Em 1895, Arrivée d'un train em gare à La Ciotat (Chegada de um trem à estação da Ciotat) dos irmãos Lumière, foi a primeira projeção de cinema da história. Nestes poucos segundos de imagens, já podemos perceber um acompanhamento de piano.
Do início do cinema até 1927, durante a época do cinema mudo, os filmes eram acompanhados por pequenas orquestras ou por um pianista ao vivo, tocando em sincronia com o que ocorria na tela. A movimentação de músicos para acompanhar os filmes foi tão grande, que a rede de cinemas Loew's, em Nova York, empregava seiscentos músicos de orquestra, duzentos organistas e tinha um repertório de cinquenta mil partituras próprias para cada cena!
Imagine você que a introdução do som no cinema foi mais revolucionária que a chegada da cor!
Mesmo com todo esse histórico relacional entre som e imagem, possivelmente no momento em que assistimos um filme não notamos a importante relação entre ambas artes. Para melhor sentirmos este significativo vínculo, sigamos as palavras da lenda do cinema, David Wark Griffith:
"Veja um filme em silêncio e depois o veja outra vez com os olhos e ouvidos. A música dá o clima para o que os seus olhos veem, guia suas emoções, é a moldura emocional para o que as imagens mostram".
A trilha sonora é a arte de expressar imagens e emoções em notas musicais. É todo o conjunto sonoro de um filme, desde a música até os efeitos especiais de áudio. A trilha sonora é constantemente usada em novelas, seriados, documentários, filmes, entre outras.
Com certeza, no cinema, imagens e sons estão intrinsecamente ligados, e diga-se de passagem que o cinema não teria o mesmo efeito com a ausência da música.
A trilha sonora produzida para o cinema, é o momento em que os compositores colocam além dos seus recursos técnicos, a sensibilidade a serviço da arte da imagem em movimento. O compositor de trilhas sonoras cria uma música especialmente para o filme.
Normalmente ele assiste ao filme pronto e posteriormente inicia a composição, transformando fatos e emoções em música. O compositor e o diretor do filme trabalham juntos da mesma maneira que o compositor e o libretista fazem na produção de uma ópera. Contudo, quem decide quais cenas serão musicadas é o diretor.
Também é comum na trilha sonora de um filme, usar músicas de outros compositores, e dos mais variados gêneros. Eis alguns exemplos:
Na trilha sonora do filme Fantasia, de Walt Disney, temos oportunidade de ouvir obras de grandes compositores. É interessante saber que nesse desenho animado, a imagem descreveu a música pela primeira vez.
No filme Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995), os compositores André Abujamra (1965) e Armando Souza utilizaram a Marcha Nupcial de Mendelssohn, sons de berimbau e Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu.
Alguns compositores
- Marco Antônio Guimarães (1948), compositor brasileiro e criador do grupo Uakti, compôs uma original trilha dos filmes Bicho de Sete Cabeças (2001) e Carandiru (2003).
- David Tygel (1949) é outro compositor brasileiro muito premiado. Fez a trilha sonora dos filmes Doida Demais (1989) e Dois Perdidos em uma Noite Suja (2002).
Entre os compositores internacionais, vale a pena você conhecer:
- John Williams (1932) - americano, é um dos mais famosos compositores de trilha sonora. É um grande parceiro do diretor de cinema Spielberg. As trilhas sonoras de Tubarão, Superman, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, E.T. o Extraterrestre, Harry Potter, Parque dos Dinossauros e Guerra dos Mundos fizeram tanto sucesso quanto os próprios filmes;
- Howard Shore (1946) - canadense, é autor das trilhas sonoras dos filmes O Senhor dos Anéis, O Silêncio dos Inocentes e Filadéfia.
- James Newton Howard (1951) - americano, é autor das trilhas sonoras dos filmes Uma Linda Mulher, O Sexto Sentido e King Kong.
- Tan Dun (1957) - chinês, é compositor de ópera e música clássica contemporânea e fez uma extraordinária trilha para o filme O Tigre e o Dragão.
A Música e Sua Relação com Outras Artes - Clarice Miranda e Liana Justus
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