sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Compositores X Sociedades Arrecadadoras

COMPOSITOR

   Se as sociedades arrecadadoras existem é porque há algo de valioso que motivou a sua criação e sustenta a sua existência. Este algo mais é o compositor que, com seu espírito criador, faz nascer o sucesso através de suas obras. Portanto, deve ficar bem claro que o compositor vive sem a sociedade arrecadadora, mas a sociedade arrecadadora não vive sem o compositor.
   Os autores que não tem cumplicidade com o passado e são de espírito renovador e corajoso, começam aqui suas estórias. Os autores são todos diferentes entre si porque o número de bons e aptos é muito menor que o dos incapazes e inaptos. É possível que um grande grupo de ignorantes consiga derrubar os méritos e obscurecer o valor dos bons. Mas se agir assim estará cavando sua própria sepultura. São os autores de valor e capacidade que impõe respeito à classe e dirigem a massa. É importante observar que na natureza não há duas coisas exatamente iguais. Há os que querem generalizar, mas isto no sentido criativo é o maior absurdo.
   A vida de um artista-compositor deve ser respeitada e considerada pela grandeza do seu trabalho e pelos seus rendimentos. Para influenciar uma geração ou mesmo o povo, nada melhor do que a música, principalmente se o autor é privilegiado por uma cultura lúcida e de grande capacidade psicológica, empregando todos esses princípios em suas composições. Melhor ainda quando ele desfruta de grande popularidade. Através de suas composições pregará amor, trabalho, otimismo, respeito, moral, educação, nacionalismo e tudo com rendimento proveitoso. São sementes lançadas hoje para a colheita de frutos num amanhã distante porque a música que uma criança canta em sua infância será a sua companheira por toda a vida.
   É importante entender que fazer sucesso não é básico do artista. Há muita diferença entre o valor e o sucesso. O valor permanece e o sucesso passa.
   Todo compositor sabe que é possível compor uma música simples e de grande conteúdo e, ao mesmo tempo, ser de grande beleza e proveito público. A miséria em muitas vidas humanas é em grande parte devida ao efeito psicológico das músicas inúteis que são ouvidas, causando verdadeiros transtornos em vidas nascentes e inocentes.
   São esses os trabalhos inúteis de péssimos compositores que danificam as possibilidades dos bons. Os péssimos compositores ficam junto aos bons somente nas discotecas e nos arquivos, mas isso um dia será sanado com inteligência e trabalho. o motivo básico de toda essa inversão de valores é que a classe de compositores não possui uma entidade protetora para lhes dar apoio em suas carreiras artísticas. Só existem organizações arrecadadoras para sugá-los, tirando todo proveito de seus trabalhos.
   Mas por que terá ele que ser sempre a vítima massacrada pelos sugadores das sociedades arrecadadoras?
   O compositor não pode servir de cobaia nas mãos dos exploradores e diretores das sociedades arrecadadoras. Essas organizações devem ocupar o lugar de simples incidentes na vida dos compositores, caso queiram continuar a existir, devem provar a eficiência de seu trabalhos.
   O que o compositor deseja é uma organização que preste serviço, que dê assistência à sua classe, que favoreça o público na divulgação de seus trabalhos; não sociedades arrecadadoras que só exitem para explorar o público e o compositor, arrecadando grandes somas e lesando todos os direitos do autor, além de, injustamente, impingir sanções a quem se recusa a contribuir.

DIREITOS AUTORAIS

  O artista é o criador que, com seu dom, lança a semente. Logo aparecem espertalhões das ditas sociedades arrecadadoras de direitos autorais e colocam as suas máquinas organizadas em forma de agentes espalhados por todo território nacional colhendo todos os frutos produzidos. É vergonhoso o que acontece. A diretoria dessas organizações arrecadadoras julga-se dona de tudo que gira em torno desse imenso patrimônio que é a música. Quem compõe a obra é o compositor; quem cria e divulga são os cantores, gravadoras e editoras; quem elege o sucesso é o público, mas quem colhe, cobra e recebe, são as sociedades arrecadadoras que se dizem ser protetoras e defensoras do Serviço dos Direitos Autorais.
   É este o absurdo. Qualquer um percebe que está sendo ludibriado por esses espertalhões. Para facilitar o trabalho seria necessário individualizar, num levantamento honesto, as obras de cada autor, através de um estudo muito bem orientado, fazendo com que os proventos de suas obras retornassem às suas mãos, através de um documento público que assegurasse a este compositor o que lhe é de direito, relacionando todas suas obras. Caso ele não estivesse produzindo mais, e seus trabalhos continuassem em evidência, em uma escritura pública, para reservar-lhe os direitos de propriedade para si e para seus sucessores e herdeiros. Para os autores em plena atividade, que fosse criado um órgão público, onde se catalogassem as obras e músicas que seria lançadas e exploradas comercialmente, canalizando para este órgão toda a arrecadação referente às obras de cada autor, incluindo também as comissões das gravadoras e das editoras. Caso estes discos fossem retirados do mercado, isso seria comunicado ao órgão por meio de circulares.
   As sociedades arrecadadoras no país são: SICAM, UBC ,SBAT, SBACEM e SADEMBRA. Estas são as organizações que fazem as arrecadações sobre as execuções nos estabelecimentos de diversão através de procuradores e agentes em todos os estados e municípios do país.
   Existem ainda, prosseguindo na defesa dos direitos autorais, três entidades paralelas às citadas: s UBC, derivada da ADDAF, que protege os direitos fonomecânicos (sopre a venda do CD), da SADEMBRA derivou-se SINFOBRAS (Sociedade Civil para Defesa dos Direitos Autorais) e a SOCINPRO (Sociedade Brasileira de Intérpretes e Produtores Fonográficos, que arrecada também sobre os intérpretes, cobra pela execução do intérprete em todos os estabelecimentos.
   Resumidamente pode-se dizer que, o compositor cria e semeia a obra, quem cultiva é o artista, quem propaga e e faz com que as obras se tornem famosas é a gravadora e o seu CD, bem como as emissoras de rádio, editores e todos os estabelecimentos de diversão. E quem colhe todos os frutos dos trabalhos é a sociedade arrecadadora, que nada faz em favor do artista.




fonte:                                            
Música Arte-Profissão (Roberto Bueno)