domingo, 11 de fevereiro de 2018

Santíssima Trindade do Samba

Donga, Pixinguinha e João da Baiana (MIS_SCabral_104147 / Acervo Sérgio Cabral / MIS-RJ)


   Donga


   Pai pedreiro e tocador de bombardino; mãe cantadeira de modinhas, festeira e mãe-de-santo respeitada em toda Cidade Nova, Rio, a Tia amélia. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga (1889-1974), passou a infância entre ex-escravos e negros baianos, aprendendo jongo, afoxé e outras danças.
   Começa a tocar cavaquinho e frequenta a casa da Tia Ciata, onde conhece João da Baiana, Pixinguinha, Sinhô, Caninha. Nas reuniões, que acabavam em partido-alto, nasce Pelo Telefone, oficialmente o primeiro samba gravado. Donga registra a partitura na Biblioteca Nacional em 20 de novembro de 1916, tornando-se o primeiro "indivíduo-compositor" da história do samba. Companheiros contestam. Dizem que foi criação coletiva. Mauro de Almeida ganha a parceria.
   Nos anos 20, integra o conjunto Oito Batutas, que viaja para a França. E, 1928, cria com Pixinguinha a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga. Na década de 40, participa das gravações feitas a bordo do navio Uruguai, a convite do maestro norte-americano Leopold Stokowski, que recolhia músicas brasileiras para lançar em seu país.

   Pixinguinha


   Aos 12 anos, Alfredo da Rocha Viana filho, o Pixinguinha (1897-1972), era considerado o maior flautista do Rio. Em 1922, durante a Exposição do Centenário da Independência, forma sua primeira orquestra. Faz arranjos para o teatro de revista, criando uma forma brasileira de execução. Em 1928, organiza com Donga a orquestra de caráter nacional. Dos 40 músicos, 34 eram instrumentistas de cordas. Pixinguinha e Donga pretendiam contrapor-se às jazz-bands e orquestras argentinas.
Convidado como orquestrador e maestro da RCA Victor, consolida o jeito brasileiro, influenciando todas as futuras gerações de maestros e arranjadores.

   João da Baiana


   Neto de escravos baianos, João Machado Gomes, o João da Baiana (1887-1974), era o único carioca dos 12 irmãos. Mãe festeira na Cidade Nova. Com ela o menino trilhou os caminhos do samba e do candomblé. Aos dez anos, desfilava no Rancho Dois de Ouro e no Pedra de Sal. Introduziu o uso do pandeiro no samba.
   Trabalhava como carpinteiro e animava festas. Certa vez, a polícia apreendeu-lhe o pandeiro e o impediu de tocar na casa do senador Pinheiro Machado. O Senador presenteou-o com instrumento novo.
   Na década de 1920, recusa integrar os Oito Batutas: prefere ir a Salvador visitar a madrinha, mãe-de-santo em terreiro do Gantois. Ritmista famoso pelo prato-e-faca e pelo pandeiro nas emissoras de rádio, toca em vários conjuntos, antes de formar, com Donga e Pixinguinha, a orquestra Diabos do Céu e o Grupo da Velha Guarda. Também foi pintor primitivista de cenas de carnaval e paisagens.


O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular  (Edição Especial do Professor);
site: https://pixinguinha.com.br/vida;

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