sábado, 29 de maio de 2021

Base Física da Tonalidade

 Antes de iniciar o assunto em foco, vale a pena lermos sobre essa nota curiosa.
 Em algum momento da vivência na música, provavelmente você já ouviu falar sobre a importância da nota La (440 Hz).
 Mas, desde quando ela passou a ser referência?

  O Lá do diapasão normal, que é o ponto de referência para a afinação de todos os instrumentos musicais, e que foi estabelecido pela Academia e Ciências de Paris em 1858, produz 440 vibrações duplas por segundo, ou 870 vibrações simples.

 Antes da fixação desse limite reinava grande confusão e liberdade no que se refere ao diapasão. A expressão - diapasão antigo - significa um diapasão mais alto que o normal.

 Bem, agora retomaremos o rumo da conversa, melhor dizendo, o tema desta postagem, a base física da tonalidade.
 Certamente você já ouviu falar em tom, tonalidade, campo harmônico, acordes, sons harmônicos, etc. Essas palavras são corriqueiras no vocabulário dos estudantes e praticantes de música. Mas que tal, irmos um pouco mais fundo no assunto?

 Quando produzimos uma nota em algum instrumento, esta jamais aparece isolada.
 Logo após a ocorrência desta nota inicial, segue-se uma série de outros sons. Esse conjunto de sons concomitantes que tem por base um som fundamental ou gerador, é um fenômeno físico-harmônico denominado série harmônica.

  

Exemplo da série harmônica a partir de um som gerador:

Série Harmônica

 O vídeo a seguir, é um pequeno recorte da palestra "The Unanswered Question" de 1973, em Harvard. Neste trecho, Leonard Bernstein (maestro, compositor e pianista estadunidense) explana sobre a série harmônica.


 Nota-se que a ordem dos harmônicos é contínua quando o som é produzido por uma corda. A sequência de sons ocorridos após o som gerador, difere de acordo com os tipos de tubos usados na construção dos instrumentos musicais.

 O exemplo da série harmônica mencionado acima, corresponde aos harmônicos que são obtidos nas cordas e nos tubos abertos (cita-se como exemplo a flauta). Enquanto nos tubos fechados (toma-se como exemplo o oboé) são obtidos os harmônicos ímpares como: 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, etc.


 Vejamos agora os intervalos verificados entre os diversos sons da série harmônica:

  •  Entre os sons 1 e 2 - oitava justa;
  •     "       "     "     2 e 3 - quinta justa;
  •     "       "     "     3 e 4 - quarta justa;
  •     "       "     "     4 e 5 - terça maior;
  •     "       "     "     5 e 6 - terça menor;
  •     "       "     "     6 e 7 - terça menor;
  •     "       "     "     7 e 8 - segunda maior;
  •     "       "     "     8 e 9 - segunda maior;
  •     "       "     "     9 e 10 - segunda maior;
  •     "       "     "    10 e 11 - segunda maior;
  •     "       "     "    11 e 12 - segunda menor;
  •     "       "     "    12 e 13 - segunda menor;
  •     "       "     "    13 e 14 - segunda maior;
  •     "       "     "    14 e 15 - semitom cromático;
  •     "       "     "    15 e 16 - segunda menor;


 Observando o quadro dos harmônicos verifica-se desde logo:

 a) que os seis primeiros sons reunidos formam o acorde perfeito maior;
 b) que o acréscimo do sétimo som transforma o acorde perfeito maior em acorde de sétima da dominante;
 c) que o acréscimo do nono som transforma o acorde de sétima da dominante em nona da dominante maior:
 d) que os sons cinco, seis, sete e nove formam o acorde de sétima da sensível maior;
 e) que os sons cinco, seis e sete formam o acorde de quinta diminuta;
 f) que os sons seis, sete e nove formam o acorde perfeito menor;
 g) que eles são, portanto, a base física dos acordes e a consequência lógica e material da tonalidade.



fontes                                                                                           
Música para a Juventude (José Siqueira);
Teoria da Música (Bohumil Med);