terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Natal do Hermeto

   A poucos dias, no caminho de volta pra casa estava pensando em um novo post conectado a data natalina deste ano.
   Em meio a várias leituras, me lembrei do Calendário do Som, de Hermeto Pascoal. Fiquei curioso para saber qual canção o músico compôs para o dia 25 de Dezembro, e fui atrás do livro.
   Mas, antes de postar a composição, vale a pena conhecer um pouquinho da história deste gênio.
   Também desejo a todos (assim como o autor escreve nas partituras do livro) "tudo de bom sempre".
      

Hermeto Pascoal, um caso à parte


   Ele é um desses brasileiros inspiradores que superaram as deficiências do nosso sistema educacional por meio do talento e da determinação. Nasceu e foi criado numa região sem escolas de música. Iniciou o aprendizado de música contando com a ajuda de seu pai, e posteriormente, movido ao talento e vontade, assumiu sozinho sua própria educação musical.
   Teve apenas uma professora na vida, Dona Zélia, quem o alfabetizou.
   Grande instrumentista, magnífico arranjador e compositor, faz parte da lista dos músicos brasileiros mais conhecidos no mundo. Apresentou-se numerosas vezes na Europa, Japão, México, Estados Unidos, etc. Além de arranjador predileto de Miles Davis, foi apontado pelo maestro Gil Evans como o melhor arranjador do mundo.

Hermeto Pascoal por ele mesmo


   Meu nome é Hermeto Pascoal. Nasci em 22 de junho de 1936, no Olho d'Água da Canoa, Estado de Alagoas. Sou filho de Pacoal José da Costa e Vergelina Eulália de Oliveira. Quero, humildemente - através da música -, homenagear todos os aniversariantes do mundo, indistintamente. Este calendário foi composto no espaço exato de um ano, entre 23 de junho de 1996 e 22 de junho de 1997.
   A minha intenção é de, através da música, fazer com que as pessoas se amem cada vez mais, sem nenhum tipo de preconceito. Fui muito fiel comigo mesmo e principalmente com a minha consciência (confesso que tudo que sei e serei agradeço à Deus, aos Deuses e a meu dom espiritual e musical).


Calendário do Som, a obra.


   Ao compor uma música por dia durante um ano, Hermeto revelou mais uma de suas múltiplas habilidades. Habilidades estas que estão profundamente ligadas à necessidade - muito própria do artista - de tentar transformar o objeto do cotidiano em som, reescrito de forma musical.

   Hermeto Pascoal: a maioria das músicas foi composta em minha casa, no bairro do Jabour - RJ.

   Em cada página tem um comentário e frases, sempre lembrando de pessoas amigas, compositores, parentes, cantores, músicos, cores, objetos,... ...água, vento, fumaças, ferro, fogo, céu, lua, barco, navio, estrelas, avião, motores em geral, jangada, terra, pedra, chuva, campos, mato, flores, frutas, frutos do mar, estalactites, cavernas, cavalos, jumentos, veados, bodes, carneiros, burros, cachorros, macacos, bois, vacas, leões, onças, gatos, cobras, papagaio, pássaros em geral, etc...
   Fiz questão também de que em todas as páginas tivessem sempre a seguinte frase: "Tudo de bom sempre".




   Anotações do compositor contidas nesta partitura:

   Rio de Janeiro 25 de Dezembro de 1996. Quarta-feira - Sítio Cobra Coral - bairro do Canta Galo.

   Terminei às 23 e 25: Hoje também é um dia muito especial. Viva Jesus Cristo. O pai de todos nós. Um grande abraço. Hermeto Pascoal.

    Calendário do Som (Hermeto Pascoal) Editora Senac e Itaú Cultural.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Origens da Grafia Musical

   Na história da música, o período da Idade Média durou cerca de mil anos (meados do século V até fins do século XIV), época que a religião exercia extrema influência social. Neste período, a igreja foi o centro cultural no continente hoje conhecido como Europa, onde a maior parte da população formava-se por praticantes fervorosos da religião cristã.
   Muitos foram os inventos surgidos nesta época, entre eles: botão de roupa, baralho, jogo de xadrez, óculos, vidros das janelas, relógio mecânico, carrinho de mão, bússola, e entre outras coisas utilizadas até hoje, inventaram o importante livro.
   Toda a arte e o conhecimento estavam no interior dos mosteiros e das igrejas. Em suas bibliotecas, a cultura dos antigos gregos e romanos foi preservada em manuscritos feitos por copistas. Nesses mosteiros, monges viviam isolados se concentrando nas orações e nos estudos, e, na época muitos procuravam viver nesses locais não por vocação religiosa, mas em busca do saber. Eram nesses recintos que estavam os homens mais cultos, dedicados às artes e ao ensino.
   As únicas escolas existentes na época eram as dos mosteiros, e toda arte desse período era produzida dentro deles. Essas escolas foram o berço das primeiras universidades: a de Bolonha (Itália), a de Paris (França) e a de Oxford (Inglaterra).
   Até fins do século XIV a música era considerada uma ciência, e  fazia parte do currículo nas primeiras universidades, ao lado da Geometria, da Retórica e da Astronomia.
   Como a religião comandava a vida das pessoas nesta época, todas as cerimônias religiosas nas igrejas eram acompanhadas por diversos cantos. A melodia desses cantos era ensinada oralmente de pessoa pra pessoa, um cantando pro outro, de geração pra geração. Deste modo, inevitavelmente, com o passar dos tempos as melodias se modificavam.
   Preocupado com isso, o Papa Gregório I, em 590 (século VI), reuniu vários cantos para que estes fossem os únicos a serem cantados dentro da igreja. Para tornar isso possível, fundou em Roma (Itália), uma importante escola de canto, a chamada Schola Cantorum. O objetivo desta escola era formar monges para a correta execução da música religiosa. Esses padres foram enviados a várias regiões, onde passaram a ensinar o canto que deveria ser o "único" da igreja. Assim nasceu o canto gregoriano, cuja algumas características são: ser cantado por vozes masculinas em uníssono e a capella, comumente em latim. 
   Afim de preservar o canto original e evitar modificações melódicas no decorrer dos ensinamentos, os monges criaram algo que revolucionou a música. Começaram a grafar pequenos sinais em cima das letras informando se o som iria para cima ou para baixo com o intuito de auxiliar na memorização da melodia e lembrarem posteriormente dos caminhos melódicos das composições. Esses sinais são os denominados "neumas" e foram a primeira forma de escrita musical da história.



 Coleção História da Música Volume I (Clarice Miranda e Liana Justus)

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Ela é Ella.

   Seu nome não podia ser mais apropriado: Ella. Uma voz como essa, com todas as suas metamorfoses para cima e para baixo de quase três oitavas, escapa a qualquer definição. Quando se trata de cantoras do mundo jazzístico, raros são os ouvintes que não se rendem a alegria e elegância de Ella Jane Fitzgerald.
   Os instrumentistas apreciavam sua criatividade em improvisos vocais; os compositores sentiam que na voz da cantora, suas músicas ganhavam outras dimensões. Nos quase sessenta anos de carreira profissional, Ella conquistou fãs diversos. 
   Com uma voz doce, quase juvenil, ampla extensão vocal, além da afinação e dicção perfeitas, Ella Fitzgerald foi, provavelmente, a mais completa cantora da cena do jazz.
   Tímida em excesso, evitava entrevistas ou qualquer outro tipo de situação que expusesse ao público sua vida particular. Nem o reconhecimento dos críticos ou o sucesso comercial pareciam convencê-la de que era uma grande artista. Em seus últimos anos de vida, ao receber o título de doutora honoraria da prestigiosa Universidade de Yale, comentou com a costumeira modéstia: "Nada mal para quem só estudou música o suficiente para não ser reprovada no colégio".
   Ella Jane Fitzgerald nasceu em 25 de abril de 1917, em Newport News. Seu pai fugiu de casa, deixando a mãe e a menina com ainda três anos. Um ano mais tarde, a mãe se uniu a Joseph da Silva, português da primeira geração de imigrantes.
   Em 1932, após a morte de sua mãe, Ella foi morar com uma tia, não permanecendo por muito tempo por não se acertar com a mesma. Enviada para um reformatório em Nova York, fugiu. Foi então, morar na rua.
   Em 1934, Fitzgerald, fanática por dança desde criança (até mais do que pelo canto), chegou entre os finalistas da "Noite de Amadores do lendário Apollo Theater", mas sentindo-se insegura para a disputa,  dois dias antes da final resolveu concorrer como cantora.
   A facilidade que tinha para personificar outros cantores a ajudou, e para sua surpresa, a platéia quase veio abaixo ao ouvi-la cantar. Saiu vencedora, contudo, não chegou a receber o prêmio de uma semana de apresentações remuneradas no Apollo Theater  por estar mal ajambrada (afinal, não tinha residencia fixa). O motivo? A direção do teatro não quis correr o risco de ver a imagem arranhada frente aos astros do cinema e do rádio frequentadores do local.
   Dois meses depois ganhou outro concurso semelhante e recebeu o prêmio. Porém a cantora não viu a cor do dinheiro. O motivo? Como Fitzgerald não tinha um vestido apropriado para a ocasião, o diretor da casa comprou um e debitou do seu cachê.
   A precária aparência da garota não estava favorecendo para que conseguisse trabalhos fixos, contudo a repercussão de suas vitórias nos concursos começou a agir a seu favor, e, em março de 1935, foi convocada para uma audição informal com uma das big bands mais populares do Harlem, a do baterista Chick Webb.
   Mesmo depois de ouvir Fitzgerald cantar e de alguns músicos o aconselharem a seguir os ouvidos e não os olhos, Chick Webb relutou dizendo com descaso: "não quero essa coisa feia".
   O engraçado é que Webb também estava muito longe de qualquer padrão de beleza. Parecia um anão de ombros largos devido a uma tuberculose contraída na infância. Contudo, o baterista e band leader cedeu as opiniões dos colegas, e aceitou Ella Fitzgerald como vocalista. Chick Webb ganhou muito mais do que imaginou, pois a cantora foi a grande responsável para que a big band frequentasse as paradas de sucesso pela primeira vez com a gravação de Sing Me a Swing Song (and Let Me Dance). A garota de Yonkers começou a voar alto desde então.
   Com apenas dois anos de carreira, Ella foi eleita simultaneamente por duas revistas americanas especializadas em Jazz, a melhor vocalista de 1937. A canção "A-Tisket, A-Tasket" permaneceu em primeiro lugar nas paradas de sucesso por mais de 17 semanas e em 1950 já tinha vendido cerca de um milhão de cópias nos EUA. 
   "Sei que não sou uma garota glamourosa. Não é fácil, para mim, ficar na frente de uma multidão. Isso me incomodava bastante, mas percebi que Deus me deu esse talento para usá-lo, então eu fico lá e canto" (Ella Fitzgerald).
   Chick Webb morre em 1939 e a cantora permaneceu no grupo até 1942, quando sentiu a necessidade de seguir sozinha seus vôos.
   Em sua carreira, Ella Fitzgerald gravou e se aprensentou com artistas da pesada. Entre eles: Louis Armstrong (um de seus ídolos), Louis Jordan, The Delta Rhythim Boys, Ray Brown (ex-marido), The Mills Brothers e Sy Oliver, Dizzy Gillespie, Lester Young, Coleman Hawkins, Ben Webster, Benny Carter, Roy Eldridge, Illinoys Jacquet, Oscar Peterson,  Gene Krupa, Buddy Rich, Charlie Parker, Max Roach, Frank Sinatra, Count Basie, Duke Ellington, Joe Pass, entre outros.
   Amante dos palcos, Ella Jane Fitzgerald dizia:  "a única coisa melhor do que cantar, é cantar".




Coleção Folha Clássicos do Jazz (Folha de são Paulo);
Notas Musicais: Do Barroco ao Jazz (Publifolha);
      

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Violonistas Brasileiros do Passado

   CATULO DA PAIXÃO CEARENSE (1863~1946) - Foi ele quem reabilitou o violão, até então considerado "uma espécie de arma proibida" (expressão de Humberto de Campos), organizando uma festa no Conservatório de Música em 1908.
   QUINCAS LARANJEIRA (1873~1935) - Famoso violonista cujo verdadeiro nome era Joaquim dos Santos. Além de acompanhador, foi solista do instrumento, tendo estudado e executado obras de Carcassi, Carulli, marcando um atuação mais voltada para o violão clássico. Fez muitas serenatas com Catulo.
  DUNGUINHA - Violonista do início do século XIX. Usava um paletó sem bolsos do lado. Quando lhe perguntavam o motivo, respondia: "Pra quê? Eu nunca tenho dinheiro...". Foi um grande acompanhador.


  HEITOR VILLA-LOBOS (1887~1959) - Villa-Lobos conviveu, entre 1904 e 1905, com os expoentes da música popular brasileira da época: Irineu de Almeida, Juca Kalut, Catulo da Paixão Cearense, Sátiro Bilhar, etc. Por essa época, adorava manejar o violão tendo composto, inclusive, para esse instrumento.
 AMÉRICO JACOMINO, "CANHOTO" (1889~1928) - Um dos grandes virtuoses brasileiros do instrumento. Deixou também composições admiráveis para violão, inclusive a célebre valsa "Abismo de Rosas".


  CHINA (1888~1927)- Irmão de Pixinguinha e cujo nome verdadeiro era Otávio Viana. Foi criado num ambiente extremamente musical. Seu pai, possuía um grande arquivo de choros antigos. Costumava reunir em sua casa grandes chorões da época como Quincas Laranjeiras, Irineu de Almeida, entre outros.
    DONGA (1890~1974) - Foi o violão-baixo dos "Oito Batutas". Fazia como poucos, o chamado ponteado. Entrou definitivamente para a história da música popular brasileira, por ter registrado na Biblioteca Nacional (27/11/1916), a partitura da "Pelo telefone".

    LEVINO A. CONCEIÇÃO (1895~1955) - Elogiado em versos por Catulo da Paixão Cearense. Mesmo cego, Levino foi um grande violonista. Aos nove anos já era considerado um dos melhores violonistas da sua cidade. Aos doze anos, já mostrava total domínio do instrumento, sendo capaz de improvisar e dominar todos os tons. Um de seus alunos foi o aclamado Dilermando Reis. 
    SÁTIRO BILHAR (1860~1926?) - Grande especialista do instrumento, infelizmente não chegou a gravar. Teve uma aluna famosa chamada Lili S. Paulo. Deixou, entre outras composições, um "Estudo de Harpa" para violão.
    LILI SÃO PAULO - Virtuose do violão, discípula de Sátiro Bilhar.


     TUTE (1886~1957) - Grande violonista de seis e sete cordas, além de bandolinista, banjoista, e executante de bombo e pratos. Seu verdadeiro nome era Artur Nascimento. Com Antônio Maria Passos (flauta) e Nelson dos Santos Alves (cavaquinho), integrou o Grupo da Chiquinha Gonzaga. 
 Primeiro dos grandes violonistas acompanhadores do choro, foi o introdutor do violão de sete cordas nos conjuntos de choro e regionais dos quais fazia parte. Ganhou o apelido de violonista "pé-de-boi", porque deixava qualquer solista seguro.
     EDUARDO DAS NEVES (1874~1919) - Famoso Palhaço Negro, também conhecido como Dudu das Neves. Além de compositor, foi uma figura muito importante para a música popular de seu tempo. Dudu cantava acompanhando-se ao violão, fazia vozes, sons, e foi o precursor do humor na música popular brasileira.

  ALEXANDRE GONÇALVES PINTO (1870~1940) - Cantor, cavaquinista, violonista e dedicado chorão. "Animal" era seu apelido.
 Autor do livro "O Chôro-Reminiscências dos Chorões Antigos", publicado em 1936, com prefácio de Catulo da Paixão Cearense. Livro este, que tornou-se precioso por ser um dos pouquíssimos e raros registros do ambiente musical dos chorões do Rio de Janeiro entre fins do século XIX e início do XX. Obra fundamental para a musicologia brasileira.
      ROGÉRIO GUIMARÃES (1900~1980) - Grande violonista nascido em São Paulo a 8 de junho de 1898, filho de Gastão Pinheiro Guimarães e Júlia Maria de Sousa.
 Foi diretor artístico da gravadora Victor quando esta acabara de chegar ao Brasil. 
 Participou de inúmeras gravações, e suas primeiras, foram com 27 anos de idade. Abandonou a carreira artística em meados de 1950.
    DESIDÉRIO PINTO MACHADO - Violonista e cantor, citado por Alexandre Gonçalves Pinto.
    HORÁCIO TEBERGE - Violonista e cantor, também citado por Alexandre Gonçalves Pinto ("O Chôro").

   DILERMANDO REIS (1916~1977) - Ainda criança, começou a aprender violão com o pai, e aos 15 anos de idade já era conhecido como o melhor violonista de Guaratinguetá. Com essa mesma idade, tornou-se aluno de Levino A. Conceição depois de assistir um de seus concertos, em seguida começou a acompanhá-lo.
 Foi um dos mais importantes violonistas brasileiros. Atuou como instrumentista, professor de violão, compositor, arranjador, e deixou uma obra vultosa e versátil.

     LAURINDO DE ALMEIDA (1917~1995) - Interessou-se pelo violão desde a infância, aprendendo suas primeiras lições com a mãe (pianista amadora). Lutou na Revolução de 1932 em São Paulo, e conheceu o violonista Garoto no hospital, enquanto recuperava-se de ferimentos de guerra. Por volta de 1944, foi viver nos Estados Unidos, onde se tornou conhecido como o violonista da orquestra de Stan Kenton. Ao todo, ganhou seis Grammy (considerado o Oscar da música americana).

     ANÍBAL AUGUSTO SARDINHA, "GAROTO" (1915~1955) - Violonista, compositor e multi-instrumentista, seu primeiro instrumento foi um banjo, dado por seu irmão. 
 Seu ingresso na vida artística deve-se inicialmente ao cantor Paraguassu, com quem fez suas primeiras gravações e excursões pelo interior de São Paulo.
 Em outubro de 1939, destacou-se naturalmente, e se tornou um sucesso a parte enquanto acompanhava a cantora Carmem Miranda nos Estados Unidos, .
 Sem dúvida, foi um dos grandes instrumentistas brasileiros. Deixou para o violão composições da maior relevância do ponto de vista técnico e musical, aliando à harmonização sofisticada e de extremo bom gosto, uma linha melódica de contornos modernos e tipicamente brasileiros, sempre com grande musicalidade e beleza. Diziam que Garoto fazia música para músicos.



Panorama da Música Popular Brasileira (Ary Vasconcelos);
Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (Ricardo Cravo Albin);
blog: Diário da Música (Beth);
blog: Mundo das Sete Cordas (Ygor Furtado)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Aprender música é fácil?

   Algumas pessoas me perguntaram, muitas me perguntam, e certamente inúmeras me perguntarão:
   -É fácil aprender música?

   Relendo alguns trechos do livro da Marcia Kazue, esbarrei em dois parágrafos que elucidam bem a dúvida sobre o aprender música. Eis seus dizeres:
   Aprender música e tocar bem um instrumento não é uma das tarefas mais fáceis, pois exige que o ser humano desenvolva a percepção, o reflexo, o controle, raciocínio, sensibilidade, coordenação-motora, agilidade, pensamento rápido, entre outros.
   A quantidade de horas de estudo é o que faz a diferença na hora de aprender e apreender os conteúdos? Leia:
  "O segredo para conseguir um melhor rendimento do estudo não está em se matar de estudar; pelo contrário, é muito importante respeitar o próprio limite e facilitar ao máximo o seu trabalho." Não adianta ficar horas com o instrumento na mão, e não ter foco no que precisa ser estudado; assim como, pegar as matérias para estudar, e o pensamento estar longe, sem concentração.
   Se quer desenvolver a habilidade em música, será necessário ter paciência, dedicação e força de vontade;  além de saber controlar e respeitar seus sentimentos; também deve estar ciente que a repetição leva a perfeição.
  Porém, todo esse trabalho valerá a pena ser feito, não apenas para desenvolver habilidades musicais, mas também para poder se beneficiar em várias outras atividades rotineiras. Acredito que dessa forma, melhorará e facilitará aspectos emocionais e mentais da vida.


Tocando com Concentração e Emoção (Marcia Kazue Kodama)




segunda-feira, 28 de julho de 2014

O Milionário

   Sempre que ouço falar na banda Os Incríveis, me vem na cabeça a canção O Milionário, clássico da guitarra instrumental brasileira da década de 60.  
 Inicialmente, o grupo se chamou The Clevers, mudando o nome para Os Incríveis quando rompeu com o empresário Antonio Aguilar, detentor da marca The Clevers.
   Mais informações sobre o grupo, você pode encontrar no blog Diário da Música.
   O primeiro disco da banda é de 1965. Nele encontra-se a música O Milionário, canção esta que também dá nome ao álbum.
   Sempre que penso nessa canção, pipoca em minha mente rapazes como: Nelson Hirono, Jurandyr de Campos e José Valdir de Campos (familiares). Caras que já me perguntaram:
   - Você toca aquela música dos Incríveis? O Milionário?
   Por causa desses três caras, tomei conhecimento da música e da banda. Sendo assim, é pra eles (e pra outros que apreciam esse som) que publico este post.



   Transcreví a mão e disponho-na para interessados.

 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Eu, na Rolling Stone?!

   Hoje, tive uma surpresa muito boa e especial.
  Dias atrás, o Instituto Rolling Stone visitou um dos locais onde trabalho, e durante a visita, eu e minha aluna Gabrielly Cristina Araújo mandamos um som. Vejam só no que deu!!
  Acabamos saindo na edição de junho/14 da Revista Rolling Stone.


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Memorização

   "O estudo da música constitui-se numa das mais ricas, amplas e profundas experiências do ser humano. O domínio da voz ou de um instrumento musical exige um grande controle da capacidade física conectado a um profundo embasamento intelectual e a um alto grau de equilíbrio emocional" (Marcia Kazue Kodama).
   É certo que músicos exercitam constantemente seus cérebros enquanto realizam suas atividades (memorização das peças, de canções, de movimentos motores finos e precisos, entre outros).
   Geralmente, para que uma informação seja lembrada futuramente, há a necessidade da repetição, o que facilita a atividade dos circuitos cerebrais e a retenção pela memória cerebral. Quanto mais tempo o pensamento se manter na mente, mais intensa e duradoura será sua memorização, além de outros fatores (vide o post Concentração e Memória).

Circuito Reverberativo
1. a informação chega ao neurônio A;
2. ele estimula os neurônio B e C através de sinais; 
3. as ramificações devolvem o impulso e reestimulam o neurônio A;
4. a informação continua na mente enquanto os sinais se manterem nesse ciclo.

   Entre os inúmeros tipos de memórias existentes, as mais utilizadas pelos músicos são:

Memória Visual: possibilita a memorização através da visualização da partitura, contudo há a necessidade de possuir uma memória visual bastante favorecida. Ela pode ser desenvolvida, mas normalmente as pessoas que a utilizam já nascem com essa aptidão.

Memória Auditiva: muito importante para o músico, pois ele decora o resultado sonoro musical. Costumo dizer aos alunos dedicados ao aprendizado e desenvolvimento da leitura musical que, "este é o momento que eles entendem a música ou o som que está no papel".



Memória Digital: é a memorização e a automatização de sequências dos movimentos mecânicos (mãos, pés, diafragma, etc).




Memória Analítica: é a que se dá através da análise e entendimento das peças.




(Tocando com Concentração e Emoção - Marcia Kazue Kodama)

domingo, 8 de junho de 2014

Brasil, sede da Copa do Mundo 2014.

   Acabei de assistir o show do cantor e compositor Vander Lee, e resolvi postar a letra de uma das suas belas canções. Essa, é apenas mais uma das inúmeras músicas que falam sobre o nosso "PAÍS TROPICAL".
   Leia e reflita se a "AQUARELA DO BRASIL" existe mesmo, e quem são aqueles que devem ser idolatrados.
  Em breve iniciará a COPA DO MUNDO, sediada em um PAÍS IMUNDO por tanta corrupção. E "QUE PAÍS É ESTE" que estupra seu povo com tantos impostos?


Do Brasil
(Vander Lee)

Falar do Brasil sem ouvir o sertão
É como estar cego em pleno clarão
Olhar o Brasil e não ver o sertão
É como negar o queijo com a faca na mão

Esse gigante em movimento
Movido a tijolo e cimento
Precisa de arroz e feijão
Quem tem a comida na mesa
Que agradeça sempre a grandeza 
De cada pedaço de pão

Agradeça Clemente 
Que leva a semente em seu embornal
Zezé e o penoso balé de pisar no cacau
Maria que amanhece o dia lá no milharal
Joana que ama na cama do canavial
João que carrega a esperança 
em seu caminhão pra capital

Pensar no Brasil sem lembrar do sertão
É como negar o alicerce de uma construção
Amar o Brasil sem louvar o sertão
É dar um tiro no escuro
Errar no futuro da nossa nação

Agradeça Tião 
Que conduz a boiada do pasto ao grotão
Quitéria que colhe a miséria quando não chove no chão
Pereira que grita na feira o valor do pregão




sexta-feira, 16 de maio de 2014

Guitarristas

  Você não cansa de sempre escutar aquele mesmo timbre de guitarra?
  Não enjôa de ouvir aquela mesma música, aquela mesma interpretação, aquelas mesmas frases?
  Afim de ampliarem seus conhecimentos e suas opções na hora de escolher um instrumentista para ouvir, encontrarão na tabela a seguir alguns nomes de admiráveis guitarristas.


  Obviamente, há inúmeros tocadores de guitarra pelo mundo afora, portanto, torna-se complicado lembrar-me de todos (rsrsrs). Por este motivo, mencione também o seu predileto. Sugestões são muito bem vindas neste espaço.

domingo, 13 de abril de 2014

Origens da Guitarra Elétrica

Dobro
  Durante a década de 1830, pastores de gado mexicanos introduziram o violão aos havaianos, que rapidamente incorporaram-no em sua própria música, tipicamente afinando todas as cordas em uma tríade maior. 
  É creditada a Joseph Kekuku, a técnica de deslizar um pente sobre as cordas a fim de criar o glissandi. Como era difícil aplicar essa técnica segurando o violão da maneira convencional, ele foi deitado sobre o colo.

Guitarra Dinâmica
  A guitarra dinâmica foi desenvolvida no início do século XX. Sua tecnologia usava discos de metal que agiam de forma similar à pele do banjo, amplificando as ondas sonoras geradas pelas cordas.
  As guitarras dinâmicas eram um pouco mais altas que suas irmãs de madeira. 

A Chegada do Dobro
  Na década de 1920, o construtor de instrumentos eslovaco John Dopyera e seus irmãos projetaram nos EUA um refinamento à guitarra dinâmica. 
  Usaram três cones torcidos de alumínio como sistema de amplificação. Esse novo modelo tornou-se conhecido como guitarra dobro, parcialmente baseado no nome dos irmãos e parcialmente porque "dobro" significa "bom" em eslovaco.
  Com um grande e decorado disco de alumínio, o Dobro tem o formato do violão e foi desenvolvido no mesmo período da guitarra elétrica, mas como esta apresentou maior eficiência e menor custo, o Dobro foi ultrapassado em popularidade.
  Apesar disso, o seu som característico tornou-se um importante componente da tradição do Bluegrass e Blues, permanecendo em uso ainda hoje.

Guitarra Elétrica
  Após as mudanças revolucionárias de Torres, o violão desenvolveu-se lentamente, mas há uma notável exceção, a amplificação. 
  O violão começou a se envolver com a música popular, mais notavelmente com o jazz, e com isso houve a necessidade de obter um volume mais alto do instrumento.
  Desde a década de 1920, testes eram feitos usando captadores que levavam o som da guitarra para um amplificador.
   Além de criar guitarras puramente eletrônicas, a tecnologia dos captadores foi aplicada ao violão clássico. Gradualmente os instrumentos híbridos (combinando qualidades de ambos) foram desenvolvidos e a guitarra começou a ocupar um lugar mais proeminente no jazz e na música popular.
  A empresa fundada em fins de 1890 por Orville Gibson inventou as guitarras semi acústicas, e a partir de 1930 começou a comercializá-las. Nesta época, elas foram usadas e popularizadas pelo lendário guitarrista Charlie Christian.
  A primeira guitarra elétrica de corpo sólido foi vendida em 1948 pela empresa de Clarence Leonidas Fender.
  Logo em seguida (1952) Orville Gibson também introduziu no mercado a sua primeira guitarra sólida, estabelecendo assim uma rivalidade comercial que impulsionou o desenvolvimento do instrumento.

Guitarra Havaiana
  À medida que o estilo havaiano de tocar se popularizava, as guitarras se tornaram mais retangulares e o pente foi substituído por uma barra de metal. Quando começaram a ser fabricadas comercialmente na década de 1930, elas adquiriram o nome de "guitarra havaiana".
   Já que o estilo de tocar a guitarra havaiana limita o instrumentista a poucas tonalidades, os músicos começaram a usar instrumentos com mais de um braço, aumentando o número de notas disponíveis sem ter que reafinar.
  Rapidamente, entretanto, ter múltiplos conjuntos de cordas tornou-se incômodo e os construtores nos anos 1940 começaram a encaixar pedais que poderiam alterar simultaneamente a afinação de conjuntos completos de cordas. 

Pedal Steel Guitar
  O pedal steel guitar tem dois braços como padrão, com um jogo de oito pedais e 10 cordas em cada braço, embora existam com 12 e 14 cordas. 
  Um braço é normalmente afinado em acorde de E9 e o outro em C6.
  Tanto a guitarra havaiana como o pedal steel guitar são guitarras sem trastes; as cordas são pressionadas usando-se uma barra de metal conhecida como steel que, como o pente de Kekuku, é deslizada para cima e para baixo, criando glissandi.
  Normalmente, quatro pernas apoiam a guitarra e o instrumentista senta-se em um banquinho. O pé direito é usado para controlar o volume, enquanto a perna esquerda controla os pedais, usando tanto o pé e o joelho para movê-los.
  As cordas são tangidas usando o dedo e palhetas de polegar (palhetas de metal que são usadas como dedais).

Manual Ilustrado dos Instrumentos Musicais (Lucien Jekins)