Eu Sou o Folclore
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Heitor Villa-Lobos |
Se seguisse o desejo da mãe, Heitor Villa-Lobos teria sido médico. Preferiu abandonar a família e viajar pelo país, impregnando-se de nossos sons e ritmos. Apresenta-se na Semana de Arte Moderna de 1922, entre vaias e aplausos, regendo de chinelo. Tinha machucado o pé, mas entenderam como rebeldia.
Fascina o pianista Arthur Rubinstein, que deseja ouvir suas composições. Villa-Lobos responde: "Não falo com pianistas. Eles só tocam Chopin, Beethoven e Mozart".
Vai para Paris, onde deixa claro: "Não vim estudar com ninguém. Vim mostrar o que fiz".
Guinchos, Pios e Baques
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Raul Villa-Lobos |
Autodidata, Villa-Lobos é apresentado ao mundo musical pelo pai, Raul. Funcionário da Biblioteca Nacional e instrumentista amador, Raul exige o máximo do filho: quando ouviam o guincho da roda do bonde, um pio de pássaro ou o baque de um objeto de metal caindo, Villa-Lobos tinha de dizer a qual nota musical correspondia aquele som. Se errasse, castigo.
Aos seis anos, o garoto já tocava violoncelo. Seria seu instrumento preferido. Aprende clarinete e, escondido da mãe, violão.
Com a morte do pai, passa a frequentar rodas boêmias do Rio, convivendo com os sambistas e chorões como Anacleto de Medeiros, Sinhô, Donga, Ernesto Nazareth. Desses encontros nasceriam as séries de Choros e as Bachianas.
Franceses e Canibais
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Lucie Delarue Mardrus |
Na estréia em Paris (1923), Villa-Lobos se surpreende com o artigo da jornalista Lucie Delarue Mardrus; pequena biografia conta fatos inusitados, como uma aventura na floresta amazônica, com tribo de canibais e danças rituais. A francesa lhe atribui a autoria de Viagem ao Brasil, do alemão Hans Staden (século 17), Villa-Lobos não desmente, contribuindo para aumentar o próprio mito a seu respeito.
Ouvido D'Alma
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Vargas e Villa-Lobos |
Durante anos, muitos associaram o nome dele ao Estado Novo e criticaram sua atuação na ditadura de Vargas. Os biógrafos afirmam que ele se aproveitou do apoio estatal para realizar antigo sonho: educar musicalmente o povo brasileiro, a partir da infância. Comanda gigantescos corais. Organiza o Guia Prático, com pelas populares para ensinar música em escola públicas.

Sodade do Cordão
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Sodade do Cordão |
No final da década de1930, Villa-Lobos cria o rancho carnavalesco Sodade do Cordão. O pesquisador Jota Efegê, em Meninos, eu vi, conta: "Lembro dele na frente, sorrindo feliz, de terno branco, chapéu, gelot, charuto no canto da boca, agitando os braços, puxando o bloco [...], inesquecível.
Oração Musical
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Heitor e Arminda |
Em 1948, descobre que está com câncer. É operado em Nova York. Arminda Villa-Lobos, dona Mindinha, a última mulher, narra: "Na véspera da operação, ele compôs uma maravilhosa música. Deu-lhe o nome de Ave Maria. Não era um homem religioso, ,as foi aquela a forma que encontrara para rezar. [...] Depois da doença, suas músicas ganharam uma característica diferente: eram mais violentas, mais fortes. ele gritava."
Villa-Lobos morre em novembro de 1959, deixando obra monumental.
"Minha inspiração são oito, dez, doze horas de trabalho por dia. Compondo de qualquer maneira, com dor de dente, com notícias desagradáveis, com dinheiro, sem dinheiro."
Fonte
O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular. Edição especial do professor;
www.spcuriosos.uol.com.br;
www.museuvillalobos.org.br;
www.repositorio.ufop.br;
www.acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias;
br.pinterest.com;
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