domingo, 21 de julho de 2013

Homenagem ao rock!!!

   Olá pessoal, como todos sabem, dia 13 de julho é o dia mundial do rock. Eis então (atrasado mas de coração) uma singela homenagem a esse dia e a todos os apreciadores do gênero. Espero que gostem.
   Grande abraço a todos e fiquem com Deus!

 


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Música Brasileira - Parte V: Contribuições e Influências Secundárias

JESUÍTAS

   Os jesuítas deram uma imensa contribuição a música brasileira, pois conseguiram aproximar a música indígena da música européia trazida pelos portugueses, vencendo o imenso abismo existente entre as duas.
   É importante lembrar que a aculturação musical teve início logo na chegada da esquadra que trouxe Pedro Álvares Cabral e Frei Henrique de Coimbra, pois com ela, vieram o fr. Pedro Neto (corista de ordens sacras) além de fr. Maffeo (sacerdote, organista e músico). Ambos freis influenciaram muito o espírito dos índios através da arte musical, por ocasião da primeira missa celebrada no Brasil havendo experiência certa de que o demônio se afugenta com a suavidade das harmonias.
   Os primeiros jesuítas que chegaram no Brasil, pisaram na Bahia em 1549, vindo junto com Tomé de Sousa (primeiro governador geral do Brasil). No total eram seis padres, liderados pelo Pe. Manoel da Nóbrega.
   Quatro anos mais tarde, na embarcação de Duarte da Costa (segundo governador geral), chegou o Pe. José de Anchieta trazendo um novo reforço de jesuítas.
   Diga-se de passagem que, se os indígenas não fossem tão sensíveis à música, tudo seria bem mais complicado para os padres. Por sorte, os índios adoravam-na, como confirma o Pe. Simão de Vasconcelos: "São afeiçoadíssimos à música, e os que são escolhidos para cantores da Igreja, prezam-se muito do ofício, e gastam os dias e as noites em aprender e ensinar outros. Saem destros em todos os instrumentos musicais, charamelas, flautas, trombetas, baixões, cornetas e fagotes: com eles beneficiam em canto de órgão vésperas, completas, missas, procissões, tão solenes como entre os portugueses".
   Mas os índios não foram os únicos beneficiados pelo ensino musical oferecido pelos jesuítas. Na fazenda de Santa Cruz (RJ), o ensino foi tão requintado que os negros escravos formaram orquestra e corais, chegando a representar pequenas óperas e a dar conta da parte musical dos ofícios sagrados.

ESPANHA



    Entre as influências secundárias, a mais importante é, certamente a espanhola.
   Entende-se que o Brasil, assim como Portugal, durante 60 anos (entre 1581 a 1640) esteve sob domínio castelhano, e que desde o século XV, a Espanha também recebia escravos africanos.
   De qualquer modo, o Fandango (base do Jota e do Bolero espanhol) nasceu em fins do século XVII, e exerceu grande papel na dança e na música gaúcha. Também neste mesmo século, foi muito popular na Espanha o Zarambeque, que no século seguinte ficou conhecido no Brasil pelo nome de Sarambeque.

FRANÇA

   A França também se fez perceber como influência, principalmente nos cantos das crianças brasileiras. Geralmente adaptou-se textos de cantigas francesas, não pelo sentido, mas pelo som da palavra. Para melhor ilustrar, dá-se como exemplo a cantiga de roda "Sur Le Pont d'Avignon", conhecida por nós com os nomes de "Na Ponte do Gavião", "Na Ponte da Vinhaça" e "Surupango da Vingança".


Raízes da Música Popular Brasileira (Ary Vasconcelos)

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Música Brasileira - Parte IV: Contribuições dos Negros

   A contribuição negra foi decisiva para nossa música em quase 400 anos (período do tráfico negreiro). As primeiras levas de escravos africanos chegaram em São Paulo no ano de 1538, na cidade de São Vicente. Contudo, Portugal já escravizava africanos desde meados de 1400. Assim sendo, é possível NÃO termos recebido a música africana em sua pureza, e sim com pequena influência portuguesa.
   A folclorista e jornalista Oneyde Alvarenga relacionou algumas das principais contribuições, como:
   - frequência de escalas sem sensível ou com o sétimo grau abaixado; 
   - origem ou apenas sistematização da síncopa; 
   - tônica alcançada num movimento de notas rebatidas, partindo da mediante; 
   - estrofe poético-musical improvisada, seguida de refrão curto; 
   - quebra da quadratura melódica através de vários processos; 
   - cantos e rituais fetichistas afro-brasileiros que escapam pela sua estranheza (pelo uso da escala com a sétima abaixada, de escalas pentafônicas e hexacordais) do caráter da música popular brasileira;
   - presença da umbigada como elemento coreográfico;
   - diversos nomes de danças;
   - grande número de instrumentos de percussão;
  - criação de danças-dramáticas como as congadas, os congos, os cucumbis, as taierias, os quicumbres e os quilombos;
   - a existência, na voz cantada brasileira, de um nasal, causado certamente pelo mestiçamento com o negro;
   O compositor e musicólogo Luciano Gallet relaciona alguns cantos de origem negra ou usados pelos negros, como a Chula (canção); o Lundu ou Landum (canção brejeira); Acalantos (berceuses); invocações as santos; cantos de feitiçaria (em várias circunstâncias); cantos de trabalho (entoados nas ruas, nos ofícios e nos serviços diários); cantos de engenho (usado durante a moagem da cana); cantos de Cucumbis (nos bailados e cerimônias); cantos de Congados (em grande quantidade de melodias); cantos de carnaval; cantos de rua (alguns célebres como "O Bilontra", "Chô Araúna", "Toca Zumba").

Toca Zumba

Nossa gente já está livre, só trabaia se quisé, si'siô!
"Toca zumba, zumba, zumba"
Vamos ter o nosso casa e também nosso muié, si'siô!
"Toca zumba, zumba, zumba"

Nosso Rei é liberá!
Si'siô é liberá, si'siô é liberá
"Toca zumba, zumba, zumba"

Ai uê! Ai uau!
Os plêto nunca mais apanhará de bacalhau!
"Toca zumba, zumba, zumba"
Ih ih, para os blanco, que dia sinistro,
aquele que os nêgo chegar a sê ministro!



Raízes da Música Popular Brasileira (Ary Vasconcelos)

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Música Brasileira - Parte III: Influência Portuguesa

Além de nosso idioma, entre outras coisas mais, o povo português contribuiu musicalmente para nossa cultura da seguinte forma.
Em suas bagagens, trouxeram da Europa o sistema harmônico tonal, próprio fundamento de toda a música Ocidental, assim como expõe Mário de Andrade quando disse que os portugueses “fixaram o nosso tonalismo harmônico” e “nos deram a quadratura estrófica”.

Nas viagens destinadas as terras brasileiras, os lusitanos trouxeram consigo alguns instrumentos musicais como o piano, o violino, a viola, o violoncelo, o contrabaixo, o oficlide, a clarineta, a sanfona, a flauta, o violão, o cavaquinho, etc.

Uma observação relevante é que esses três últimos citados, cavaquinho, violão e flauta, desempenharam quatro séculos mais tarde um papel importante na formação do Choro, e de toda a música instrumental executada por pequenos grupos.

 O famoso berimbau também veio nas caravelas portuguesas, assim como relatou o padre Fernão Cardim (1549-1625) quando escreveu no "Tratados da Terra e da Gente" que, na Bahia, durante os festejos natalinos de 1583, o berimbau estava presente. "Tivemos pelo natal um devoto presépio na povoação, aonde algumas vezes nos ajuntávamos com boa e devota música, e o irmão Barbanabé Tello nos alegrava com seu berimbau".

Certamente, também foi Portugal quem nos forneceu a síncopa, que em nossas terras, foi aprimorada com a ajuda dos negros.


Raízes da Música Popular Brasileira - Ary Vasconcelos

terça-feira, 2 de julho de 2013

Música Brasileira - Parte II: Música dos Índios

   Terça-feira, dia 21 de abril do ano de 1500. O forno da música popular do Brasil foi ligado, porém, é importante não esquecermos que, (mesmo com a importante contribuição musical trazida e fornecida pelos negros e pelos portugueses, a música já estava presente aqui com os indígenas.
   O sapateiro e estudioso de teologia Jean de Léry, viajou junto com a expedição colonizadora de Villegagnon, e esteve entre nós nos anos de 1557 e 1558. Léry foi o primeiro a transcrever cantos indígenas. Eis alguns exemplos registrados pelo viajante em seu livro Viagem á Terra do Brasil:
   "Canindé jub, canindé jub, eyraoaê..." (Canindé amarelo, canindé amarelo, tal qual o mel...).
   Outro exemplo referindo-se a Camuroponiuassu (peixe muito grande):
   "pirá-uassú a uéh, camurupuí-uassú..." (peixe grande, estou com fome...).
   Referente aos modos da tribo indígena Caraíba, o viajante menciona que "antes de se separarem das mulheres e meninos, os caraíbas proibiam-lhes severamente de sair das casas em que se encontravam".
   Léry também mencionou sobre um ritual indígena com a duração de mais ou menos duas horas: "quinhentos ou seiscentos selvagens não cessaram de dançar e cantar de um modo tão harmonioso que ninguém diria não conhecerem música".
    Com esses ditos, fica claro que os índios já faziam e conheciam música, só que não, obviamente, a música européia, a única vivenciada por Léry.
   Encontra-se escrito em um manuscrito de fins do século XVI (Notícias do Brasil, de Gabriel Soares de Sousaque os pitiguaras" cantam, bailam [...]" e que os caetés, são naturalmente "[...] grandes músicos e amigos de bailar".
   Segundo Victor-Charles Mahillon (1841-1924), a riqueza instrumental indígena-brasileira divide-se predominantemente em duas categorias:
   Instrumentos de percussão: os chamados Idiófonos, são os que soam por si mesmos quando sacudidos ou percutidos; os chamados Membranófonos são os que soam pela vibração de membranas neles distendidas).
   Instrumentos de sopro: são aqueles que soam quando se introduz ar em seu interior através de válvulas ou orifícios, ou aqueles instrumentos que vibram e produzem sons quando agitados no ar.
   Instrumentos de cordas: ditos Cordófonos, os que soam pela vibração de cordas, eram raramente encontrados nas tribos brasileiras.
   Pero Vaz de Caminha (escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral) menciona a buzina ou corno em uma de suas cartas enviadas ao Rei de Portugal, D. Manuel: "E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos à pregação, levantaram-se muitos deles [indígenas] e tangeram coro ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço".
   Ary Vasconcelos diz: 
   "Ao índio brasileiro, tudo se tem negado, até mesmo o direito de viver a sua própria cultura, falar a sua própria língua. Tido por muitos como incapaz, quase um retardado mental, entretanto, quanto mais é estudado, mais revela sua verdadeira e forte personalidade, mais se afirma como um criador de talento. A mera análise de seus instrumentos musicais já basta para dar por terra com a velha e falsa imagem, forjada, tantas vezes interessadamente, pelos seus detratores". 


Raízes da Música Popular Brasileira - Ary Vasconcelos