Rei a Lira São Joanense. Como quase toda irmandade musical religiosa da época, era formada por homens negros.
Página de rosto de manuscrito pertencente à Orquestra
Lira São-Joanense,São João del-Rei (MG)
   No dizer de Tancredo Neves (em entrevista), "a arte musical era entregue aos mulatos. Por um lado, a música para eles era a expressão, o lamento pela distante terra perdida. Por outro lado, pela música o mulato conseguia firmar-se em uma posição social melhor". Ainda segundo Tancredo, "todos os grandes compositores de São João del-Rei foram mulatos".
   Isso valia para toda Minas Gerais. José Joaquim Lobo de Mesquita (1746-1805), mestre-de-capela da Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Vila do Príncipe, hoje Serro, que teve influência decisiva na formação musical do final do século XVIII, pertencia ao Terço de Infantaria dos Pardos e à Confraria de Nossa Senhora das Mercês dos Homens Crioulos.
   A Lira São-Joanense toca nas igrejas e nas festas religiosas. Um de seus grande dias é a procissão do Trânsito de Nossa Senhora, em louvor de Nossa Senhora da Boa Morte, também chamada de Semana Santa dos Mulatos, promovida pela Confraria dos Negros e Mulatos da cidade.

1. Livros de Cânticos em notação gregoriana.
Museu da Música, Mariana (MG);
2. Estante de couro com livro de cânticos
na Igreja do Carmo, Recife (PE);
3. Detalhe do livro de cânticos sobre a estante.
   Irmandades como as de São João del-Rei bem ilustram a maneira como elas participaram da formação musical do Brasil, pelo ensino dos fundamentos técnicos da música, pelo ensaio e pela crítica constante e até pela geração da própria necessidade de mais músicos, de artesãos capazes de construir instrumentos para si próprios e para os demais membros.
Páginas de rosto de
manuscritos antigos.
Lobo de Mesquita.
   Uma das mais famosas nesse sentido, conhecida como grande celeiro de artistas pernambucanos, é a Irmandade de santa Cecília dos Músicos. Fundada por Luís Álvares Pinto, em 1789, na Igreja do Livramento, era constituída por músicos ou amantes da música. Em seus registros, propunha que "toda pessoa que houver de exercer a profissão de músico na Praça do Recife será primeiramente obrigada a entrar para a Irmandade".
Reprodução de gravuras que
representam trechos de uma
ladainha para Nossa Senhora.
Partes de uma coleção
conservada no Convento do
Desterro, em Salvador (BA).

   É evidente que a música aprendida em função da atividade religiosa não poderia ficar apenas presa à igreja. Teria que ir também para a rua e servir de meio à expressão da criatividade popular. A expressão "profana", quando usada nesse contexto, não significa necessariamente algo de pecaminoso. Apenas quer dizer "música não religiosa".

   Várias formas de música popular se originam dos conhecimentos adquiridos nos ensaios de coro nas igrejas e nos cantos das procissões. Quando repetidos em casa, aprimoram e inspiram o gosto pela música: ladainhas e novenas são cantadas enquanto se borda, se cozinha ou se lava a roupa, lado a lado com modinhas e canções de amor.
   Para quem se diverte numa festa de rua não há diferença entre a música de inspiração religiosa e a de sabor tipicamente popular.


Fonte                       
Modinha, Raízes da Música do Povo (José Rolim Valença);

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Texturas Musicais

A IMPORTÂNCIA DA MELODIA


   Você sabia que na África, existem povos cuja linguagem inclui palavras e frases com entonação melódica?
   Nessas línguas, uma mesma palavra pode significar até quatro coisas diferentes de acordo com o "tom" ou altura com que ela é pronunciada. A música dessas tribos utiliza tambores "falantes" que, habitualmente tocados, imitam as inflexões da linguagem e emitem mensagens que podem ser entendidas pelos membros da comunidade.
   Clique aqui e descubra mais...

ESTILOS MELÓDICOS


   O que é essa tal de polifonia, monofonia, etc?
   Ao longo da história da música, a melodia, o ritmo e a harmonia combinaram-se com maior destaque de um ou outro elemento. Existem quatro estilos principais, segundo a predominância de um elemento musical, e deles podem-se obter numerosas subdivisões.

- Estilo Monofônico


   Sua base é uma melodia pura, sem acompanhamento de nenhuma espécie. O canto gregoriano e quase toda a música da Antiguidade são monofônicos. Na atualidade, grande parte do legado musical do folclore também é de estilo monofônico.
   Ouça um exemplo de música monofônica.



- Estilo Polifônico


   Baseia-se no contraponto. 
   Contraponto é o resultado de várias linhas melódicas que soam de forma simultânea e independente e convergem para um todo harmônico. Esse foi o estilo praticado pelos grandes músicos a partir do século XIV.
   Do século XV ao XVII, a maior parte da música erudita era polifônica. Posteriormente, com o advento da melodia acompanhada, o contraponto passou a ser utilizado como um recurso de composição.
   Exemplo de polifonia.



- Estilo Homofônico


   Consiste em uma melodia com acompanhamento harmônico, de outras vozes ou de instrumentos que se subordinam a ela e reforçam-na, mas nunca a obscurecem. Quando um cantor se acompanha ao violão, por exemplo, ele pratica o estilo homofônico.
   Esse estilo foi muito comum a partir do século XVII, sendo preponderante até nossos dias, praticado por numerosos cantores e compositores.
   Confira a seguir. 

  

- Estilo Não-Melódico


   Nele, a melodia não é reconhecível sob nenhum aspecto ou perde seu caráter de elemento principal em favor de outras características musicais. 
  No estilo não-melódico se encontra a maior parte da música de vanguarda: concreta, abstrata, eletrônica e aleatória.




   Ainda que  se possa estabelecer uma sucessão histórica desses quatro estilos, todos eles coexistem na atualidade. Assim, por exemplo, há autores de vanguarda que cultivam a linha melódica ou o contraponto. Há compositores que se enquadram em cada um desses estilos, outros que os praticam indistintamente e que, além disso, possuem traços peculiares que constituem sua marca ou estilo pessoal.



Fontes                                      
Enciclopédia do Estudante 13, Música (Editora Moderna);
Super Interessante (www.super.abril.com.br);

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Francisco e Dilermando

   Anos atrás ganhei um livro de um aluno, o sr. Valdir. Agradeço muito por ceder-me a oportunidade de ler essa biografia do icônico violonista brasileiro, Dilermando Reis.
    Ao folhear algumas páginas, encontrei um pequeno trecho da história entre Dilermando e um cantor tal qual não imaginava ter convivido com o lendário violonista. Esse cantor é avô de um dos meus alunos. 
   Essa postagem dedico a família do cantor, que me acolheu com muito respeito; e ao Sr. Valdir que me presenteou com essa leitura.

Francisco Petrônio


   Francisco Petrônio, ex-motorista de táxi, começou a carreira artística tarde, aos 38 anos, por sugestão de um freguês, Nerino Silva, que trabalhava na rádio Tupi de são Paulo.
Francisco e Dilermando
   Francisco foi fazer um teste para cantor, concorrendo com 22 candidatos. Isso aconteceu numa terça-feira. Na quarta-feira ele já estava participando da programação da emissora, pois fora selecionado como o melhor. Isso ocorreu em 1961.
Long-Play "Cantando no Ponto"
   Airton Rodrigues convidou Petrônio para cantar em seu programa de TV "Cantando Com as Estrelas". Na ocasião ele recebeu o título de "Voz de Veludo".
   Quando o Sr. Palmeira assumiu a direção artística da Continental Discos, produziu um LP com o cantor, chamado "Cantando no Ponto". Com esse disco ele recebeu os prêmios "Chico Viola" e "Roquete Pinto".
   Planejando gravar uma série de serestas, o Sr. Palmeira pediu a participação do violonista Dilermando Reis, que fez questão de primeiro ouvir o cantor, tendo Petrônio vindo ao Rio de Janeiro somente para essa finalidade.
Capa do primeiro LP da
dupla Dilermando e Francisco
   Após o encontro dos dois, Palmeira deu início à produção do disco com o título: "Uma Voz e Um Violão em Serenata". O gênero seresta já estava sufocado pelos conjuntos da "Jovem Guarda" e pelos cantores e compositores da Bossa Nova.
   A ausência de discos com músicas seresteiras provocou um sucesso inesperado do disco. A vendagem do LP foi tão grande, que a Continental resolveu produzir uma série, que chegou a sete LPs. Depois que o cantor paulista começou a gravar com Dilermando Reis, seu nome passou a ficar conhecido em todo o Brasil.
Francisco Petrônio e Dilermando na época
que deram início as gravações da série:
"Uma Voz e Um Violão em Serenata"
   O texto da contracapa do LP, escrito por Kalil Filho, produtor da Rádio Tupi de São Paulo, foi extraído de uma entrevista concedida pelo cantor Kalil. Nesta entrevista ele pergunta ao cantor:
   - "Quem é o violonista que o acompanha nesse disco?"
   E Francisco Petrônio responde:
   - "É o professor Dilermando Reis, e com esse acompanhamento eu concretizei um sonho, o sonho de todo cantor brasileiro que gosta de seresta. Dilermando Reis é uma orquestra brasileira de cordas e percussão".
   O último LP dessa maravilhosa série foi lançado no ano de 1975, entretanto no mesmo ano foi lançado um LP com um apanhado de gravações anteriores, que teve o título "O Melhor de uma Voz e um Violão em Serenata".


Fonte                    
Dilermando Reis, Sua Majestade o Violão. Vida e Obra;

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Aula de Cavaco

    Roberto de Araújo, aluno de cavaco da escola de música Liverpool.
   Muito bom poder ajudá-lo a realizar seu desejo de aprender a tocar cavaquinho.
   Neste encontro tocamos a música "Direitos do Otário", interpretada pelo cantor, compositor, violonista e percussionista José Bezerra da Silva, um dos expoentes do samba de partido-alto.
   Bezerra estudou violão clássico por oito anos, e diga-se de passagem que foi um dos poucos partideiros da sua geração que lia partitura.




domingo, 30 de setembro de 2018

Três Curtas para Curtir

 Jogaram tanto confete no entrudo, que ele ficou civilizado


   Bastava chegar o carnaval, lá estavam os limões de cheiro, bisnagas d´água, farinha, tinta, quando não baciadas de excrementos e outras agressões. Entrudo, brincadeira de rua, conhecida desde a chegada dos portugueses, era atividade violenta.
Entrudo, ilustração de Debret.
   Escravos descontavam as diferenças nos senhores; e senhores ficavam nas sacadas sujando quem passasse embaixo. Não escapava ninguém, até o imperador Pedro I brincava em casa, é claro.
   Jornais faziam campanhas pela pacificação da festa, até que, em 14 de fevereiro de 1857, no Rio, O Jornal publica a primeira censura ao entrudo. 
   Delegado de polícia da corte, Antônio Rodrigues proíbe a brincadeira sob pena de oito dias de cadeia e multa de 4 a 12 mil-réis.
   Não adiantou. Quando chegava o sábado de carnaval, a população não via a hora de ir para a rua se esbaldar, zombando até a Quarta-Feira de cinzas.
   Ao longo do tempo, confete, serpentina e lança-perfume abaram civilizando o entrudo.


Rouxinol do Brasil


   Num tempo em que mulher só cuidava da casa e dos filhos, Balduína de Oliveira Sayão - Bidu, como ficou célebre - deixou o amparo da família para tentar carreira de cantora lírica. Foi e venceu.
Bidu Sayão
   Nascida a 11 de maio de 1902, queria ser atriz. Impedida pela família, estudou canto. 
   Sua estréia não foi bem recebida: "Não tem voz para salões, quando muito para salinhas", comentaria, impiedoso, o crítico Oscar Guanabarino. A voz "pequena" não a intimidou.
   Estudou na Romênia e na França. Aprendeu a usar a voz; seu canto surpreendia pela clareza e pureza. Chamada "rouxinol" por Mário de Andrade, tornou-se a personalidade brasileira de maior projeção no canto lírico internacional.
   Apresentou-se nas maiores casas da Europa e, nos Estados Unidos, integrou o elenco do Metropolitan de Nova York até aposentar-se, em 1957.
   Às novas cantoras, aconselhava: "A voz é um instrumento de precisão, do qual não se deve abusar. Se estraga, não há conserto.
   Em 1995, foi enredo da Beija-Flor e musa do carnaval carioca, desfilando na Marquês de Sapucaí. Morreu a 12 de março de 1999, com quase 97 anos.


O samba que chegou a Marte


Jacqueline Lyra

   Em 12 de julho de 1997, o samba Coisinha do Pai, na voz de Beth Carvalho, chega a Marte para "acordar" o robô da sonda espacial Sojouner, da Nasa.
   A engenheira brasileira Jacqueline Lyra, que trabalhava no projeto, tinha a tarefa de acioná-lo por meio de som.
robô da Sojouner
   Assim costumava acordar os astronautas, com clássicos de Frank Sinatra, Pink Floyd, Ray Charles, Bob Marley. Mas Coisinha do Pai, um de seus sambas preferidos, mataria a saudade do Brasil e demonstraria o carinho dos cientistas da Nasa pelo robô.
   A composição de Jorge Aragão, Luis Carlos e Almir Guineto jamais tinha sido ouvida tão longe.
   Você sabia que o episódio do samba que foi a Marte virou filme?
   O curta Os Outros, de Fernando Mozart, narra relatório de que se encarrega um pesquisador marciano que vem ao Brasil querendo saber o que é a tal "coisinha do pai".




Fonte                     
O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular - Edição especial do professor;

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Vida de Virtuose Não é fácil

   Será que o virtuose é feliz? 

   No palco, diante das aclamações, certamente é. E no dia a dia, será?

   Uma categoria especial entre os interpretes são os virtuoses ou virtuosos. O dicionário Houaiss define que o virtuose é um artista que atinge altíssimo grau de conhecimento e domínio técnico na execução de sua arte.
    O futuro virtuose inicia a carreira como qualquer criança que resolve estudar música, influenciada ou não pelos pais. Só que desde o começo ele se destaca pela facilidade motora e por sinais de talento musical. Mas nem sempre os pais ficam felizes quando, diante de inúmeras carreiras, o filho decide ser músico pra valer.
   O jovem começa então a se dedicar ao instrumento escolhido e diante dos primeiros sucessos se empenha cada vez mais no estudo das escalas, métodos e peças musicais.
   Enquanto outras crianças jogam bola ou se penduram no computador, o futuro virtuose fica grudado no instrumento. Frequenta cursos regulares de música, cursos de férias, palestras, workshops, festivais, ingressa na universidade, faz mestrado no país ou exterior e assim, quase sem perceber, passa vinte anos de sua vida dedicado ao instrumento. Está pronto para lutar e conquistar um lugar ao sol. Entre milhares de crianças que começaram a estudar um instrumento, ele chega à "fórmula 1" das competições musicais.
   Tecnicamente e musicalmente preparado, com talento apurado ao máximo e dominando o repertório geralmente de cor, o virtuose entra na concorridíssima arena em busca do sucesso com o público.
   Os primeiros prêmios conquistados nos concursos nacionais e internacionais são importantes para dar impulso à carreira, assim como o é um bom agente que, em troca geralmente de vinte por cento do cachê, consegue contratos para recitais ou apresentações como solista de orquestra. Com nome e público conquistados (o que demora anos!), ele entra na roda-viva da carreira internacional. 
   Estuda oito ou mais horas por dia, viaja por vários países numa sucessão de aeroportos, hotéis, salas de ensaios e de concertos, e toca o mesmo concerto inúmeras vezes, com o entusiasmo da primeira vez.
   E assim, dia após dia, em pesados treinos, viagens e concertos, o virtuose geralmente só tem a visão da cidade por onde passa pela janela do táxi ou do hotel. Não sobra tempo para turismo. Vida de virtuose é glamorosa: aplausos, flores, fotos, entrevistas, dedicatórias nos discos, mas é feita também de privações comparáveis às dos monges de ordem rigorosa.
   Uma pianista que se levanta para agradecer os aplausos por uma maravilhosa interpretação pode passar a maior parte da vida sozinha, trabalhando arduamente sua técnica e interpretação durante incalculáveis horas sentada no desconfortável banco do piano, e nos braços, pela posição incômoda mas necessária para alcançar todas as teclas. Talvez a pior e mais antinatural posição seja a dos violinistas, que tocam com a mão esquerda quase deslocada; ou a dos flautistas, que usam as duas mãos permanentemente levantadas. Cinco minutos tudo bem, mas ficar nessa posição horas seguidas é extenuante.
   O drama do virtuose é que, ao contrário de outros profissionais, ele precisa treinar diariamente porque a memória muscular é frágil e necessita ser alimentada sempre. O famoso pianista Ignacy Paderewsky dizia que o segredo do sucesso era o treino por várias horas todos os dias. Ele explicava aos alunos: "Quando eu paro de estudar um dia, eu sinto. Quando paro dois dias, os críticos percebem. Quando paro três dias, quem percebe é o público".
Pablo Casals
   O virtuose e maestro espanhol Pablo Casals, indagado por um jornalista porque no auge de seus oitenta anos ainda estudava todos os dias, respondeu com modéstia: "Eu tenho a impressão que estou começando a melhorar". E Casals não era um músico qualquer. O crítico W. Schmid escreveu; "Ouvir Casals tocar violoncelo significa limpar a alma da rotina de dias comuns e transformar o coração numa igreja". Para conseguir essa fama, o artista, conforme Casals, "tem que sacrificar a vida inteira, renunciar a muitas coisas, contentar-se com o trabalho e alegrar-se com o progresso". 
   Mas não são apenas os músicos eruditos que precisam estudar diariamente. O saxofonista John Coltrane tem opinião parecida com a de Paderewsky: "Abandone o seu instrumento por uma semana que ele o abandona por um mês".
   William Styron, no livro Darkness Visible, demonstra que os artistas mais propensos a um desequilíbrio psíquico são os músicos. A apresentação a que o público assiste é uma série de sons que seguem e desaparecem imediatamente, ao contrário de pintores e escritores, cuja obra permanece para sempre.
John Coltrane
O virtuose precisa repetir sempre o processo de criação cada vez que se apresenta. O pintor pode corrigir uma possível falha no quadro, o escritor pode trocar palavras do romance. O virtuose não pode falhar. Um erro na interpretação é inapagável, não tem como voltar atrás.



Processo de Preparação


    O processo de preparação de composição musical a ser apresentada num concerto é longo. 
   Após escolher a obra, começa a parte mecânica, que é vencer os problemas técnicos: dedilhados, notas certas, ligaduras, acentos, dinâmica, afinação e outros garantem a reprodução exata da escrita. 
   Em seguida, começa o estudo da forma, do equilíbrio, dos temas e dos contrastes, das variações rítmicas, características estéticas e estilísticas. 
   Dominados esses itens, o virtuose começa a procurar sua concepção da obra, que vai diferenciar seu estilo ou aproximá-lo da interpretação de outros artistas. 
   Robert Schumann achava que "a técnica tem valor somente quando está a serviço das metas mais sublimes, de forma a alcançar, com perfeição, a execução da verdadeira música".
   A verdadeira função do virtuose é servir à música, usar as qualidades musicais para encontrar a melhor interpretação e assim realizar com perfeição uma composição musical. Um subproduto desse esforço é a fama. Para alcançá-la, o caminho é longo e árduo. Mas, para perdê-la, basta alguma indisposição e o público esquece as inúmeras apresentações brilhantes. Só se lembra daquela nota aguda que falhou naquele dia. Uma doença das cordas vocais, um reumatismo, um dedo machucado acabam com a carreira e a fama do virtuose, e ele volta a ser um mortal comum.
Jacqueline du Pré
   Uma violoncelista brilhante, a britânica Jacqueline du Pré (1945-1987), tão talentosa que, pelas interpretações incríveis, ganhou um Stradivarius de dois milhões de dólares de um anônimo mecenas. Jacqueline foi tomada pela esclerose múltipla, que começou a limitar seus movimentos de forma progressiva até paralisá-los totalmente, levando-a ao desespero e à morte prematura aos quarenta e dois anos.
   A maioria das pessoas que escolhe a música como profissão sonha conquistar a glória dos grandes virtuoses, como muitos soldados sonham chegar ao posto de general. Poucas conseguem. 
   Para os vencedores, o preço do sucesso é elevado. Renunciam a muitos dos prazeres de um mortal comum, enfrentam carreira insegura, competição feroz, impossibilidade de se aprofundar em outras áreas porque o instrumento lhes toma todo o tempo disponível. Sofrem com as frequentes viagens que desregulam totalmente o convívio familiar de um casal "normal".
   Não será o custo da fama e do sucesso alto demais? 




Fonte                   
Música é coisa séria...mas nem sempre. (Bohumil Med).

domingo, 29 de julho de 2018

Heitor Villa-Lobos

Eu Sou o Folclore


Heitor Villa-Lobos
   Se seguisse o desejo da mãe, Heitor Villa-Lobos teria sido médico. Preferiu abandonar a família e viajar pelo país, impregnando-se de nossos sons e ritmos. Apresenta-se na Semana de Arte Moderna de 1922, entre vaias e aplausos, regendo de chinelo. Tinha machucado o pé, mas entenderam como rebeldia.
   Fascina o pianista Arthur Rubinstein, que deseja ouvir suas composições. Villa-Lobos responde: "Não falo com pianistas. Eles só tocam Chopin, Beethoven e Mozart". 
   Vai para Paris, onde deixa claro: "Não vim estudar com ninguém. Vim mostrar o que fiz".


Guinchos, Pios e Baques


Raul Villa-Lobos
   Autodidata, Villa-Lobos é apresentado ao mundo musical pelo pai, Raul. Funcionário da Biblioteca Nacional e instrumentista amador, Raul exige o máximo do filho: quando ouviam o guincho da roda do bonde, um pio de pássaro ou o baque de um objeto de metal caindo, Villa-Lobos tinha de dizer a qual nota musical correspondia aquele som. Se errasse, castigo.
   Aos seis anos, o garoto já tocava violoncelo. Seria seu instrumento preferido. Aprende clarinete e, escondido da mãe, violão.
   Com a morte do pai, passa a frequentar rodas boêmias do Rio, convivendo com os sambistas e chorões como Anacleto de Medeiros, Sinhô, Donga, Ernesto Nazareth. Desses encontros nasceriam as séries de Choros e as Bachianas.
   

Franceses e Canibais

Lucie Delarue Mardrus

   Na estréia em Paris (1923), Villa-Lobos se surpreende com o artigo da jornalista Lucie Delarue Mardrus; pequena biografia conta fatos inusitados, como uma aventura na floresta amazônica, com tribo de canibais e danças rituais. A francesa lhe atribui a autoria de Viagem ao Brasil, do alemão Hans Staden (século 17), Villa-Lobos não desmente, contribuindo para aumentar o próprio mito a seu respeito.


Ouvido D'Alma


Vargas e Villa-Lobos
   Durante anos, muitos associaram o nome dele ao Estado Novo e criticaram sua atuação na ditadura de Vargas. Os biógrafos afirmam que ele se aproveitou do apoio estatal para realizar antigo sonho: educar musicalmente o povo brasileiro, a partir da infância. Comanda gigantescos corais. Organiza o Guia Prático, com pelas populares para ensinar música em escola públicas.
   O método de composição intrigava: criava ouvindo novela de rádio ou burburinhos infantis. Tom Jobim o visitava. Certo dia, vendo-o compor com gente tocando violão, flauta, ouvindo música, perguntou: "Maestro, o senhor não se sente incomodado com essa barulheira toda?" Ele responde: "Meu filho, o ouvido interno não tem nada a ver com o externo".


Sodade do Cordão

Sodade do Cordão

   No final da década de1930, Villa-Lobos cria o rancho carnavalesco Sodade do Cordão. O pesquisador Jota Efegê, em Meninos, eu vi, conta: "Lembro dele na frente, sorrindo feliz, de terno branco, chapéu, gelot, charuto no canto da boca, agitando os braços, puxando o bloco [...], inesquecível.



Oração Musical  


Heitor e Arminda
   Em 1948, descobre que está com câncer. É operado em Nova York. Arminda Villa-Lobos, dona Mindinha, a última mulher, narra: "Na véspera da operação, ele compôs uma maravilhosa música. Deu-lhe o nome de Ave Maria. Não era um homem religioso, ,as foi aquela a forma que encontrara para rezar. [...] Depois da doença, suas músicas ganharam uma característica diferente: eram mais violentas, mais fortes. ele gritava."
   Villa-Lobos morre em novembro de 1959, deixando obra monumental.
   "Minha inspiração são oito, dez, doze horas de trabalho por dia. Compondo de qualquer maneira, com dor de dente, com notícias desagradáveis, com dinheiro, sem dinheiro."



Fonte                       
O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular. Edição especial do professor;
www.spcuriosos.uol.com.br;
www.museuvillalobos.org.br;
www.repositorio.ufop.br;
www.acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias;
br.pinterest.com;

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Back in Black (AC/DC) Guitar Solo


   Após a morte de Bon Scott, muito falou-se sobre o fim do grupo, algo que foi considerado pelos próprios membros.
   Entretanto, quando Brian Johnson foi integrado para ocupar o lugar de Bon, eles compuseram essa melodia para simbolizar a volta por cima (Back in Black pode ser traduzido como De Volta do Luto).
   O álbum se revelou uma grande homenagem para o vocalista falecido, começando pela capa negra em demonstração de luto.
   A parte da letra que diz "esqueça o carro fúnebre, porque eu nunca morri", significa que Scott viverá para sempre através de sua música.
   A canção ficou em 4º na lista das 40 maiores canções de metal do canal estadunidense de televisão VH1.
   Ficou também em 187º na lista das 500 melhores canções de sempre da Rolling Stone.


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Grande Dama do Samba

     O Mês de abril de 2018 ficou marcado pelo fim do quase centenário da cantora e compositora Ivone Lara, que posteriormente, em forma de respeito, ganhou o "Dona" antes do primeiro nome.
   Nascida e criada em berço musical, marcando época na ala de compositores da Escola de Samba Império Serrano, optou por seguir sua vida e criar sua família exercendo as funções de Assistente Social e enfermeira até sua aposentadoria, quando se dedicou exclusivamente à carreira artística, cujo legado já está perpetuado na história musical brasileira.
   Enfrentando o preconceito por ser mulher, negra, de origem humilde e sambista, Dona Ivone está entre as principais compositoras do samba nacional, tendo migrado também para a MPB, com composições consagradas nas vozes de diversos artistas, entre elas Sonho Meu, cantada por Maria Bethânia.
   Rompendo paradigmas em um território tradicionalmente masculino, essa mulher compositora, negra e pobre galgou os caminhos tortuosos da vida, dividindo-se entre a carreira profissional e a família até se embrenhar no mundo artístico, deixando para sempre seu nome gravado na história do samba e da MPB.
   

Nasce Uma Estrela


   Em meio às transformações urbanas e sociais que o Rio de Janeiro sofria, nascia aos 13 dias de abril de 1921, no bairro de Botafogo, Yvonne Lara da Costa, filha de João da Silva Lara, violonista e componente do "Bloco dos Africanos", e Emerentina Bento da Silva, cantora do rancho "Flor de Abacate".
   Essa história começa bem antes de uma câmera fotográfica focar pela primeira vez nossa personagem, que diz não ter fotos de sua infância, mas falava sobre o período, com o tom de voz sempre sereno e conformado, da precoce perda do pai de quem não tinha lembranças, já que ele, devido a um acidente, faleceu aos 27 anos, quando ela ainda tinha somente três anos; e de sua mãe, vítima de uma pneumonia, aos 33, quando Ivone ainda não atingira a adolescência.
Ivone com colegas do Colégio Orsina
   Antes mesmo da perda materna, a menina já pertencia aos quadros do Colégio Interno Orsina da Fonseca, onde permaneceu até os 17 anos e de lá conta com saudades do tempo em que saía para visitar a família e logo queria voltar ao internato, pois gostava do dia a dia do lugar e da organização de seu tempo ali, onde seu talento musical foi reconhecido pela primeira vez, contando com a admiração especial de duas de suas professoras, Lucilia Villa-Lobos, primeira esposa do célebre maestro Heitor, e Zaíra Oliveira, então esposa do sambista Donga. Foram, justamente, esses contatos que levariam a talentosa menina a galgar o caminho para o estrelato musical, participando do "Orfeão dos Apinacás", da Rádio Tupi, cujo regente era o próprio Villa-Lobos, que juntava todos os coros e realizava grandes eventos por ocasião de festas cívicas. 
   No orfanato, a menina Ivone, ainda aos 12 anos de idade, começou a dar sinais da compositora que viria a ser, quando em sua primeira composição criou o estribilho do famoso partido alto "Tiê-Tiê", em referência ao nome de um pássaro que ela sempre gostou.
   Após sair do Internato, Ivone foi morar com o tio, Dionísio Bento da Silva, que não oferecia em sua casa a mesma serenidade e delimitação de espaço do Colégio Orsina, mas abriu as portas para o desenvolvimento de seu talento, ao conviver com bambas da música negra que surgia, já que a casa era frequentada por amigos do tio, como Jacob do Bandolim, Pixinguinha, entre outros nomes conhecidos no mundo do samba. Além dos elogios das professoras e dos contatos com sambistas de destaque, o samba estava no sangue de Ivone, pois seu tio Dionísio era pai de Hélio dos Santos, o "Tio Hélio"; e de Antônio dos Santos, o Mestre Fuleiro, primos da menina e parceiros por toda a vida.
Momento no Hospital Engenho de Dentro
   Antes de assumir a música definitivamente, Ivone se formou na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, ingressando, depois, no Ministério da Saúde, onde prestou serviços por oito anos na Colônia Juliano Moreira, dedicada a doentes mentais. Especializada em Terapia Ocupacional, dedicou-se a trabalhos em hospitais psiquiátricos, até a sua aposentadoria, em 1977, quando resolveu dedicar-se à carreira artística, deixada até ali, em segundo plano.
   Ao entrar de cabeça exclusivamente na carreira artística, Dona Ivone manteve a postura e o respeito diante de seu público, tendo muito cuidado com a aparência, lições aprendidas com as cantoras do rádio, que tanto admirava. Sob os refletores, dançava jongo e cantava seus sambas.
   Entre os intérpretes que gravaram suas composições destacam-se Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Mariene de Castro, Roberta Sá e Dorina, entre outros.

Musicalidade na Veia


Nelson Cavaquinho, Beth Carvalho, Cartola e Ivone
   Carioca, mulher, negra, sambista de origem humilde. Essas características poderiam ser utilizadas para diversas personalidades do metiê do samba, como Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Lecy Brandão, entre outras de menor poder midiático.
Bethânia, Ivone
e Gal Costa
   Mas com Dona Ivone Lara há uma peculiaridade, pois como ela nasceu em berço musical, estudou canto na época de internato, conviveu com tio e primos sambistas e casou com o filho de presidente de Escola de Samba, não precisou ser "descoberta" e, sim, foi se lapidando com as diversas influências que assimilou na juventude.
Délcio Carvalho e Ivone Lara
   Dona Ivone Lara teve uma trajetória brilhante e foi uma das maiores compositoras do samba brasileiro. Os caminhos percorridos por ela, que nasceu em berço artístico e com diversas influências musicais, foram aprimorando seu estilo, mesmo com a pausa para se dedicar à família e à vida profissional.
   Com inúmeros sucessos e diversos parceiros musicais ao longo da vida, com destaque para Délcio Carvalho, aquele com quem mais fez músicas, e que foram interpretadas por vários artistas - e continuarão sendo. Entre as principais composições estão: Acreditar, Candeeiro de vovó, Enredo do meu samba, Minha verdade, Nasci pra cantar e sonhar, Os Cinco Bailes da História do Rio, Sonho meu, Sorriso negro, Tié, entre muitas outras. 
Gisa Nogueira, Ivone
e Leci Brandão
   Dona Ivone cantou e encantou gerações de apreciadores do bom samba, pois parafraseando Zélia Duncan: "Dona Ivone Lara é um sonho meu, um sonho seu, nosso melhor sonho, pois ela é real". 
   Já com aparições públicas rareadas devido ao avançar da idade, Dona Ivone descansou, aos 16 dias de abril de 2018, aos 97 anos recém completados, deixando um vasto legado para as futuras gerações.


  Escrito por Aristides Leo Pardo em: Leituras da História (edição 114) - Editora Escala;

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Dez Guitarras que Você Deveria Conhecer

   Nenhum instrumento musical apresenta tanta variedade de aparência, função e som quanto a guitarra. Quer seja uma silenciosamente elegante Ramirez, a suavemente encantadora D'Angelico ou a ruidosamente funky Telecaster.
   Cada guitarra apresentada a seguir deixou uma marca incrível sobre o cânone do tocar guitarra e serão para sempre conhecidas como clássicas.

D'Angelico Archtop

   Fabricação: 1932 até 1964.
   Considerada por muitos a melhor guitarra de jazz já feita, as D'Angelicos eram feitas sob medida (a parte de cima levemente arqueada em vez de frouxa como os violões folk de cordas de aço), arqueadas de corpos côncavos construídas pelo grande mestre do gênero, John D'Angelico (1905-1964).
   Além do seu tom quente e rico, essas guitarras foram construídas meticulosamente e adornadas com algumas das mais elegantes decorações de todos os tempos.


Fender Stratocaster

   Fabricação: desde 1954.
   A guitarra elétrica mais famosa mundialmente, a Stratocaster, foi desenhada como um instrumento da era espacial no início dos anos 1950, apresentando linhas suaves, tom triplicado e dimensões de corpo pequenas (ao menos se comparada às grandes de topo arqueado do jazz de hoje em dia).
   Nas mãos de mestres como Buddy Holly, Jimi Hendrix, Stevie Ray Vaughan e Eric Clapton, este instrumento de corpo maciço tornou-se onipresente e hoje você não pode ir a qualquer loja de guitarra sem ver pelo menos algumas Strats na parede.


Fender Telecaster

   Fabricação: desde 1951.
   Outra grande contribuição da Fender para as tradições da guitarra elétrica é a Telecaster, que foi também a primeira comercialmente feita de corpo sólido (1950).
   A Tele fez sua marca no mundo country, adicionando um som claro e vibrante para gravações incontáveis. Uma guitarra simples feita de uma tábua ou cascalho, eletrônicos básicos e um braço maple serviu o padrão para o desenho da guitarra elétrica que permanece clássica até hoje.


Gibson ES-335

   Fabricação: desde 1958.
   Introduzida nos anos 1950, este instrumento é um fino desenho "semihollow-body" que procurou combinar as qualidades acústicas da grande archtop com a solidez da elétrica de corpo maciço.
   O resultado foi uma guitarra excelente com o tom florestal suave, boa para o jazz límpido e o rock & roll pesado. O projetor mais famoso dessa guitarra foi o mais pop do jazz dos anos 1970, Larry Carlton, também conhecido como Sr. 335.



Gibson J-200

   Fabricação: desde 1937.
   Para um tom acústico estrondoso e aparência estilosa, veja não mais distante do que a venerável Gibson J-200.
   Essa "jumbo" de corda de aço foi direcionada aos guitarristas de country e rapidamente tornou-se uma clássica de Nashville. De especial observação é seu Rosewood ornamental e corpo madrepérola embutido, que é modelada algo como um bigode.



Gibson Les Paul

   Fabricação: desde 1952.
   Nomeada após o músico Les Paul (sensação do pop jazz dos anos 1950) utilizá-la, o modelo Gibson Les Paul ironicamente veio a se tornar um dos instrumentos definitivos do rock & roll.
   Promovida por Jimmy Page e Jeff Beck, esse simples corte elétrico exibe um tom rico e grave, que ajudou a definir o som do hard rock e do heavy metal.



Gretsch 6120

   Fabricação: desde 1954.
   Mais conhecida como a guitarra elétrica do virtuoso do country Chet Atkins, os tons grandes e da moda dessa hollow-body foram comuns em muitas gravações de rock e country das décadas de 1950 e 1960.
   Com seus raros captadores Filtertron e uma alavanca vibrato gorjeante Bigsby, a 6120 também deu ao antigo roqueiro Duane Eddy seu som de guitarra caracteristicamente fanhoso.



Martin D-28

   Fabricação: desde 1931.
   Martin primeiro produziu em massa violões "dreadnought" (nomeado após uma classe de navios de guerra em 1931), e sua D-28 é o perfeito exemplo de seu design excelente com uma cintura gorda e tom grave-pesado.
   Essa grande guitarra se tornou integral aos sons do country, blue grass e de fato sobre todas as músicas do violão acústico com cordas de aço.



Ramirez Classical

   Fabricação: meados de 1800.
   Violonistas sérios de flamenco e clássico muitas vezes consideram tocar apenas um tipo de violão, o Ramirez.
   Primeiramente construído em meados do século XIX, os violões clássicos de Jose Ramirez ajudaram a definir o estilo com cordas de passagem flexível (mais tarde, nylon).
   Dentre os primeiros defensores da Ramirez, estava ninguém menos do que o mestre Andrés Segovia.


Rickenbacker 360-12

   Fabricação: desde 1963.
   O tom de guitarra vibrante no início dos Beatles e Byrds vieram de uma ótima guitarra, a Rickenbacker 360-12.
   Uma elétrica semihollow-body com 12 cordas, essa clássica tem um tom completamente inconfundível no universo da guitarra.
   A eterna Rick voltou à tona na década de 1980 em gravações estrondosas de Tom Petty e R.E.M., entre muitos outros artistas.



Guitarra Para Leigos - Mark Phillips e Jon Chappell;