terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O Negócio da Música

 Mesmo pouco perceptível, a música é uma das manifestações artísticas mais entranhadas na sociedade, presente em todos os grupos sociais e em diferentes faixas etárias.
 A música está presente todo ano e em todo lugar: em casa, no trabalho, nas ruas e, principalmente, no lazer. Além dos shows, ouve-se música em aparelho de som, rádio, televisão, cinema, computador,, celular, bares, restaurantes, consultórios, elevadores, supermercados, estádios, colégios, festas particulares, eventos oficiais e comemorações de todo tipo.
 Chris Anderson relatou em seu livro "A Cauda Longa", que o negócio da música compõe milhares de nichos. Música para ninar, música para brincar, música para dançar, música para se apaixonar, música para protestar, música para relaxar. Do brega ao jazz, do axé ao MPB, do pagode ao blues, do forró à música clássica, do sertanejo ao rock. Não há mais o grande mercado, o grande hit, a grande estrela da música. Existem milhares de micromercados, de mini hits e de artistas satélites.
 O negócio da música está repleto de atores. São artistas, técnicos, produtores, empresários, profissionais liberais, afora a mídia publicitária e os veículos informativos. Existem empresas que fornecem produtos e serviços, órgãos e entidades que regulam e fiscalizam o setor. Essa cadeia de pessoas, processos, produtos e serviços - além do público consumidor - forma o que se chama indústria da música, e emprega milhares de pessoas no mundo inteiro.

Oportunidades de Negócios


 Da mesma forma que a maioria dos iniciantes em futebol sonha em ser um jogador profissional, quase todo jovem músico sonha fazer sucesso com sua banda e obter renda através desse trabalho. Porém, a minoria alcança esse sonho. Sob a ótica deste fato, o músico precisa ampliar sua visão acerca das possibilidades que sua atividade oferece, pois nem só de banda vive o músico.
 É preciso lembrar que essa profissão possibilita uma diversidade de projetos, às vezes uns esteticamente distintos dos outros.
Isto é uma vantagem, porque sua renda pode ser captada com a soma de todos os trabalhos, reduzindo o grau de incerteza da sua remuneração mensal, já que não existe dependência econômica de apenas um projeto específico. Pode (e deve) haver o projeto principal, mas este não pode ser o único a lhe retribuir financeiramente. Também é uma precaução contra a possibilidade do projeto principal vir a ser encerrado no futuro, de forma abrupta, e o músico ficar sem outra opção de rendimento.
 O médico, por exemplo, possui vários trabalhos - plantão aos domingos, ambulatório à tarde durante a semana, plantão à noite duas vezes por semana em outro hospital, atendimento pela manhã três vezes por semana em clínica particular, e assim por diante. Da mesma forma, o músico precisa enxergar várias possibilidades de trabalho na área musical. 
 Segue algumas oportunidades mais comuns de negócios, direta ou indiretamente, na indústria da música:

 - banda autoral;
 - banda tributo ou cover;
 - banda ou orquestra de baile;
 - sonorização para eventos;
 - montagem de estrutura;
 - empresariamento artístico (management);
 - agenciamento (booking);
 - produção executiva (show ou disco);
 - produção de turnê (tour management);
 - técnica (som, luz, palco);
 - direção artística (disco ou show);

 - casa de show, teatro, boate, bar (música ao vivo);
 - produção fonográfica (gravadora);
 - edição musical (editora);
 - distribuição de discos (distribuidora);
 - comércio de discos, DVD e afins;
 - comércio de instrumentos, equipamentos e acessórios;
 - fabricação e reparo de instrumentos, equipamentos e acessórios;
 - composição (autor);
 - instrumentista ou intérprete (tocando/cantando/gravando para terceiros);
 - cantor independente (voz e violão);
 - arranjador;
 - maestro;
 - trilha sonora (publicidade, jogos, teatro, cinema, moda);
 - DJ (rádio, show, festa, boate);
 - sinfônica (emprego público);
 - ensino (licenciatura);
 - estúdio de ensaio;
 - estúdio de gravação;
 - estúdio móvel;
 - mixagem;
 - masterização;
 - replicação de mídia (vinil, DVD, CD);
 - organização de eventos (festivais, concursos, prêmios, shows);
 - marketing cultural (elaboração e captação de projetos musicais);
 - design (capas de disco e material gráfico);
 - web (programação ou design para o setor);
 - assessoria de imprensa (especializada em música);
 - produtora de vídeo (clipes, documentários, DVD's);
 - tecnologia da informação (produtos para o setor).
 Lembrando que uma opção não exclui a outra, e considerando também as características e aspirações pessoais, a ideia é que o músico preencha sua agenda com trabalhos ligados à atividade musical, de forma geral, sem se prender unicamente ao trabalho com banda autoral. Ou seja, assim como aconselha um prudente gerente bancário, o músico deve diversificar seus investimentos.



Música Ltda - O Negócio da Música para Empreendedores
(Leonardo Salazar). Editora SEBRAE;

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Música e Saúde


 Uma boa música para, literalmente, relaxar!
 Pesquisa realizada na Grã-Bretanha, aponta que a música pode ser uma boa estratégia para aliviar as dores e incômodos de uma cirurgia.
Música durante e após cirurgia tem efeito analgésico, diz pesquisa (Foto: Thinkstock)

 A publicação científica The Lancet divulgou que, pesquisadores londrinos da Universidade de Queen Mary apontaram num estudo recente que ouvir música antes, durante e depois de uma operação pode ajudar a reduzir a dor.

Ouvir música durante a cirurgia É relatado na pesquisa que pacientes ao ouvirem música durante os procedimentos, ficaram menos ansiosos após as cirurgias e não precisaram tomar tantos analgésicos. Segundo os pesquisadores, a música foi eficaz até mesmo quando pacientes estavam sob efeito de anestesia geral.
 "É um estudo muito interessante. Esperamos que médicos levem os resultados em consideração, porque queremos que os pacientes tenham a melhor recuperação possível após uma cirurgia", disse um porta-voz do Ministério da Saúde Britânico sobre as descobertas da pesquisa.
 Os cientistas esperam que hospitais sugiram aos pacientes, para trazerem consigo aparelhos para ouvir música.
 A equipe fez setenta testes em cerca de 7 mil pacientes por volta do horário da cirurgia. Concluíram que a música apesar de não conseguir reduzir o tempo de estada do paciente no hospital, surtiu efeito no estresse e na dor do mesmo.
Dr. Catherine Meads

 "A música é uma opção segura, barata e não invasiva que deveria estar disponível para todos que passam por uma cirurgia", disse Catherine Meads (principal autora do estudo).
 Segundo ela, "atualmente, a música não é usada rotineiramente durante uma cirurgia para ajudar pacientes na recuperação pós-operatória". "O pouco uso desse recurso acontece principalmente por causa do ceticismo de profissionais sobre o quanto ele pode ser útil e, claro, por causa de questões de orçamento e da falta de hábito de inserir isso na prática diária", disse.
 Segundo Meads, o que mais surpreendeu no estudo foi que a música funcionou até mesmo quando os pacientes estavam sob efeito de anestesia geral.

Mr. Hazim Sadideen
 Os pesquisadores aprofundarão esse estudo com outra pesquisa no Royal London Hospital ainda em 2015. Cerca de quarenta mulheres que passarem por uma cesariana ou uma histeroscopia terão a chance de ter sua lista de músicas conectadas em um travesseiro com caixas de som embutidas.
 Contudo, a autora da pesquisa ressaltou a importância de cuidar para que a música durante a cirurgia não atrapalhe a concentração nem a comunicação entre médico e equipe na operação.
 Hazim Sadideen, cirurgião plástico do Hospital da Universidade de Birmingham que também pesquisou sobre o papel da música, disse que a pesquisa traz resultados bastante úteis.
 "Passar por cirurgias, sejam elas pequenas ou grandes, trazem muito estresse. A música pode ser usada como algo a mais para melhorar a experiência do paciente, mas claro, isso se ele concordar em ouvir música no procedimento".



sites:                                                        

sábado, 31 de outubro de 2015

Guitarristas e Banjoístas no Jazz

 Na postagem "guitarristas" feita anteriormente, encontrarão alguns nomes, contudo, em uma de minhas leituras recentes, descobri e divido com vocês mais alguns nomes do extenso hall de guitarristas do Jazz. Vamos lá!
 Jorge Guinle, em seu livro Jazz Panorama, escreve o seguinte:  O banjo e a guitarra possivelmente foram os primeiros instrumentos com os quais os blues singers itinerantes se acompanhavam. Os banjos foram cedo associados com os famosos minstrel shows, tão populares no fim do século XIX e começo do XX. Foram empregados quase com exclusividade nas seções rítmicas das orquestras, antes de serem substituídos pela guitarra, por volta de 1930. 

 Nas orquestras revivalistas de Nova Orleans clássico, este instrumento foi novamente usado. Bud Scott, que integrou o conjunto de Mutt Carey-Kid Ory, é um veterano das primeiras ragtime bands de Nova Orleans, assim como Lawrence Marrero, que tocou com Bunk Johnson, Willie Santiago etc. Dos banjoístas Nova Orleans, possivelmente o melhor é Johnny St. Cyr, célebre por suas atuações com o Hot Five, de Armstrong, e os Red Hot Peppers, de Jelly Roll Morton. Entre os que tocavam banjo e guitarra, Kibbue Johnson foi um dos maiores blue singers.

 Na década de 1950, Clancy Hayes, Monte Ballu, Danny Barker, Nappy Lamare, e Eddie Gibbs incluem-se entre os revivalistas que reintroduziram o banjo nas orquestras tradicionais. Em Chicago, Eddie Condon foi mais conhecido como animador e organizador de conjuntos do que propriamente como um banjoísta e guitarrista. Seu rítmo é, no entanto, impecável, mas não solou em disco algum. Eddie Lang, que acompanhou Bing Crosby à guitarra no princípio de sua carreira, foi um músico muito técnico, mas muito pouco jazz.

 Na era swing, apareceram bons guitarristas, culminando com Charlie Christian, cuja linha melódica inspirou-se muito nos solos do saxofonista Lester Young e cujas ideias harmônicas tiveram influência no jazz moderno. Infelizmente, desapareceu muito moço, em março de 1942. Entre os outros, destacaram-se Tiny Grimes, Carmen Mastren, Oscar Moore, Django Reinhardt, cujo estilo personalíssimo fez com que o consideremos o único músico de jazz europeu verdadeiramente original, Les Paul, Freddie Green, possivelmente o melhor para orquestra swing, Eddie Durham, também bom trombonista e arranjador, Allen Reuss, Dick McDonough, Everett, Barksdale, Jack Shirley, Al Casey, Dave Barbour, Bernard Addison, Floyd Smith, Carl Kress, Fred Guy.

  Abre-se um parêntese para citar vários cantores de blues que se acompanhavam e solavam maravilhosamente à guitarra, dentro do gênero: Teddy Bunn, Josh White, seguiram a tradição dos precursores Blind Lemon Jefferson, Blind Willie Johnson, Big Bill Broonzy, Leadbelly, Papa Charlie Jackson, Tampa Red, Jazz Gillum, Kokomo Arnold, Scraper Blackwell, Sleepy John Estes, Willie Bee, Muddy Waters, John Lee Hooker, T-Bone Walker.

 Dos modernos, temos: Barney Kessel, John Collins, Herb Ellis, Tal Farlow, Jimmy Raney, Jim Hall, Chuck Wayne, Mundell Lowe, Billy Bauer, Barry Gailbraith, Johnny Smith, Howard Roberts e o brasileiro Laurindo Almeida.


Jazz Panorama (Jorge Guinle);

sites:                         www.corbisimages.com;
www.jazzbanjo.com;
https://sites.duke.edu/banjology;
http://www.thekubiks.com
http://www.pomeroyblues.org
http://www.ericwatersphotography504.com
https://sites.duke.edu
http://bixography.com
http://www.midside.com
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http://www.jazzbanjo.com
http://www.guitarejazz.com
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sábado, 19 de setembro de 2015

Maestro Antônio Carlos Gomes: imortalizado na arte, injustiçado na vida

   Em 1836, Campinas (SP) ainda era conhecida como São Carlos, distrito de Jundiaí.
   Neste mesmo ano nasceu Antonio Carlos Gomes (Tonico), oitavo filho do maestro José Manuel Gomes (Nhô Maneco Músico) e de dona Fabiana Maria Jaguari Cardoso, sua terceira esposa. Diga-se de passagem que o Maneco Músico já tinha doze filhos do segundo casamento.
   O pequeno Tonico cresceu em lar modesto materialmente, mas rico em arte. Recebeu seus primeiros ensinamentos musicais do severo pai.
   Em 1844, com oito anos de idade, ladrões entraram em sua casa para roubar-lhes um valioso violoncelo, e dona Fabiana lutando em defesa do raro instrumento foi mortalmente ferida.
   Órfão e assustado, seu destino mudou de rumo. Maneco, seu pai, casou-se novamente e teve mais seis filhos.
   Tonico entrou na escola pública, aprendeu o ofício de alfaiate, e nas noites, ele e alguns irmãos recebiam aulas de música do pai. Desde então, apegou-se muito por José Pedro (rabequista), seu irmão mais velho e predileto.
   Na juventude, Tonico ao piano e José Pedro no violino eram constantemente convidados para se apresentar nos saraus de Campinas e arredores, e como seus nomes já eram populares na região, os irmãos campineiros passaram a se apresentar nas residências de aristocrátas em São Paulo.
  A contragosto do pai, Carlos Gomes matriculou-se no Conservatório do Rio de Janeiro, na época dirigido por Francisco Manuel (autor do Hino Hacional). Seu sucesso chamou a atenção de Dom Pedro II, que o acolheu pessoalmente sob sua proteção e mais tarde, o enviou para estudar em Milão, centro da música na Itália. Duas operetas compostas por Tonico, arrancaram aplausos e elogios do exigente público italiano.
   Certo dia na Itália, um ambulante ofereceu a Carlos Gomes um libreto contendo a obra máxima de José de Alencar: "II Guarany - Romanzo Brasiliano". Inspirado nesta, o maestro deu vida a ópera "O Guarani", e novamente foi ovacionado pela platéia italiana, que delirou.

   Giuseppe Verdi, monstro sagrado da ópera, ao assistir os ensaios exclamou: "Questo giovane comincia da dove finisco io" (Este jovem começa donde terminei). 
   O compositor brasileiro entrou para a galeria dos grandes musicistas de todo o mundo. Ainda assim, Carlos Gomes estava numa situação inversa ao seu talento e prestígio, vivia com pouco recurso financeiro. Tinha muitas dívidas, morava modestamente e sem nenhum conforto num apertado sótão em Milão. Casou-se com uma pianista italiana, com quem teve três filhos. Sua esposa exigia gastos extraordinários por ter uma saúde doentia e frágil. Nesta época, o maestro era ajudado financeiramente pelo querido irmão José Pedro, assim como recebia também auxílio de D. Pedro II.
   O maestro recebia muitas acusações brasileiras, como ser chamado de "brasileiro ingrato", "italiano", e entre outras, diziam que havia plagiado "O Guarani" de um autor anônimo. Sua situação financeira agravara-se, morreu sua esposa, e com poucos recursos teve que cuidar de seus três filhos enquanto atendia as encomendas musicais que lhe faziam.
   Do governo brasileiro não chegava mais nenhum auxílio, apenas o Imperador lhe enviava pequena contribuição tirada do próprio bolso. Apareceram os primeiros sintomas de um câncer na língua provindo do hábito de fumar charutos. Agravando mais a situação, sobrevém a proclamação da República e o maestro percebe com angústia, que passara a ser "persona non grata" em seu próprio país.
   Doente, pobre, endividado e mal visto pelos novos donos do poder, Carlos Gomes sentia estar próximo do fim. Um dos filhos, Carlos André, falecera.
   Em 14 de maio de 1896, o enfermo e alquebrado Carlos Gomes assume o cargo de diretor do Conservatório de Música do Pará, mas em 16 de setembro do mesmo ano, o maestro entrega sua alma a Deus.




Histórias Que A História Não Conta (Paulo Nathanael Pereira de Souza);
site: A Campinas de Carlos Gomes;

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Agradecimentos


   De antemão, quero agradecer imensamente a Deus pelo meu ofício, assim como, agradecer a esses pequenos guerreiros que só me trazem alegrias. Digo guerreiros porquê em meio a tantas dificuldades, vencem as durezas do dia e da vida com muita energia, raça e sorriso no rosto.

   Por este e outros motivos, agradeço inicialmente ao grupo (da esquerda para a direita na foto acima): Caio, Pablo, Vitória, Camyli, Jocimar, Lívia, Guilherme e Gabriela. Há também Amanda, Mylene, Fernanda e Jociane, que cantaram e ficaram escondidinhas no lado esquerdo da foto. Muito obrigado pela dedicação e seriedade na apresentação do dia 23 de Agosto de 2015.


   Além do pessoal mencionado, quero agradecer de coração a todos os discentes que durante esses anos, participaram e participam com afinco das minhas aulas. Torço por todos e quero muito vê-los grandes cidadãos no futuro. Sou fã de vocês!







quarta-feira, 29 de julho de 2015

Bossa-Nova, Baião, Sambalanço, Caitituagem... Desde quando?

   A denominada fase de ouro da música popular brasileira (entre 1927 e 1946), foi um período onde inúmeras obras-primas e excelentes músicos estavam presentes. Tais como: Pixinguinha, Radamés Gnattali, a Orquestra Odeon, Ary Barroso, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Mário Lago, Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues, Moreira da Silva, Carmem Miranda, Orlando Silva, Bando da Lua, Dilermando Reis, Garoto, Laurindo de Almeida, entre outros inúmeros.
   Por volta de 1946, a música, que até então era uma arte praticada mais por amor que por dinheiro e que quase nada rendia ao compositor senão o prazer de se expressar esteticamente, começou a se tornar um bom negócio. Nesta época nasceram o movimento das sociedades arrecadadoras dos direitos fonográficos.
   Compôr música passou a ser um negócio como qualquer outro. Surgiram falsos compositores que passaram a especular com ela, comprando letra ou música ou entrando na parceria. Começou a aparecer a "caitituagem", isto é, o trabalho dos compositores junto a discotecários e programadores para tocar incessantemente a música, dando-lhes muitas vezes, como pagamento, parceria.
   A influência da música americana, que até então apenas se fazia sentir em um ou outro arranjo, começou a tomar as proporções de uma nova moda musical a partir do lançamento de "Copacabana", interpretada por Dick Farney.
   A essa influência, mais tarde, juntou-se outra também intensa: o Bolero.
   Logo aparece o Baião, tornando-se uma epidemia. O Samba Clássico começa a ficar antiquado e considerado quadrado, e uma nova fase na música popular começa a aparecer.
   Em abril de 1958 nasce a Bossa-Nova, surgida em um long-playing chamado "Canção do Amor Demais", que não é absolutamente Bossa-Nova. Encontramos neste álbum composições de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes, cantadas por Elisete Cardoso. Como dito, nada nele é Bossa-Nova, exceto pelo violão de João Gilberto tocando com uma batida diferente nos sambas "Chega de Saudade" e "Outra Vez". Era a divisão  rítmica revolucionária, a nova síncope que iria caracterizar ritmicamente a batida da Bossa-Nova. 

   Em março de 1959, configurou-se como o nascimento da bossa-nova vocal, quando surge na praça o LP "Chega de Saudade", onde está incluída a canção "Desafinado" e onde pela primeira vez é aplicado o termo bossa-nova:

...Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa-nova
Isto é muito natural...


   Em 22 de setembro de 1959, realiza-se no Teatro Arena da Universidade de Arquitetura do Rio de Janeiro, a primeira noite da Bossa-Nova.
   Em 1960, lendas como Ella Fitzgerald, Roy Eldridge e Paul Smith se entusiasmam com a música brasileira. Em 1961, Charlie Byrd (outra lenda da música) excursiona pelo Brasil e encantado com o estilo ouvido, leva de volta em sua bagagem alguns discos do gênero.
   Em 1962, realiza-se no Carnegie Hall e no Village Gate (ambos em Nova York) o Concerto de Bossa-Nova, apresentado com grande sucesso e êxito em ambos locais.
   Surge uma variante do gênero, o Sambalanço. Cultivado por nomes como Ed Lincoln, Miltinho, Djalma Ferreira, etc. E em seguida, chega Jorge Ben com o Afro-Samba.




Panorama da Música Popular Brasileira - Volume 1 (Ary Vasconcelos)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Guitarra e Jazz - parte III

Duas décadas de constante inovação


   Entre as décadas 1930 e 1940, a Gibson lançou-se na fabricação de guitarras elétricas. Seus novos modelos ES-350 (1947), ES-175 e ES-5 (1949) eram instrumentos completamente elétricos além de apresentar uma novidade: as caixas eram cortadas, para facilitar o acesso aos últimos trastes. 
   Apesar da constante inovação dos diversos fabricantes, a guitarra elétrica de corpo oco apresentava alguns problemas técnicos, como as frequentes interferências. Tentando solucionar o problema, em fins da década de 1950 a Gibson apresentou série 300. Eram instrumentos semisólidos estilizados com uma peça de madeira que cruzava o corpo, reduzindo as vibrações do tampo harmônico e minimizando os efeitos negativos da amplificação.

   Quase paralelamente, em fins da década de 1940 a fábrica Fender apresentou as primeiras guitarras elétricas de corpo maciço (embora já no fim da década de 1930 alguns inventores e músicos tivessem concebido esse tipo de guitarra).
   Em 1952, a Gibson respondeu com o modelo Les Paul Gold Top (substituído pelo modelo Standard seis anos depois) e, dois anos mais tarde, a Fender fabricou uma guitarra com três pickups e um braço trêmulo.
   Esses três modelos estabeleceram-se como a base do design das guitarras elétricas de corpo maciço, instrumentos que, pelas suas características sonoras seriam mais próprios do rock do que do jazz.

Entre o Jazz e o Rock


   O período entre fins da década de 1940 e meados da década de 1960, houve um desenvolvimento técnico e musical sem precedentes. A tecnologia da amplificação e o sistema de pickups melhoraram substancialmente, o que resultou numa maior qualidade sonora.
   Apesar de tudo, a guitarra continuava a apresentar alguns inconvenientes. O som se desvanecia rapidamente (diferentemente dos instrumentos de sopro que podiam estender um nota quase indefinidamente, dependendo do controle respiratório do intérprete). Esse pequeno obstáculo foi resolvido no final dos anos 1960, pois com a chegada do rock, novas técnicas interpretativas foram adotadas.
   Diferentemente dos instrumentos de sopro que já compunham as primeiras Big Bands, a guitarra começou a exercer um papel de destaque no jazz nas décadas de 1960 e 1970, com o nascimento do jazz-rock. Durante décadas, os guitarristas tiveram de trabalhar muito para adaptar suas técnicas a um estilo musical para o qual o seu instrumento não tinha sido concebido.
   Como as guitarras elétricas semisólidas e as de corpo maciço permitiam um maior controle do executante sobre o instrumento, o modelo semiacústico foi sendo abandonado. Mesmo assim, todos os modelos (incluindo a acústica) conviviam e o uso dos mesmos era de acordo com o estilo a ser tocado.
   Apesar da incorporação tardia no jazz, a guitarra foi eleita como um dos pilares nos quais se apoiam os atuais grupos do gênero.


- Coleção Instrumentos Musicais, nº 9, ed.Salvat;

sábado, 23 de maio de 2015

Guitarra e Jazz - parte II

O êxito das guitarras de tampo arqueado


  Em 1902, Orville H. Gibson fundou em Michigan uma fábrica de instrumentos que dominou por décadas o mercado das guitarras de tampo arqueado. A L5 e a Super 400, os dois modelos acústicos clássicos, foram pensadas para que os músicos de jazz conseguissem o volume de que tanto ansiavam.
  Durante a década de 30, os protótipos construídos por Gibson coexistiram com as guitarras fabricadas, entre outros, por John D'angelico, um construtor estabelecido em Nova York a quem sucedeu o seu sócio, Jimmy D'Aquisto, no final da década de 1960. Também as guitarras de tampo arqueado das marcas Epiphone e Stromberg gozavam de grande fama entre os músicos.
  A competição entre os diferentes fabricantes era constante e vinha já do passado: em meados da década de 1930, a Ephipone lançou a Epiphone Emperor (uma acústica de luxo) como resposta à Super 400 de Gibson. Em 1941 a Epiphone também lançou o modelo Deluxe como resposta a L5 de Gibson. 
  A marca francesa Selmer comercializou por volta de 1932 um design de Mário Maccaferri que incluía uma câmara de ressonância adicional no interior do corpo (algo parecido com as guitarras amplifônicas produzidas pelas marcas Dobro e National, cuja caixa incorporava um cone de ressonância de alumínio). Tratava-se da guitarra de jazz europeia, que a partir de então ficou associada ao lendário guitarrista Django Reinhardt.
  Cada construtor oferecia numerosos modelos de tamanhos e formas variadas os quais se converteram em clássicos muito apreciados pelos colecionadores.
  Por vezes, as guitarras eram fabricadas por encomenda, embora cada casa possuísse um vasto leque de modelos para escolher. É o caso das guitarras Stromberg, que no início eram construídas somente por pedidos expressos dos músicos, embora entre as décadas de 1930 e 1950, graças ao aumento da popularidade desses instrumentos entre os intérpretes de jazz, optaram por um catálogo com sete modelos básicos.


Tentativas de amplificação

  Entre 1920 e 1930, ocorreram numerosas tentativas de aumentar o volume da guitarra sem que esta perdesse a musicalidade própria da guitarra acústica.
  Lloyd Loar, empregado de Orville Gibson entre os anos 1919 e 1924, também começou a experimentar a amplificação elétrica da guitarra.
  O desenvolvimento da guitarra de tampo arqueado (seu volume já competia com os demais instrumentos numa banda numerosa) e o virtuosismo de alguns dos seus intérpretes fez com que o instrumento começasse a ter reconhecimento.
  No entanto, apesar da rápida aceitação nas bandas como integrante da seção rítmica, o reconhecimento como importante instrumento solista chegou somente mais tarde.
  O fato é que, nas gravações da década de 1930, o destaque da guitarra sobre os demais membros da banda ainda se conseguia de modo artificial através da colocação de um microfone, recurso este que não se podia ignorar em apresentações ao vivo. Assim, até o final desta década, quando os instrumentos musicais começaram a estar ao alcance de todos, somente as pequenas formações permitiam o uso da guitarra como solista.
  O aparecimento no mercado dos primeiros exemplares de guitarras elétrica ocorreu em 1931 graças a Adolph Rickenbacker, um fabricante de instrumentos nascido na Suíça no final do século XIX que se estabeleceu em Los Angeles por volta de 1920. Uma das primeiras elétricas construídas por Rickenbacker foi a Electro Spanish, fabricada entre 1932 e 1935, e que possivelmente foi a primeira guitarra eletroacústica da história. Na realidade, tratava-se de protótipos acústicos com cordas normais que incorporavam um fonocaptador elétrico e seletores na caixa. Em 1936, apareceu no mercado a Gibson ES150, uma guitarra eletroacústica de tampo arqueado que se estabelecera como o modelo padrão de jazz.
  A partir de então e até a década de 1940, alguns instrumentistas encarregaram-se de explorar as qualidades sonoras da guitarra elétrica, que se tornou o modelo próprio da tradição do jazz. Ainda assim, a guitarra acústica não abandonou o jazz; o seu tom íntimo e quente, que apesar de tudo a amplificação não tinha conseguido preservar, tornavam-na especialmente indicada para as apresentações em grupos reduzidos.


- Coleção Instrumentos Musicais, nº 9, ed. Salvat;
- i.Italy.org;
- Selmer;