Zé Carioca e Santa Rita do Passa Quatro

Zé Carioca era Paulista

   No tempo da "política da boa vizinhança", Walt Disney queria criar um tipo bem brasileiro, com a simpatia e a ginga do carioca. Inspirou-se em José do Patrocínio Oliveira (1904-1987), o Zezinho do Banjo, violonista do Bando da Lua, de Carmen Miranda.

   Paulista de Jundiaí, Zezinho era alegre e espirituoso como se tivesse nascido no Rio. De acordo com amigos, ele tinha muitos trejeitos. "Era todo rapidinho, não parava de se mexer nem de falar", conta o diretor de TV José Amâncio, que foi muito próximo do músico. "Não é que Zezinho tinha um jeito parecido com o do personagem. Ele simplesmente era o Zé Carioca!"

   Disney copiou o jeito de Zezinho, vestiu nosso papagaio com paletó amarelo, gravata-borboleta, chapéu Panamá e charuto. Nascia o Zé Carioca, Joe Carioca para americanos, que ganhou fama em 1943 com o desenho animado Alô Amigos. 

   Zé Carioca dança e mostra o país ao som de músicas tipicamente brasileiras como o choro Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu e o samba Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.

   O sucesso se repete em Você já Foi À Bahia?, onde o personagem aparece como cicerone do Pato Donald. No Brasil, Zé Carioca ganhou gibi em 1961.

De Santa Rita do Passa Quatro para o Mundo

   Em 1917, a orquestra de Zequinha de Abreu apresenta choro inédito, ainda sem nome. Os casais dançam tanto e pulam tão animados, que o compositor comenta: "Até parece tico-tico no farelo." Nascia a mais famosa de suas composições, Tico-Tico no Fubá.

   Recebeu letra de Eurico Barreiros em 1931 e correu mundo, depois de cantada por Carmen Miranda nos Estados Unidos e usada por Walt Disney em Alô Amigos. É uma das músicas brasileiras mais gravadas em todos os tempos.

   O paulista José Gomes de Abreu nasceu em 1880, em Santa Rita do Passa Quatro. Aprendeu gaita e piano, tentou carreira sacerdotal, mas decidiu-se pela música. Compunha fácil. Se estava entre amigos, lá vinha a inspiração: corria ao piano e, horas depois, mais uma composição. Mestre da valsa brasileira, deixou obras-primas como Branca, Aurora, Tardes em Lindóia.

   Morreu em São Paulo, em 22 de janeiro de 1935. Sua vida inspirou o filme Tico-Tico no Fubá, de 1952

O Melhor do Almanaque Brasil de Cultura Popular (edição especial do professor);
https://www.unitycianorte.com.br/ze-carioca-era-paulista;