Pois é, isso aconteceu em Cremona, Itália.
Cremona talvez não seja a cidade italiana mais famosa, mas a valorização que demonstra pela fabricação de instrumentos e pela música clássica precisa ser reconhecida.
Foi lá que nasceu um dos maiores artesãos de instrumentos musicais do mundo, Antonio Giacomo Stradivari, que nos séculos XVII e XVIII produziu alguns dos melhores violinos e violoncelos de todos os tempos.
Antonio Stradivari
Antonio nasceu em 1644 e faleceu em 1737. O período áureo de sua carreira foi entre 1700 e 1722, quando assumiu ideias próprias de construção e atingiu o auge da sonoridade. Nesta época, Stradivari construiu seus violinos mais famosos: "Bets" em 1705, "Cremonese" em 1715, e no ano seguinte, "Messiah" e "Medici".
Antonio Stradivari |
Muitas de suas técnicas de fabricação ainda não foram desvendadas por completo. Através de aprofundadas pesquisas, o bioquímico Joseph Nagyvary concluiu que Stradivari usava no tratamento da madeira diversos tipos de minerais. Pesquisadores também acreditam que o luthier selecionava madeiras antigas obtidas de casas velhas que ele comprava.
Existem várias teorias e lendas não comprovadas cientificamente sobre a qualidade sonora dos teus instrumentos. Um fato, talvez o mais aceitável entre os cientistas, é que durante o período em que viveu, a Terra, e especialmente a Europa, estava passando por um período onde foram registradas temperaturas muito baixas, deixando as madeiras das árvores mais duras.
Existem várias teorias e lendas não comprovadas cientificamente sobre a qualidade sonora dos teus instrumentos. Um fato, talvez o mais aceitável entre os cientistas, é que durante o período em que viveu, a Terra, e especialmente a Europa, estava passando por um período onde foram registradas temperaturas muito baixas, deixando as madeiras das árvores mais duras.
De qualquer forma, cabe a ciência investigar e provar a veracidade destas teorias e lendas, porém, é notório que os instrumentos do luthier Stradivari, com mais de 300 anos de uso, ainda possuem um admirável e inigualável som.
Cremona
Museo del Violino |
Ao longo de janeiro de 2019, parte da cidade foi fechada em apoio ao ambicioso projeto de registrar digitalmente os sons dos lendários instrumentos característicos dos séculos XVII e XVIII, Stradivarius, Amati e Guarneri del Gesù.
Como estas gravações foram feitas com alta sensibilidade de captação, qualquer pequena vibração prejudicaria o processo.
Museo del Violino |
Assim sendo, durante o tempo de ocorrência das gravações, os cidadãos de Cremona estavam sensíveis ao barulho. As ruas do movimentado centro da cidade foram isoladas e o tráfego foi condicionado.
A cidade recebeu um comunicado de Gianluca Galimberti (presidente da câmara local e da fundação Stradivarius) pedindo a todos munícipes que evitassem produzir ruídos e sons desnecessários.
Um instrumento Stradivarius representa o auge da engenharia de som, e ninguém foi capaz de reproduzir seus tons únicos.
O curador do Museo del Violino, Fausto Cacciatori, está empenhado em ajudar nas gravações. Segundo Fausto, cada instrumento Stradivarius tem uma personalidade própria, e a característica dos seus sons inevitavelmente mudarão, podendo até serem perdidos em algumas décadas. Faz parte do ciclo de vida deles - explica. Nós os preservamos e restauramos, mas depois que atingem uma certa idade, eles se tornam frágeis demais para serem tocados e "dormem", por assim dizer.
Um instrumento Stradivarius representa o auge da engenharia de som, e ninguém foi capaz de reproduzir seus tons únicos.
Fausto Cacciatori |
Processo de Gravação
Três engenheiros de som estão produzindo o "Stradivarius Sound Bank", um banco de dados que armazena todos os sons possíveis dos instrumentos selecionados da coleção do museu. Os sons registrados no banco de dados poderão ser manipulados futuramente com um software, possibilitando que futuras gerações possam ouvir o som de um legítimo Stradivarius.
Para tal feito, procuraram por músicos que conhecessem profundamente esses instrumentos.
Estudaram a acústica do auditório, pois anos atrás se depararam com um grande problema, as ruas ao redor do museu. Por serem de paralelepípedos, o som do motor de um carro e até mesmo uma mulher andando de salto alto, produz vibrações que correm debaixo da terra e reverberam nos microfones.
Demoraram alguns anos para convencer o museu a deixar usar os instrumentos com 500 anos de história, mas, em 7 de janeiro de 2019, ruas da cidade foram isoladas, a ventilação do auditório do Museo del Violino e os elevadores foram desligados.
A fim de eliminar qualquer ruído, também desenroscaram todas as lâmpadas da sala de concertos.
O curador do museu, Fausto Cacciatori caminhou para o andar superior, vestiu um par de luvas de veludo e tirou da vitrine de vidro uma viola Stradivarius de 1615. Fez a inspeção, e acompanhado de um segurança desceu dois lances de escada até o auditório.
Entregou a viola para Win Janssen (músico holandês) que caminhou até o centro do palco. Na semi-escuridão e envolto por microfones ultrasensíveis, sentou-se numa cadeira com um fone de ouvido para receber instruções dos três engenheiros de som, que estavam trancados numa sala com isolamento acústico.
Foram registrados os sons de dois violinos, um violoncelo e uma viola.
Quatro músicos selecionados tocaram oito horas por dia, seis dias por semana, por mais de um mês. No auditório do museu, eles executaram centenas de milhares de notas, inúmeras transições individuais, escalas, arpejos, etc, tudo gravado por 32 microfones ultrasensíveis instalados e dispostos estrategicamente no ambiente.
Em outro ambiente, o engenheiro de som alemão Thomas Koritke instrui o violista selecionado para as gravações a tocar a viola. O músico tocou então a escala de Do maior, enquanto a equipe de gravação observava gráficos em suas telas respondendo ao som nítido do instrumento.
Para tal feito, procuraram por músicos que conhecessem profundamente esses instrumentos.
Estudaram a acústica do auditório, pois anos atrás se depararam com um grande problema, as ruas ao redor do museu. Por serem de paralelepípedos, o som do motor de um carro e até mesmo uma mulher andando de salto alto, produz vibrações que correm debaixo da terra e reverberam nos microfones.
Demoraram alguns anos para convencer o museu a deixar usar os instrumentos com 500 anos de história, mas, em 7 de janeiro de 2019, ruas da cidade foram isoladas, a ventilação do auditório do Museo del Violino e os elevadores foram desligados.
A fim de eliminar qualquer ruído, também desenroscaram todas as lâmpadas da sala de concertos.
O curador do museu, Fausto Cacciatori caminhou para o andar superior, vestiu um par de luvas de veludo e tirou da vitrine de vidro uma viola Stradivarius de 1615. Fez a inspeção, e acompanhado de um segurança desceu dois lances de escada até o auditório.
Entregou a viola para Win Janssen (músico holandês) que caminhou até o centro do palco. Na semi-escuridão e envolto por microfones ultrasensíveis, sentou-se numa cadeira com um fone de ouvido para receber instruções dos três engenheiros de som, que estavam trancados numa sala com isolamento acústico.
Foram registrados os sons de dois violinos, um violoncelo e uma viola.
Quatro músicos selecionados tocaram oito horas por dia, seis dias por semana, por mais de um mês. No auditório do museu, eles executaram centenas de milhares de notas, inúmeras transições individuais, escalas, arpejos, etc, tudo gravado por 32 microfones ultrasensíveis instalados e dispostos estrategicamente no ambiente.
Curiosidade
Em Cremona há um café chamado Chiave di Bacco, local onde trabalha a barista Florencia Rastelli.
Rastelli tem tanta experiência na profissão, que garante nunca ter derramado uma única xícara de café. Mas, enquanto limpava o balcão do Chiave di Bacco, derrubou um copo no chão, quebrando ruidosamente.
Recorda que naquele momento, todos os clientes pararam e ficaram petrificados.
Envergonhada, pensou: "de todos os dias, tinha que ser hoje?!
Até um policial apareceu pedindo para manter silêncio.
Chiave di Bacco |
Leonardo Tedeschi (ex DJ e um dos idealizadores do projeto) sorriu de satisfação.
De repente, a equipe congelou.
Koritke instrui o músico a parar por um momento.
O violista manteve sua posição.
Os engenheiros rebobinaram a gravação e tocaram novamente. Koritke identificou um problema, alto e claro. Seguidamente, perguntou: - Quem derrubou um copo no chão?
Fontes
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