Ressalvo que o conteúdo a seguir foi extraído do jogo Festival da MPB, desenvolvido e compartilhado pela revista Educar Para Crescer.
Música Instrumental
No início de 1960, a música dominante e que dispensava grandes orquestrações, era a bossa nova. As rádios, onde reuniam grandes orquestras, perdiam espaço para a televisão, e boa parte das emissoras dispensou seus músicos. Os empregos para instrumentistas começaram a rarear, havendo uma migração de artistas brasileiros para os EUA.
Desde muito cedo Hermeto Pascoal produzia música, usava a natureza e tudo que tivesse em seu entorno. Com sete anos, experimentou pela primeira vez um acordeon oito baixos de seu pai, e não parou mais.
A capacidade de misturar e dar novas dimensões aos ritmos brasileiros; o senso de improvisação fora do comum; suas experimentações sonoras com diversos instrumentos, objetos, animais, tornaram-no referência dentro e fora das fronteiras brasileiras.
Entre os nomes da música instrumental brasileira, encontramos: Hermeto Pascoal, Quarteto Novo, Quinteto Armorial, Moacir Santos, Egberto Gismonti, Grupo Pau Brasil, Airto Moreira, Sivuca, Paulo Bellinati, Nelson Ayres, e muitos outros.
Canção de Protesto
Em 1964, o Brasil foi marcado politicamente com o golpe militar, que durou até meados de 1985. Os direitos civis passaram a ser severamente controlados, e o grande símbolo de controle foi o AI5 (Ato Institucional número 5), outorgado em 1968, dando ao governo o poder de censura e repressão política, cultural, artística e educacional. Casos de tortura, exílio, desaparecimentos e até assassinatos eram comuns, mesmo que ignorados pela mídia.
Neste contexto, surgiu as canções de protestos, onde os músicos tinham que usar e abusar da criatividade para conseguir burlar a censura, e não sofrerem consequências do poder militar.
Alguns nomes: Geraldo Vandré, Nara Leão, Belchior, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Carlos Lyra, Elis Regina, Chico Buarque e Taiguara.
Samba Rock
Há quem diga que a canção "Chiclete com Banana", eternizada por Jackson do Pandeiro em 1959, foi o primeiro samba-rock escutado pelos brasileiros. Fato ou não, nesta época, Jorge Ben era apenas mais um garoto da zona norte do Rio de Janeiro fascinado por futebol e pelas batidas suaves de João Gilberto ao violão.
Jorge, iniciante no violão e habilidoso no pandeiro, juntou as duas coisas, revolucionando o samba pouco tempo depois, apresentando a música "Mas Que Nada" no famoso Beco das Garrafas (ponto de encontro da Bossa Nova). Logo depois, lançou o álbum "Samba Esquema Novo", misturando o samba lento as rápidas batidas influenciadas pelo rock.
Entre os nomes que transitaram no gênero, encontramos: Jorge Ben, Wilson Simonal, Bebeto e Trio Mocotó.
Jovem Guarda
Jovem Guarda
Embora seja frequentemente associado aos hits ingênuos e roqueiros da época, o movimento promoveu mudanças também na forma em que os jovens passaram a se vestir e a se comportar.
Influenciado pelo rock n' roll importado da Inglaterra e Estados Unidos, o iê-iê-iê da Jovem Guarda se baseava em hits românticos dos Beatles e de outros fenômenos estrangeiros. O tom alegre e descompromissado fazia um contraponto às canções de protestos bossa-novistas, que taxavam o pessoal da Jovem Guarda de alienados e coniventes ao regime militar, além de serem criticados pelo uso de guitarra elétrica e adeptos de estrangeirismo.
Vale ressaltar que, pouco depois surgiu o movimento tropicalista, misturando as ideias.
Alguns nomes: Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia, Ronnie Von, Jerry Adriani, Eduardo Araújo, Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, entre inúmeros outros.
Tropicália
Num momento em que a cena cultural vivia um embate musical entre a turma do banquinho e violão (bossa nova) e a jovem guarda, os tropicalistas chegaram misturando e chacoalhando tudo.
Influenciados pelo pop internacional e extraindo o que encontravam de melhor na Bossa e na Jovem Guarda, tiravam sarro da publicidade e buscaram criar um retrato crítico da sociedade brasileira, tolhida de seus direitos civis pelo regime militar.
Bolero, samba, baião, bossa nova, rock, psicodelia, poesia concreta e artes plásticas compuseram a geleia geral do movimento.
Entre os nomes, encontramos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Tom Zé, os maestros Rogério Duprat e Júlio Medaglia, os poetas Capinam e Torquato Neto, Nara Leão, Gal Costa.
Música Popular Cafona ou Brega
Período explosivo: 1968 a 1978
Muita gente encara como músicas tolas e mal feitas, por isso a definição brega ou cafona. O sucesso desses artistas veio pela capacidade de expressar a visão de mundo da gente que não tinha voz, o povo, que em sua maioria habitava o subúrbio, possuía baixa renda e pouca escolaridade, resumindo, grande parte da população no auge da repressão,
Numa época em que a censura era demasiadamente presente, registravam em suas canções, sonhos, angústias, tragédias, protestos e amores das camadas humildes, criando uma obra de grande importância como registro social e histórico.
Alguns nomes: Waldick Soriano, Altemar Dutra, Odair José, Reginaldo Rossi, Paulo Sérgio, Evaldo Braga, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Lindomar Castilho, Claudia Barroso Benito di Paula, Luiz Ayrão e Wando.
Rock
O ritmo norte americano iniciado com Check Berry, Little Richard e Elvis Presley não demorou a chegar no Brasil, contudo, o sucesso e a assimilação do gênero foi vagaroso. O momento era da bossa nova.
A turma da jovem guarda até arriscou uma versão brasileira com o iê iê iê, sucesso de público e fracasso de crítica, pois guitarras elétricas não eram bem vistas.
Após a Tropicália, o rock foi ganhando força e sotaque brasileiro a partir de 1968, impulsionado principalmente por grupos como: Os Mutantes, além de Secos e Molhados, Novos Baianos, Walter Franco, etc.
Mas foi em 1973, que o rock brasileiro conheceu sua maior estrela, Raul Seixas.
Eis alguns nomes: Raul Seixas, Novos Baianos, Mutantes, Secos e Molhados, Vímana, Walter Franco, Casa das Máquinas, O Terço, Guilherme Arantes, Made in Brazil, Joelho de Porco e Rita Lee.MAU (Movimento Artístico Universitário)
O MAU nasceu espontaneamente em um sobrado no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, onde as irmãs Ângela e Regina recebiam frequentemente seus amigos universitários. As reuniões costumavam ser movidas a longas conversas, jogos de carta, rodas de violão, etc, e entre os frequentadores, estavam Gonzaguinha (estudante de economia), Ivan Lins (engenharia química), João Bosco e Aldir Blanc.
A música produzida por essa turma extrapolou os festivais internos, e em 1968 e 1970, uma canção letrada por Aldir Blanc e outra canção de Ivan Lins, alcançaram o segundo lugar no Festival Internacional da Canção.
Ivan Lins, por exemplo, teve suas músicas interpretadas por artistas consagrados como, George Benson, Ella Fitzgerald, Barbra Streisand e Quincy Jones.
Em 1971, parte do grupo foi chamada pela rede Globo para protagonizar o programa Som Livre Exportação, o que futuramente resultou na dissolução do movimento.
Entre os artistas: Ivan Lins, Aldir Blanc, Gonzaguinha, João Bosco.
Clube da Esquina
Em meados de 1960, movimentos antagônicos fervilhavam a cena cultural no eixo Rio-São Paulo. A Jovem Guarda era desdenhada pela bossa nova, que por sua vez era vista como alienada pelo pessoal das canções de protestos. A Tropicália chegava subvertendo e misturando tudo.
Paralelo a este cenário, um pessoal de Minas Gerais fazia sua própria síntese de música brasileira e rock, era o Clube da Esquina. Entre eles, o "Bituca" (Milton Nascimento) já chamara atenção com sua canção "Travessia", mas a revolução musical se deu quando Bituca se juntou a Lô Borges e os amigos do "clube" para bagunçar o coreto. Todas canções eram apresentadas em arranjos sofisticados e amparados por poemas que refletiam toda beleza e intensidade do clube mais importante da MPB.
Milton Nascimento, Som Imaginário, Lô Borges, Flávio Venturini estão entre os nomes dessa turma.
Educar para Crescer - Editora Abril
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