segunda-feira, 30 de outubro de 2023

War Loudness

 Desde a década de 1980, com o aparecimento do CD, os executivos das gravadoras começaram a travar uma guerra entre si, deixando as músicas com volume cada vez mais alto afim de destacá-las quando tocadas no rádio.

 O nível máximo de picos em gravações é limitada pelas especificações dos aparelhos eletrônicos na cadeia de sinal até o ouvinte, incluindo tocadores de vinil e fita cassete. Com a chegada dos CDs, a música foi codificada em formato digital com um nível máximo de pico claramente definido.

 Engenheiros podem aplicar uma crescente taxa de compressão a uma gravação de modo a aumentar seu ganho até os picos de volume máximo. Álbuns modernos passaram a fazer uso de forte compressão dinâmica, sacrificando a qualidade da produção em favor do volume alto.


 Essa competição tem sido bastante prejudicial para a música em geral e passou a ser chamada de War Loudness (Guerra do Volume) ou Loudness Race (Corrida do Volume).
 Com esse volume excessivo existente na masterização e nos lançamentos de gravações digitais, os discos, de tão altos, começaram a perder totalmente a dinâmica, além de causar um estresse auditivo pelo excesso de volume e compressão.


 Mas o que é Loudness?

 Loudness é um conceito que está diretamente ligado à intensidade de volume percebida pelo ouvido humano.
 Em volume mais baixo, a nossa audição tende a ouvir menos as baixas e as altas frequências. Isso acontece por conta de uma curva natural do ouvido humano, que é mais sensível às frequências médias, ou seja, nossos ouvidos não são lineares.



 Há alguns anos atrás, quando se assistia televisão, era muito comum o espectador "dar um pulo da poltrona" quando entravam os comerciais. Isso porque o volume ficava quatro vezes mais alto, sendo necessário pegar o controle remoto e baixar o volume; mas logo em seguida, aumentá-lo novamente, quando o programa retornava.

 A escalada competitiva por um volume cada vez mais alto levou fãs de música e membros da imprensa especializada a se referirem a tais álbuns como "vítimas da guerra do volume".

  • Californication, 1999 (Red Hot Chilli Peppers)
  • Songs for the Deaf, 2002 (Queens of the Stone Age)
  • Vapor Trails, 2002 (Rush)
  • Whatever People Say I Am, That´s What I'm Not, 2006 (Arctic Monkeys) 
  • Modern Times, 2006 (Bob Dylan)
  • Back to Basics, 2006 (Christina Aguilera)
  • Memory Almost Full, 2007 (Paul McCartney)
  • Icky Thump, 2007 (The White Stripes)
  • Death Magnetic,, 2008 (Metallica)
  • Black Gives Way to Blue, 2009 (Alice in Chains)

 
LUFS (Loudness Units Relatives to Full Scale)

O cenário começou a mudar e novos padrões de medida passaram a ser adotados com a chegada das plataformas digitais através do LUFS.
 O LUFS tem sido muito importante no sentido de baixar o volume das masterizações de um modo geral, pois até então, o nível de um sinal de áudio era medido de duas maneiras: pelo pico ou pelo RMS.
 Enquanto os picos medem o nível mais alto que o áudio pode ter, o RMS vai medir o nível médio do sinal.
 Para equilibrar os níveis de uma masterização alguns engenheiros baseavam-se pelo pico mais alto da música. Isso nem sempre funcionava muito bem, pois, se o nível RMS de uma determinada faixa fosse maior que outra, elas soariam com volumes diferentes.
 Foi, então, criada uma unidade de medida de loudness, o LUFS. Atualmente esta é a melhor maneira de se medir a intensidade do áudio. 



 O LUFS é uma medida mais precisa e mais compatível com a audição humana, e passou a ser utilizada por emissoras de rádio e TV e também pelas plataformas digitais. Isso evita que, ao ouvir uma playlist, você tenha que ficar aumentando e abaixando o volume o tempo todo.






fontes                                                                                                   :
Técnicas Básicas de Áudio e Gravação (Sesc Digital);
Wikipedia;